Quem sou eu

Prefiro deixar meu orixá vivo, Aldir Blanc, com a palavra:

O Livro e o Dissidente

É sempre difícil apresentar o livro de um amigo-irmão.

Os detratores partirão para a fácil lenga-lenga acusatória de excesso de babilaques e lantejoulas. Bom, quebrarão a cara e roerão as unhas de ódio. O presente livro, “Meu Lar é o Botequim”, de Eduardo Goldenberg, fala por si mesmo.

Taqui nesta mesma mesa o Fausto Wolff que não me deixa mentir.

Eduardo Goldenberg é carioca dos ovos, carioca da bunda, da Zona Norte, de blocos e bares, de becos e esquinas, carioca dos países baixos e mostra sua vocação pra disputar, aguerridamente, causas perdidas, sua ojeriza aos mamalufs soltos, aos garotodutos propinados, às Rosas de Maia que destroem o Rio de Janeiro, à lama que envolve as bases de sustentação política do país. No grito contra a escrotidão dos investigados e investigadores das CPIdiotas, daqueles que mantêm a velha ordem dos faraós embalsamados, Edu nasceu dissidente até de si mesmo. Não perdoa hipocrisia e atitudes politicamente corretas, estejam camufladas no futebol, no feminismo, nas estruturas neoverdes ambientoscas, na enxurrada de páginas estruturo-linguarudas de suplementos culturais que tomaram o freio das vã-guardas nos dentes podres.

É triste constatar que não há espaço na imprensa escrita para as broncas de Nei Lopes, Chico Paula Freitas, Ilmar Carvalho, Eduardo Goldenberg…

Mas, felizmente, aqui está o livro, última cidadela da civilização: papo em torno do limão da casa, do caldinho de feijão, dos torresmos e moelas, das porções de queijo ou de salaminho; saudade dos amigos de outras épocas, e copo; muito suor e gelo; mulheres e, eventualmente, porrada.

Por tudo isso, com todo meu afeto, um poema pro Edu.

Pós-Intróito

Estamos passagem de aqui

onde a eternidade é aragem…

Daí, essas garrafas

no fundo das mensagens.

Aldir Blanc

21 Respostas para “Quem sou eu

  1. Dave

    Meu caro Edu: faz alguns anos que descobri o seu Buteco e devo dizer que sigo sempre com paixão as suas crônicas, essa última que li (do barbeiro) gostei bastante, o passado realmente é uma coisa que nos deixa curiosos. Sou italiano mas moro no Brasil há uns 20 anos, precisamente em Macapá e sou casado há 16 anos, minha esposa é nordestina (de Teresina) mas causa do trabalho migrou praí e eu fui atrás. Amo muito o seu País que agora considero um pouco meu. No entanto já tenho dois filhos brasileiros porque nasceram e moram aí, e tenho muito orgulho disso. Nesse momento me encontro na Itália por causa do trabalho e visitando a minha mãe. Já estou aqui há alguns meses e estou morrendo de saudade do Brasil e da minha família, mais um pouco e já estou voltando. Aqui a situação politica do meu país é trágico-cômica, não se consegue se livrar desse palhaço do Berlusconi e da sua turma. Bom, sempre tentei achar a coragem de lhe escrever, hoje a encontrei, tenho muitas paixões em comum com você, culinária, samba, futebol, seria ótimo um dia lhe conhecer pessoalmente. Aquele abraço.

  2. Maria.

    Edu, estava a procura de um artigo do Aldir, publicado no Globo alguns meses atrás, quando me deparei com o seu blog. Achei muito interessante, mas de repente esse seu depoimento hoje (10/7), me deixou arrepiada… Lutar contra o câncer é ter que enfrentar um exército sozinho. O sofrimento dela cessou, graças a Deus. Tenha força e continue caminhando com muita fé, que ela vai estar sempre perto e deve se orgulhar de você. Força! Maria.

  3. Adolfo Barbosa

    Meu camarada… não nos conhecemos. Que pena. Fuçando na memória não me lembrava da imagem da Dani Pureza, até porque a conhecia apenas como Dani, irmã e filha do Wlader, irmã do Marcelinho, pessoas que estão muito distantes no tempo, mas nunca do coração. Há uns 3 anos encontrei seu sogro em Cabo Frio, depois de inúmeros anos sem encontrar com nenhum dos Pureza. Tivemos, durante minha infância e início de adolescência, muitos encontros familiares. Nossos pais eram muito próximos. Eram encontros onde brincávamos muito e a diversão não tinha fim. Não sei por qual motivo nossos pais se afastaram. Sei que não foi por desavença e creio que foi pela morte de um dos amigos que era o elo de ligação entre eles. De minha adolescência pra cá acho que encontrei Dani 1 ou 2 vezes. Sempre com aquela cara linda e o astral inigualável, que aliás é marca registrada da família. Morando no Rio tomei algumas deliciosas cervejas com Marcelinho, onde me divertia muito com sua risada marcante e seu papo descompromissado. O Wlader (filho) não vejo há uns 20 anos pelo menos. Você é um cara de sorte, amigo. E sei que sabe disso. Fique com meu abraço e meu sentimento que não quer ser de tristeza, mas está sendo inevitável. Adolfo Barbosa – adolfoflu@yahoo.com.br

