Recebi, comovidíssimo, agora pela manhã, um e-mail muito bacana (e forte, como tudo o que vem da remetente!) que me foi enviado pela minha comadre, mãe da minha sereia,
Railídia Carvalho. O publico na íntegra, abaixo, para logo depois tecer brevíssimo comentário que me parece ter tudo a ver com o que diz essa paraense porreta, brasileira até o mais recôndito de sua alma cortada pelos rios que são cenário de sua infância:
“Amigos, minha mãe conta que meu avô, João Valente, aprendeu a ler sozinho e que mesmo morando no Baixo Amazonas, distante dos grandes centros, sempre estava informado sobre política. Lia os jornais atrasados que eram trazidos de Belém por algum morador após difícil viagem atravessando o Amazonas.
Tinha o gosto pela política, meu avô. Mamãe herdou. Foi vereadora em Altamira, numa época em que a Transamazônica virou desilusão pra muita gente esperançosa por vida melhor. Sou de Almeirim mas também sou filha daquela estrada que se podia ver da lua, diziam. E também ganhei do meu avô, além do gosto pela música, o gosto pela política, pelo debate que avança e transforma. Não abro mão deste direito.
Acredito nesta trincheira de luta. Não tenho medo de ser associada a isto ou aquilo porque estou exercendo meu legítimo direito de opinar, de defender minhas idéias, construir, reformular. Tenho orgulho de fazer parte do Partido Comunista do Brasil, como muitos sabem. E aos que não sabem “meu coração é vermelho”, sim, como cantou a Fafá de Belém, minha conterrânea.
Por isso me entristece ver hoje em dia como se torce o nariz quando se fala em política. Amigos, é um dever nos posicionarmos. Temos eleições no Brasil pra presidente, deputados, senadores, governadores. Um pacote de representantes que influenciará o nosso dia a dia por quatro anos.
Passaremos um recibo para que outros decidam sobre as ações que impactarão na nossa vida? O que tememos? Associar a nossa imagem de cidadãos idôneos com um jogo rasteiro, corrupto, oportunista. É, amigos, a política tem isso também porque é feita pelo bem e pelo mal. Mas isso é muito pouco pra alienarmos o nosso direito de decidir.
É redentora a política quando é para o bem-estar coletivo. Assim como desencanta quando interesses individuais e a luta pelo poder a qualquer preço prevalecem. Nessa hora é que temos que entrar em campo, munidos das nossas utopias e persistência, para reforçar o time dos que querem ser co-responsáveis pelo Brasil, São Paulo, Pará, Belém, Almeirim…
Não sei se meu avô defendia essas idéias. Mas ele gostava de dar um palpite, se envolver. Talvez precisemos recuperar essa capacidade de nos sensibilizarmos com a política e reconhecer que é um espaço que precisa ser ocupado e não olhado de esguelha, como um covil de ladrões. Ainda que lá alguns marquem residência. Pena que tenhamos tudo a mão. Talvez um pouco de dificuldade, como ler números atrasados de jornais, fizesse alguma diferença.”
Coutou-me mais, pela manhã, a Rai:
“Escrevi o texto na madrugada e hoje, conversando com mamãe no café, puxei o assunto. Ah, pra quê? Mamãe contou que, no Mazagão, eles não tinham rádio em casa. Ela era pequena e ouvia pelo rádio do vizinho que era inimigo político do meu avô, baratista roxo. Quando vovô João chegava ela tinha anotado tudo o que ouvia no rádio sobre o Magalhães Barata. A mesma coisa era no mercado. Ela anotava pra o meu avô quem falava bem e quem falava mal do Barata.”
Quando recebi isso, hoje pela manhã, lembrei-me de um e-mail que recebi ontem, também pela manhã. A remetente? Vou poupá-la do escárnio, mas trata-se de uma conhecida minha, residente em São Paulo, que enviou o texto que reproduzo abaixo. Fosse apenas isso, me daria pena, apenas. Mas tive um certo medo, pois o lixo vinha com um intróito assinado por ela:
“Eu não sabia. Você sabe?”
Formada, funcionária pública, teve o desplanta de fazer a pergunta que transformou meu risível sentimento de piedade em medo (e não falo do medo-regina-duarte, mas do medo que causa verificar o quão nada informadas são as pessoas a nossa volta). Eis o lixo:
“No caso da Dilma Roussef ser eleita Presidente do Brasil, quem será a pessoa que irá aos Estados Unidos para a fala habitual na Assembléia Geral da ONU, ou para discutir com o presidente americano sobre questões de comércio, por exemplo?
A Presidente não irá, com 100% de certeza.
Então, repito a pergunta: quem irá aos Estados Unidos no lugar dela?
Bem, você deve estar intrigado com esta pergunta meio sem sentido, não é?
Aqui vai a explicação.
Dilma Roussef foi condenada nos Estados Unidos pelo seqüestro do embaixador norte-americano, na década de 60 (Charles Elbrick) juntamente com outras pessoas (por exemplo, Fernando Gabeira).
A pena é bem grande e não há como pensar em liberdade condicional. Lá o crime não prescreve!
A questão secundária é que isto vale para outros 11 países.
Muitos governantes de países periféricos já foram apanhados nesta armadilha e a maioria perdeu o cargo que ocupava, para satisfação da oposição local.
Nós temos uma solução ideal para resolver esta questão: não elegê-la presidente.
Desta maneira ela poderá escolher lugares muito confortáveis para viver o resto da vida como, por exemplo, Havana, em Cuba, ou La Paz na Bolívia, o que resolverá vários problemas: os dela e os nossos.
Portanto, pare de imaginar que é implicância minha quando coloco na internet a folha corrida policial desta senhora, cheia de crimes. Esqueça estes documentos e (se for o seu caso) continue com a sua fé inabalável nas qualidades desta mulher, legítima porta-voz da equipe do Lula da Selva.
Mas se eu fosse você, começava a me preocupar com esta possibilidade. Já pensou se ela resolve fazer uma visitinha àquele cara simpático e ultrademocrático da Venezuela, o Hugo Chávez e, de repente, uma tempestade no Caribe obriga o avião a descer em Miami que fica ali perto? Imagine a encrenca monumental que nem o presidente americano vai poder desfazer!
Bem, talvez você seja um sábio e tenha uma boa idéia para resolver a situação. Por isto volto a perguntar:
Quem vai representar o Brasil nas viagens internacionais aos Estados Unidos e aos 11 países onde ela pode ser presa no próprio aeroporto onde desembarcar?
TENHO CERTEZA ABSOLUTA QUE ESTA, VOCÊ DESCONHECIA!”
Que tal?
Até.