Arquivo do mês: dezembro 2009

ATÉ 2010

A vocês todos, meus poucos mas fiéis leitores, a vocês todos que chegam aqui, por acaso ou não, meu mais sincero desejo de um grande ano de 2010. O Buteco baixa as portas de aço do estabelecimento hoje para erguê-las novamente apenas – ao menos é essa a minha pretensão! – no dia 04 de janeiro de 2010. Por aqui passaram, de janeiro a dezembro, mais de 120.000 visitas, o que muito me surpreende. O Buteco, um blog polemista, como bem disse, dia desses, o bardo tijucano Aldir Blanc, despertou, entre essas mais de 120.000 visitas (os e-mails que recebo e os comentários postados dão bem conta disso), os mais variados sentimentos. Juntando todos eles, misturando todos eles no liqüidificador imaginário que fica sobre o balcão virtual, espero que o resultado seja o melhor possível. Muita saúde pra todos, que os deuses a todos protejam, e que a noite do dia 31 seja prenúncio de um ano muitíssimo bem sucedido para todos nós. Até janeiro!

Até.

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OS GONDOLEIROS DO RIO MARACANÃ

Eis a íntegra de mais uma crônica de minha autoria, publicada no dia de hoje, no JORNAL DO BRASIL, para a série CENAS TIJUCANAS, com a ilustração colorida, traço do craque Paulo Stocker, que saiu publicada em preto-e-branco na edição do jornal.

ilustração de Paulo Stocker

O tijucano é, antes de tudo, tijucano – e explico. O tijucano vê, na Tijuca, beleza e poesia em cada esquina, em cada um de seus morros e favelas, em cada praça, em cada buraco no asfalto, a cada enchente, e tem um tremendo (e quase bobo) orgulho do papo (batido) que reza que somente ele, morador do bairro, é identificado por um nome umbilicalmente ligado à terra em que nasceu: tijucano! Falei em enchente e quero lhes contar um troço, rápido: semana retrasada, durante um temporal diluviano de proporções bíblicas, enquanto moradores de todos os cantos da cidade se desesperavam diante dos transtornos, estrilou meu celular. Era Luiz Antonio Simas, ilustre morador do bairro, professor maiúsculo de História do Brasil, comemorando com a voz embargada:

– O rio Maracanã transbordou, Edu, o Trapicheiros também! Tá mais bonito que Veneza!

Mantive-me em silêncio (como faço quase sempre diante do bardo para sorver seus ensinamentos) e ele prosseguiu:

– Tu já pensou se a prefeitura estimulasse a proliferação de gondoleiros? Que beleza! Que beleza!

Vão tomando nota do que é capaz o amor do tijucano por sua terra!

Vai daí que aproxima-se o réveillon e a cidade inteira começa a planejar a festa em Copacabana. Diga-se, a título de ilustração, que a festa era muito mais bacana quando comandada pelo povo de santo que infestava a areia de velas, oferendas, barcos pra Iemanjá, atabaques batuqueiros, esses troços. Depois que o poder público meteu a pata na areia a festa perdeu muito, mas ainda assim Copacabana é alvo do desejo de gente de todos os cantos da cidade, do estado, eu diria sem medo do erro que até do país inteiro. Gente que disputa no tapa o ingresso do metrô, que vaga pelas ruas de Copacabana à espera de um táxi e de um ônibus, que dorme nos bancos do calçadão, tudo por conta do réveillon à beira-mar. Menos – faço a ressalva que me serve de mote – para o tijucano.

E não está sendo diferente neste 2009 que se aproxima do fim.

No Bar do Marreco, comovente espelunca na esquina de Haddock Lobo com Caruso (a rua com o maior número de residências no estilo art déco por metro quadrado do Brasil, fato ignorado por quem só tem olhos, tampados por antolhos, para a zona sul da cidade), os preparativos para a virada do ano andam a mil. E desde o começo do segundo semestre.

Seu Brasil, uma espécie de síndico da área, líder comunitário aclamado por unanimidade pela assistência que freqüenta o nobilitativo botequim, organizador de churrascos capazes de fazer tremer o mais tradicional churrasqueiro gaúcho, vendedor de rifa, jogador empedernido, fumante irresignado com a perseguição que sofrem os fumantes – ou seja, um tremendo boa-praça – vem prometendo uma festa para entrar para a história.