  4. marcelo

    Carissimo Edu: infelizmente não te conheço mas suas receitas e o inseparável Red Label… Dia desses, chovendo, frio e sem inspiração, achei o Buteco do Edu. Filé à parmegiana. Sem dúvidas: delicioso. Um pouco mais de Red do que a receita recomendava, mas mesmo assim delicioso!!!

    Marcelo

  5. Eduardo Serrano

    Edu, eu conheci, em Portugal, a Sra. Maria Isilda Santos, que dizia que é prima do Aldir Blanc. Essa senhora gostaria de reencontrá-lo, pois não se falam há muitos anos. Eu vi que você tem contato com ele. Você teria como nos colocar em contato? A propósito, comecei a explorar teu blog e estou achando incrível. Parabéns!!

    Um abraço,

    Eduardo Serrano

  6. Cris Carmo

    Você sempre esquece de falar do Estephanio´s…

  7. Antonio Carlos Schiefler Mathias

    ACMathias, manezinho da Ilha de Floripa, chegando ao RJ em 09/67, via Marinha do Brasil. Carioca por amor. HJ empresário em Itajaí-SC. Dois filhos morando no Rio… Li seu artigo sobre o precoce falecimento da Dani. Você é o redator. Copacabana às vezes chora…

  8. Yvy

    Deve ser difícil ser você… facilidade absurda em palavras, textos relatando o cotidiano vivido, em suas confissões descobrimos sua fé nos encantados e tentando unir os misticismos me permita dizer que na numerologia você é comunicação e nos astros – taurino – movido paixão… É, deve ser difícil ser você…

  9. Suzane Santos

    Olá Edu, hoje conheci seu Buteco! Nossa! Vi tanta coisa em comum que me emocionei! Meu marido já postou, copiou receitas, leu e releu seus textos. Edu, venci alguns tumores graves, sou filha de Ogum, graças a Deus! Me emocionei com sua postagem e te enviei convite ao meu Facebook! Amo meu nego que também foi super companheiro quando quase parti por duas vezes… Mas quero dizer coisas boas embora estes fatos tenham fortalecido nossa união! Vamos nos casar em janeiro após 18 anos juntos! Moramos no DF (Jorge é sergipano, tricolor de coração). Desculpe a intimidade, mas é muito bom compartilhar com pessoas especiais e hoje isso é coisa rara! Se você aceitar terá mais dois companheiros, de fé, de copo e de vida… Tudo a seu tempo.

  10. Marcos Valle

    Grande Edu, não te conheço também (quase todos começam assim, não?), mas sou tijucano de berço e tenho muitos pontos em comum com os relatos do teu blog, do tipo bar do Chico, Petit Paullete (meu chapa), rua do Matoso (me amarro), a culinária (me garanto bem nas carrapetas do fogão), enfim, já te acompanho há algum tempo (é certo que tava um tempo sem visitar) e me divirto com os relatos, fotos e causos… de repente a gente se esbarra por aí, pelas corruptelas da nossa amada Tijuca… Forte abraço.

  11. Oi, Edu. Achei teu blog quando buscava uma receita de risotto de camarão. A primeira vez que o fiz, para os meus pais, em Pelotas-RS, foi um sucesso. Hoje o repeti aqui na Colômbia e, novamente, foi um êxito total. Estão até achando que sou boa cozinheira! Por isso, obrigada. E, bueno. O risotto me levou a teus outros textos e hoje te leio regularmente. Abraços.

  12. José Tarcísio de Sales

    Edu, uma vez zapeando no PC descobrir um site de um buteco do Rio que vendia umas camisetas com umas charges, gostaria de encontrar esse site novamente, mas não estou conseguindo. Você pode ajudar?

    Atenciosamente
    Tarcísio, Campina Grande/PB, 12/05/2012.

