Vocês hão de lembrar! Em 09 de abril de 2008 escrevi Belmonte rima com desmonte (pode ser lido aqui). A denúncia rendeu (até o momento) 29 comentários. No dia seguinte, pego de surpresa por uma notícia envolvendo o mesmo fato, escrevi Adega da Praça: vendida? (leia aqui). Alguns dias depois, publiquei Bel(monte) de merda (leiam aqui).
Hoje, para minha agradável surpresa (é sempre legal saber que o balcão do Buteco junta cada vez mais gente que pensa como eu!), recebi atencioso email de uma leitora, a Bárbara Oliveira, moradora de Laranjeiras e freqüentadora (ou ex-freqüentadora…) da Adega da Praça, na São Salvador, com uma desagradável (mas previsível, convenhamos) surpresa.
A Bárbara, gentilmente, autorizou a publicação, na íntegra, de seu email. Ei-lo:
“Oi, Edu! Você não me conhece nem eu te conheço pessoalmente, mas leio seu blog há muitos meses e me identifico muito com vc e sua maneira de pensar e agir.
Moro em Laranjeiras há mais de 16 anos e durante todo esse tempo venho frequentando, com incrível regularidade, a Casa Brasil, na Praça São Salvador – no mínimo, 2 vezes por semana, seja para uma refeição rápida e simples nos fins de semana, seja para um (uns) chopinhos com amigos, a qualquer hora. Conhecia todos os garçons, sempre simpaticíssimos e brincalhões, praticamente amigos meus e de meus amigos; conhecia os donos e com eles conversava sempre. O clima era o de um maravilhoso pé-sujo de bairro, daqueles nos quais os fregueses se conheciam e se cumprimentavam.
Agora, o bar foi vendido e, segundo soube, assumiram o lugar os sócios do Belmonte. As mudanças – para pior – são tão evidentes e foram tão rapidamente introduzidas que não resistí à tentação de te escrever contando.
São elas:
* Os preços aumentaram imediatamente.
* TODAS as refeições vinham acompanhadas, invariavelmente, de arroz, feijão e farofa. Isso acabou.
* 99% dos garçons antigos foram demitidos e substituídos por outros, que chocam pela total falta de simpatia/empatia com nós, fregueses antiquíssimos.
* A pizza, que era um espetáculo (nada dessas pizzas de hoje, fininhas, não; era aquela pizza de antigamente, para mim, a verdadeira, com massa grossinha e um queijo maravilhoso que, mesmo depois de gelado, permanecia macio), está horrorosa: trocaram o queijo e, agora, a pizza que eu tanto amava, não passa de um chiclete borbulhante.
* Novos “petiscos” foram introduzidos no cardápio, sim, mas todos com aquele “ar de Belmonte”, como as empadas – oferecidas insistentemente por um garçom que fica circulando pelo bar.
* Os banheiros – principal “ponto fraco” do antigo bar, esses não foram mexidos: para nós, mulheres, irmos ao nosso, temos que passar necessariamente pela frente do banheiro masculino, imprensadas entre a porta e barris de chope, e vemos, INVARIAVELMENTE, um homem fazendo xixi com a porta escancarada. A simples troca da ordem dos banheiros – o das mulheres primeiro – resolveria isso.
* No último sábado (26/4) fui lá almoçar com uma amiga e, depois de bebermos alguns (ok, muitos) chopes, decidimos que não tínhamos fome suficiente para pedirmos 2 pratos, e solicitamos ao garçom que nos trouxesse uma refeição completa de carne assada com nhoque, para dividirmos. Ele, de PÉSSIMA vontade, imediatamente alegou que “o prato era para apenas 1 pessoa”, que “nós não conseguiríamos dividí-lo”, enfim, para resumir: diante da nossa insistência, ele simplesmente disse que mandaria outro garçom para nos servir. E foi o que fez, após virar-nos as costas estupidamente. Ao chegar, o outro garçom explicou – ainda não sabíamos – que o prato não vinha mais com os acompanhamentos de antigamente (arroz, feijão e farofa), embora o preço tivesse sido reajustado em cerca de R$ 3. Pagamos a conta e fomos embora beber em outro local, onde dividimos um magnífico – e enorme – filé com fritas e tomamos mais alguns chopes.
Infelizmente para nós, a Casa Brasil já era. E os sócios do Belmonte(de merda) mais uma vez põe suas manguinhas de fora e nos impõem um padrão de “bar” que não condiz com nossa maneira de ver a vida, não atende às nossas necessidades, não nos alegra os começos de noite, não nos consola nos momentos de tristeza nem compartilha das nossas alegrias.
Bjs,
Bárbara Oliveira”
Até.