Benjamin, meu Elegbarinha, meu afilhado-de-rua, meu saci-louro, meu anjo-torto, dono das esquinas que dobro em busca das alegrias que dão graça à vida… deixe-me lhe dizer meia-dúzia de palavras nesse penúltimo dia do ano de 2014 para, através delas, falar com todo mundo que me lê, meus poucos mas fiéis leitores que desde março de 2004 – há mais de 10 anos portanto! – acompanham por aqui minhas confissões, meus desvarios, minhas dores e meus passos no decorrer dos dias…
No Natal de 2011, moleque, como contei aqui, seus pais – Candinha e Simas, irmãos a quem amo com a devoção de um fiel fanático – me deram você de presente quando me disseram que você seria meu afilhado-de-rua. No texto a que me refiro, Benjamin, escrevi que você “há de ser, como são seus pais, um brasileiro máximo. E cresceremos muito, e cresceremos juntos, e seremos, também, irmãos de fé.”.
Um pouco mais adiante, garoto, depois de um dia inteiro juntos – eu, você, seus pais e minha Morena – seu pai me disse de cotovelo ancorado num balcão:
– A Flávia é a madrinha-de-rua do Benjamin, pode dizer isso a ela!
Ela, Benjamin, que você – filho de Exu! – transformou em duas nas suas fantasias: ora é Flávia, ora é Morena, ah, as tuas sabedorias de pedra miúda.
E nós, Exufemy, eu e a Morena, amamos você de um jeito que só com o tempo você vai entender…
Você, saci-louro, que é filho de Exu, o camarada que me sopra nos ouvidos, apesar de eu ser filho de Ogum, como seu pai. Foi Iya Sandra, hoje no Orum, quem me cantou essa pedra há pouco confirmada por seu próprio pai, que com as mãos que te protegem tirou meu odu de vida e confirmou: seu pai gosta demais de mim! Laroiê!
Pois hoje, Benjamin, te vi vestido de Vasco da Gama – uniforme que te foi dado por meu pai – e levei um susto, um arranco, um arremesso violento em direção ao passado… Isso porque em junho de 2011, seis meses antes de eu ganhar você, eu vesti a camisa do Vasco da Gama pela primeira vez, e por amor, como contei aqui. Porque meu pai, moleque, não conseguiu fazer de mim um vascaíno, como também já contei aqui, e talvez você esteja sendo a ponte capaz de reconstruir um afeto que não se concretizou quando nasci, em 69, já que tomei outro rumo (sempre preferi o vermelho e preto, o vermelho e o preto de teu pai!).
Eu, incorrigível, há mais de 10 anos – 10 anos! -, tentando, vá lá, pavimentar de mais-afeto essas tantas pontes que vamos encontrando pelo caminho, escrevi um poema de amor pra um sujeito que hoje me renega (coisas da vida, meu nêgo…), aqui. Azar o dele, Benjamin! Há – hás de saber disso n´alguma altura – quem prefira a dor e a purgação ao gozo e ao prazer.
Ergo, daqui de casa, chorando de esguichar, um copo cheio de uísque e de gelo na tua intenção, meu menino!
E escrevo, pra que fique registrado, o que escrevi outrora pra outro destinatário: por você, Benjamin D´Angelo, por você, Exufemy, sou vascaíno!
E que em 2015, Benjamin, ano que se aproxima, possamos – eu, a Morena, o Pepperoni, o Toquinho, Candinha e Luiz Antonio Simas – brindar muitas vezes à vida e aos rodopios da vida (e aos redemoinhos da vida!) de mãos dadas e com a peneira sempre por perto!
Até.