  13. Maria

    Li algumas coisas do seu blog e é impossível não parar e pensar diante dos seus escritos. A começar pensei tratar-se simplesmente de literatura de tão complexo. Tenho pouco em comum com você, não tenho amigos ou amigas de bar, não tenho muita experiência e versão descritiva, não fumo, só fui uma vez na sapucai, não frequento religião e apesar de ter os mais fortes santos, anjos de guarda, protetores e pais, tive o privilégio de conhecer a expressão do amor, dos sonhos, e felicidade e viver o que de melhor a vida oferece, em suma eu não conseguiria nem me imaginar, nem em pesadelo nesta situção, e quando chegou a hora de viver a minha dor não fui poupada, desculpe dizer assim, talvez não menos poupada que você e estou superando, mesmo com toda a revolta de achar que não merecia, que trocaria os lugares, comecei a questionar porque existem pessoas que se suportam e são mantidas juntas enquanto eu estou passando pela experiência de ver meus planos e projetos desfeitos e de temporariamente separar-se fisicamente e já há 4 anos, de quem a cada minuto junto uma festa, um reencontro, um reconhecimento, um encontro e para sempre será ele meu e eu dele e apenas por ele tento dar a volta por cima. Sempre foi uma afronta, mais que um consolo, quando nesses três primeiros anos alguém ousou dizer que esta dor passaria, diante de tão imensa. Não tive o tempo para me despedir e naõ o faria se tivesse. De uma dia para o outro me vi lutando para não me perder de mim mesma, por que tudo perdeu a graça, importância e o sentido. Ainda não ouso dizer a palavra era, foi, me soa como uma traição, e nunca me preocupei em tentar conter minhas lágrimas de todos os dias porque eu pensava que as crianças fazem assim e não morrem por isso. Mas sei quando algumas vezes isto pode me fazer mal e de tanto conhecer esta dor consigo desviá-la já. Não sei se isto acontece com você, mas recebo mensagens muito precisas e me faz bem quando as boas lembranças recebo de presente e em datas e lugares precisos. Ao contrário de você, não consigo voltar aos lugares mais marcantes, já as rotinas me remotam de maneira positiva. Não tem como transpor o tempo da dor mas tem como aceitar forças positivas que nos são enviadas por quem passa ou passou por algo parecido. As fases são vencidas 1 por 1, dia por dia, degrau por degrau, sem impor o tempo dos outros e os seus modelos. Não existe substituição, não é o que se busca jamais. Novos modelos de vida nos são apresentados, como pequenas coisas de outras esferas da vida, um coisa simples pode tomar um valor importante. A certo ponto vejo as pessoas buscando coisas que para mim não representam muito. É como se alguma sublimação se recebe durante a luta.

  14. Alexandre

    Ola Edu. Voce pode me informar onde fica o Bar Londres da placa de Grapette, pois gostaria de visitar o local. Qual e a esquina da Sao Francisco Xavier. Obrigado. Um abraco.

  15. Ludmila

    Oi Edu! Outro dia estava pensando nas músicas da Elis e me lembrei de você. Fomos colegas de faculdade e foi com você que aprendi as riquezas da música brasileira, especialmente Elis Regina.
    Bem, passei aqui apenas para dar um olá!
    Fico feliz em reencontra-lo! Beijos!
    Ludmila

  16. Danilo R. Leite

    Maravilha pra caralho. Parabéns pela vida e pelas vidas. O Rio agradece, em nome do Brasil. E vê se não desiste da série de vídeos dos butecos da tijuca, da pqp. A valsa do Maracanã à beira do lixo foi indefenestrável (hahaha). Forte abraço, jovem.

  17. Nossa descobri por acaso esse blog do Boteco do Edu! Muitas boas estórias, literatura, poesia, registros de amizade verdadeira entre bebidas, brindes e saborosas comidas… Sou de Vila Isabel, frequentadora do Feitiço da Vila e qq dia apareço por aí no Boteco do Edu pra conhecer tudo isso in loco. Um abraço e parabéns pela iniciativa de registrar eternamente esses bons momentos vividos pelos amigos do Boteco do Edu!

  18. Leonardo de Carvalho Augusto

    Oi meu caro Edu! Estou passando pra te pedir uma dose, mas minha cara inchada e os olhos ardidos não valem nem cinquenta centavos do conhaque mais vagabundo! Quero registrar que sou mais um rubro-negro a chorar por um bacalhau, hoje. Confesso que já havia feito antes, quando meu Tio Beto descansou as havaianas. Me lembro daquele bloco que saiu ali no antigo Stephaniu’s em homenagem ao Aldir, sem falar eu todas as vezes em que esperei que o barbudo desse as caras, na concentração no “Nem Muda…”. Tudo parecia ontem. A notícia de que Aldir Blanc é agora eterno nos impõe um dever de memória e você já começou a tarefa muito bem, parabéns! Cheguei até o bar depois de assistir um vídeo muito bacana, do Rodrigo Vianna.
    Aldir está presente e será uma memória viva tijucano e vilisabetano! Hoje o tempo quis a réplica dele, mas quem não vai mais se esquecer somos nós!

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