A adesão – penso ser desnecessário lhes dizer – é assombrosa. Famílias inteiras, lideradas pelo seu Brasil, é evidente, fazem planos para a festança que – como em anos anteriores – promete ser arrasadora, capaz de fazer a Madonna repensar o local de seu show em dezembro de 2010, prometido pelo alcaide nas areias de Copacabana.

Uma mãe de santo que tem um terreiro na rua do Matoso – exagerando, quero crer – tem dito pra quem quiser ouvir, durante a distribuição de seus santinhos que garantem a volta da pessoa amada em três dias, que até Iemanjá vai dar seu jeito de estar no furdunço, desviada do mar por canais que só ela sabe, pintando na área depois de emergir das águas do Trapicheiros, na altura da Martins Pena.

Seu Brasil, que já desempenha o papel de Papai Noel na festa de Natal do Bar do Marreco há anos, já comprou os fogos (quinze minutos de show pirotécnico) e garante que conseguirá descontos consideráveis para quem quiser passar a primeira noite do ano no fabuloso Hotel Bariloche, com preços mais em conta que os cobrados pelo Copacabana Palace. Já foram providenciados os uniformes do Danilo e do Geraldo, que serão os garçons responsáveis por servir a ceia preparada por cozinheiras de mão cheia da região. Os produtos, de fina procedência, já foram devidamente encomendados ao seu José, da centenária Quitanda Abronhense, a poucos metros dali.

E vem até gente do exterior, garantiu-me o bom seu Brasil.

– É mesmo, seu Brasil?

– Ô! – disse-me ele.

E contou uma história hilária, confirmada por toda a patuléia que dia desses disputava, cotovelo a cotovelo, o embaçado balcão do bar.

Há coisa de umas semanas pintou na área uma balofa, louríssima, que sentou-se numa das banquetas diante dos torresmos espremidos entre as moelas do balcão. Nunca vista no pedaço. Pediu uma Brahma. Serviu-se no copo americano, deu um senhor gole e, depois de formado o bigode pela espessa espuma, suspirou, soltando a exclamação num carregado sotaque germânico:

– Oh! Que saudade da Munique!

Seu Brasil, que roía uma sardinha frita na hora, deu um pesadíssimo tapa no balcão que fez estremecer a esquina:

– Eu também, garota! Eu também! – e encheu os olhos d´água.

A gorducha, que parecia emocionada, disse:

– O senhor conhecer Munique?

– Ô… – respondeu seu Brasil, revirando os olhos à Dorival Caymmi.

– Jurrrrra?

– Quem não conhece a Munique Evans!? Ô!

A loura, que não entendeu nada, continuou:

– Meu família ser toda de lá… Vem prrrra Brrrrrasil prrrrro festa do réveillon, prrrrra Copacabana…

Foi quando seu Brasil pescou a gafe.

Papo pra lá, papo pra cá, o churrasco já sendo servido, a balofa completamente integrada ligou pros pais dali mesmo, do celular. Gastou o alemão e desligou, depois de uns dez minutos, dirigindo-se ao seu Brasil, que fazia efusiva propaganda da virada de ano naquela sacrossanta esquina:

– Meus pais vão passar o réveillon aqui no Tijuca. Vou fazer o reserva no Barrrrriloche agorrrrra mesmo!

– Ô, menina, que boa notícia! – seu Brasil, já aos prantos.

O velho Seu Brasil mandou a assistência fazer silêncio e pediu:

– Vamos homenagear a alemã aqui, pô! Ô, ô, Marreco! Manda preparar um salsichão com chucrute pra ela! Já!

Puxou inexplicavelmente o coro de Hava Naguila (que cantou sozinho), suspendeu, com a ajuda de mais cinco ou seis, a alemã na banqueta como se faz nas festas de casamento judaico – o judeu, dono da loja de móveis em frente ao bar quase teve um enfarte de tão comovido – e a noite encerrou-se em festa aos gritos de shalom!

Tijuca, em estado bruto!

Até.

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>CENAS TIJUCANAS

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No JB de hoje…

crônica publicada no JB de 26 de dezembro de 2009

Até.

