A cidade do Rio de Janeiro viveu, na noite de ontem, um momento mágico e por uma razão muito simples: Aldir Blanc esteve na rua. Mais precisamente no bairro do Leblon, na livraria Argumento, para prestigiar o lançamento do livro Aldir Blanc – Resposta ao tempo, do jornalista Luiz Fernando Vianna. Não é meu papel, tampouco minha intenção, fazer o registro jornalístico da noite (feito aqui, pelo Sidney Rezende). Quero mesmo é lhes contar a história de um reencontro que eu, não escondo meu orgulho por isso!, arquitetei. Antes, porém, vamos ao ano de 2009.
Passamos a madrugada de 04 para 05 de agosto de 2009, eu e Leo Boechat, no bunker do Blanc, na Tijuca (leiam aqui sobre a inacreditável noite).
Aldir e Leo não mais se encontraram desde aquele agosto de 2009…
Deu-se que passou o tempo e poucas semanas depois da morte da Dani, em julho de 2011, acordei destruído determinado dia, ainda esfacelado por conta de tudo aquilo. Como “cada um tem a própria receita pra combater a desgraça”, um dos versos blanquianos que repito como mantra, ancorei no Bar Britânia, na Tijuca, pela manhã, a fim de combater, à base de ostras e cerveja, a dor que me consumia. Leo Boechat ligou-me, sacou o clima (coisa de craque) e disse:
– Tô indo praí.
Em menos de uma hora bebíamos juntos. Leo, profundamente alérgico a frutos do mar (e eu acho que foi pra me agradar, sei lá!) disse à certa altura que comeria “só a pontinha de uma ostra”. Assim foi feito e em segundos meu compadre estava vermelho (tendendo ao roxo), dramaticamente pondo as mãos no pescoço e tossindo. Liguei, imediatamente, pro meu Orixá vivo:
– Aldir? Tu lembra do Leo, aquele meu amigo que esteve aí no dia da entrevista do João?! – ele, do outro lado da linha, lembrou-se no ato.
Segui:
– Tava bebendo comigo, é alérgico a frutos do mar, comeu uma ostra e está tod… – fui interrompido.
– Leva o cara pro hospital agora! Agora! Ele vai morrer! Vai morrer!
Enquanto isso, Leo atravessava a rua de volta trazendo uma caixa de Polaramine, ainda vermelho e já tendendo ao cor-de-rosa. Explodiu meu celular, era o Aldir:
– E aí? E aí?
Contei tudo, atualizei o boletim, passei o telefone pro Leo (dia desses conto como também já tive consultas profícuas com o Aldir por telefone), desligamos, continuamos a beber, a tarde começou a cair como um viaduto e o telefone tocou de novo. Aldir, audivelmente emocionado:
– Edu…
– Oi.
– Eu sabia, eu sabia…
Fiquei em silêncio esperando…
– O Leo é o meu compadre Anescar do samba com o João… Escrevi sobre ele muito antes de conhecê-lo!
Explodi de rir e fiz o Leo explodir comigo diante da genial sacada do genial bardo.
Ontem, pouco antes de sairmos da livraria, minha Morena – que ganhou um abraço-benção do Aldir que quase me derrubou… – disse:
– Uma foto, uma foto de vocês três!
Fez a foto.
E o Aldir, que já havia dedicado o livro do Leo para o Anescar, postou-se entre nós, abraçou-nos e disse: vamos cantar o samba que eu fiz pra ele.
Taí o registro.
Volto a falar sobre a noite de ontem. Por tudo, profundamente emocionante para mim.
Até.