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>ARROZ DE FESTA NO JANTAR NAS ALTURAS

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publicado em O GLOBO de 24 de dezembro de 2009Até.

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É NATAL NO BUTECO

Quero repetir, e reiterar, e reforçar, as mesmíssimas palavras que lancei aqui, em 2008, às vésperas do Natal.

Estamos a poucas horas da noite de Natal e o Buteco ergue suas portas de aço na manhã desta quinta-feira com o precípuo propósito de desejar a todos os seus freqüentadores um Natal profundamente feliz e em paz. Quero lhes dizer, eu que faço deste balcão virtual um permanente divã imaginário no qual exponho confissões de toda ordem, que durante parte de meus quarenta anos questionei muito o significado efetivo da expressão “Feliz Natal”. As pessoas me diziam “Feliz Natal” e eu ficava a me perguntar o que seria ter, então, um “Feliz Natal”.

Nasci em 69, filho de pais cristãos, espíritas, assim como vovó e boa parte da família. Vivi noites de Natal profundamente significativas, impressionantes para um menino em tenra idade, nas quais a família reunida rezava, nas quais mamãe, sempre muito comovida, após a leitura de textos relacionados com a data, propunha reflexões sobre o Evangelho de Jesus Cristo, o aniversariante!, e nas quais vivíamos, intensamente, esse sentimento de renovação de esperanças e de expectativas com relação ao ano novo. Por tudo isso eu posso dizer, sem medo do erro, que o Natal nunca foi, para mim, uma festa de presentes. Ao contrário, foi sempre uma festa introspectiva, uma festa de comunhão, uma festa de reflexão, uma festa simples, extremamente simples.

Mas a vida é feita de movimentos incessantes, de experiências constantes, e eu, durante alguns anos, afastei-me – se é que posso dizer assim – da vivência desse sentido e desse sentimento na noite de Natal. Foi o tempo em que eu, como lhes contei mais acima, dizia não compreender o significado do “Feliz Natal”. Fosse por mero exercício de contestação, como conseqüência de uma busca de novos caminhos, o fato é que passei um razoável tempo afastado do sentido religioso da data. Fazia as mesmíssimas coisas, jantava e almoçava com a família nos dias 24 e 25, mas sem o mesmo sentimento.

Por incontáveis razões que não cabem aqui, neste espaço, voltei a voltar o olhar, de um tempo pra cá, para as coisas do espírito – digamos assim. Como a vida é feita de movimentos incessantes e de experiências constantes, e como os ciclos se renovam, eis-me aqui, às vésperas do Natal, profundamente comovido e certo de que é sempre tempo de renovação, mesmo que renovação tenha, ao menos para mim e dentro desse contexto, caráter de retomada de rumos e de caminhos já tantas vezes percorridos.

Sem qualquer intenção de fazer proselitismo, evidentemente, desejo a vocês todos, meus poucos mas fiéis leitores, uma noite de Natal profundamente significativa. Desejo, mais, que todos se sintam dispostos, ao menos nesses dias, ao exercício de estender o olhar à sua volta. Esse olhar estendido mostrará a vocês, seguramente, alguém precisando de muito pouco para ter um dia ou uma noite melhor. Esse olhar estendido fará com que você vivencie, ainda que seja apenas com os olhos, a experiência do outro, quem sabe capaz de transformar sua própria vida. Esse olhar estendido possivelmente dará a você a dimensão exata da fraternidade, se você tiver olhos de ver e ouvidos de ouvir.

Que tenham todos uma noite de paz, com a família, com os amigos, com gente querida, que haja muita saúde, que haja muita esperança, que haja sobretudo muita coragem para os enfrentamentos diários que a vida exige.

Sejam vocês cristãos ou não, creiam ou não em Deus, tenham todos um Feliz Natal. Eu, brasileiríssimo no que diz respeito à escolha da religião (é tudo na cumbuca e sou feliz desse jeito!), desejo que a noite de hoje seja tranqüila, seja simples, seja renovadora, significando verdadeira comunhão de propósitos capazes de dignificar sua vida.

O Buteco retoma suas atividades, se assim me for permitido, em brevíssimo.

Fato é que baixo as portas do estabelecimento hoje sem o compromisso – que honro diariamente muito por conta de todos vocês que chegam até aqui, e é cada vez mais gente que chega, ainda bem! – de ser diário até o começo desse 2010 que se aproxima e que promete: assim, por baixo, teremos o Campeonato Carioca (aposto no Flamengo!), o Carnaval (aposto na Vila Isabel), o Campeonato Brasileiro e a Libertadores (aposto no Flamengo!), a Copa do Mundo (aposto no Brasil!) e as eleições (aposto na Dilma Rousseff!). Haja festa!

Até.

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INGRATIDÃO É ISSO AÍ

Não é surpresa pra ninguém que eu nunca fui muito com Chico e com Alaíde, ele garçom e ela cozinheira do BRACARENSE. Hoje, como é sabido e consabido, estão à frente de um bar que leva seus nomes, no Leblon, dizem que comandado, de verdade, por um grupo de investidores que viram, na dupla, um grande filão de mercado (esse troço que, convenhamos, não combina com um buteco de verdade). Basta ler isso aqui, isso aqui e isso aqui para que vocês vejam que NUNCA (com a ênfase szegeriana) fui muito com nenhum dos dois.

Pois os dois estiveram, dia desses, mais precisamente no dia 10 de dezembro, no programa do Jô Soares. E – dimensionem daí se o caso é de bom treinamento por parte de quem manda neles, se o caso é de ingratidão pura e simples, se o caso é mesmo de uma cara de pau absolutamente condenável -, entrevistados, foram incapazes de dizer o nome da casa que os projetou, a ambos, o BRACARENSE, também no Leblon. Ela, cozinheira do BRACARENSE por mais de 20 anos, e ele garçom, também por muito tempo do mesmíssimo bar, falam “restaurante onde ela trabalhava”, “eu trabalhei nesse bar 24 anos”, falam dos prêmios que ganharam enquanto trabalhavam no BRACARENSE mas são (foram) incapazes (ou por ordens superiores, ou por ingratidão, ou por cara de pau ou mesmo por falta de ética ou caráter) de mencionar o nome do bar ao qual devem tudo o que conquistaram.

A cozinheira (Alaíde Carneiro de Lima), que cinicamente (mentirosa!) diz ter saído do BRACARENSE (sem declinar o nome do bar) sem brigar com ninguém, não diz – é evidente que não diz… – que, após assinar alteração do contrato social do BAR ROQUE II, razão social do bar que atende pelo nome CHICO & ALAÍDE (a grafia é essa mesmo, pernóstica, e o documento consta dos autos da ação trabalhista de número 01645-2008-018-01-00-8) em novembro de 2008 já na condição de sócia, ajuizou a referida ação trabalhista um mês depois, em dezembro de 2008, requerendo reconhecimento de rescisão indireta, por conta de falta grave (!!!!!) do empregador. Mero detalhe…

Até.

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>ISSO NÃO É CINISMO?????

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O aparente tom de lamento da nota abaixo, publicada na coluna GENTE BOA de hoje, soa, ao menos para mim, como cinismo, deboche e outros bichos. Como se não fosse ela, a coluneta, fomentadora e aduladora dos bares de grife responsáveis pelo desmonte da Lapa. Ô, coerência…

nota publicada na coluna GENTE BOA do SEGUNDO CADERNO do jornal O GLOBO de 22 de dezembro de 2009

Até.

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>O DOMINGO NO PAVÃO TIJUCANO

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Conforme lhes contei ontem, aqui, passei uma excepcional tarde de domingo no BAR DO PAVÃO na companhia de gente muito querida. O Eduardo Carvalho, que lá também estava, e a quem conheci no próprio domingo, escreveu um relato bem bacana do que foi nosso encontro, inclusive com direito a fotos que ilustram seu texto (e peço a especial atenção de vocês para o sorriso dessa magnífica figura que é a dona Olívia, prova efetiva de que ela é uma pessoa de bem demais com a vida, ela que é muito responsável pelo que há de vida naquela esquina). Leiam aqui.

Até.

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>DO DOSADOR

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* Vejam vocês como as coisas são impressionantes nesse mundo virtual. A festejadíssima Roberta Sudbrack, que está permanentemente na mídia, sabe-se lá por quê não tolera (ou parece não tolerar) as críticas que faço, muito de vez em quando, a seu trabalho. Já disse diversas vezes que acho incompreensível, por exemplo, o fato dela ter escrito um livro de alta gastronomia para cães, com receitas para os quadrúpedes. Acho, também, inevitável a piada: depois de conviver por mais de sete anos com FHC no Palácio do Planalto, ocupando o posto de cozinheira oficial do Presidente da República, justificável a inspiração para o tal livro. Vai daí que, notem bem!, notem bem!, Roberta Sudbrack, festejadíssima também no TWITTER, escreveu ontem a seguinte pérola: “Concentração para a programação de amanhã com a minha turma… Campeonato de boliche pela manhã com toda a turma do RS… Almoço no Aconchego carioca que abre especialmente para receber a brigada do RS…tem gente que vai se roer com essa..”. Sou um sujeito franco, francamente franco. A “gente” a quem ela se refere sou eu. E não me venham com o papo bobo de que “oh, a carapuça serviu”. Não se trata de carapuça. Eu não sou burro. Não sou burro, digo o que penso, dou nome aos bois quando escrevo algo sobre alguém e, ainda que meus detratores não façam o mesmo, ou seja, não tenham coragem para dar nome aos bois (e eu, acima dos 100 quilos, estou mais boi que nunca), sei perfeitamente ler os recados e as entrelinhas dos recados que me chegam. Mas vamos pôr pingos no “is”. Eu disse logo aí acima que eu sou franco. Mais que franco – ou tanto quanto – sou um sujeito dócil. Vejam se não. Ontem pela manhã, mantendo uma tradição de há séculos, fui à feira na Vicente Licínio, na Tijuca, é evidente. Antes de feira, tentei sacar dinheiro em três agências, todas elas sem dinheiro nos caixas eletrônicos. Vai daí que estacionei o carro diante do ACONCHEGO CARIOCA. Fui à Kátia, minha queridíssima Kátia Barbosa, igualmente festejada pelas mesmíssimas razões. Sentei-me diante dela, troquei um cheque para a feira e para a tarde de domingo (já, já, falo sobre a tarde…). Ficamos ali, diante de uma garrafa estupidamente gelada de Heineken, conversando, até que chegamos ao assunto Roberta Sudbrack. Fiquei – ao contrário do que imagina a gaúcha, acostumada à bajulação que vem de todos os lados – felicíssimo por saber que será lá, no ACONCHEGO CARIOCA, que freqüento com assiduidade olímpica muitos e muitos anos antes do buteco tijucano cair nas graças de todo mundo (e graças à propaganda efusiva alavancada pelo também festejadíssimo Claude Troisgros), o almoço de confraternização dos empregados do restaurante de Roberta Sudbrack. Eles que, ao lado da chefe, irão se delicar com o bolinho de feijoada, com o bolinho de aipim, com camarão na moranga e com palitos de queijo coalho com goiabada de sobremesa (foi o menu escolhido). E como sou franco, e como sou dócil, e como sou um sujeito terno do início ao fim (não sei de onde tiram, meus detratatores, essa idéia de que sou beligerante), deixei com a Kátia (e pedi à Samara que a lembrasse da coisa!) um cartão endereçado à Roberta Sudbrack. Espero – digo de público o que disse, em suma, no cartão – que ela se sinta rigorosamente à vontade na minha casa, na minha aldeia. E salve a Tijuca!;

* mesa forte, ontem à tarde, no BAR DO PAVÃO, outra glória tijucana. Reuni-me com Eduardo Carvalho, um de meus poucos mas fiés leitores, depois de semanas combinando o encontro. Conosco, esse monstro chamado Luiz Antonio Simas (com sua Candinha), papai e mamãe (tijucaníssimos e egressos do MONTANHA, no Alto da Boa Vista), dona Olívia (uma excepcional figura, ela que conhece papai há mais de 50 anos!), Leo Boechat (com suas Renata e Helena), Diego Moreira, e o troço foi do meio-dia às cinco da tarde. Regados a muito chope e a um cozido de outro planeta, sentados à sombra e curtindo a brisa das florestas tijucanas (o Simas gania de alegria a cada lufada de vento), vivemos ali uma tarde memorável capaz de curar a dor da perda do BAR DO CHICO, que foi oló – como já lhes contei aqui;

* a torcida do Fluminense – me perdoem por voltar ao enfadonho tema – prossegue dando demonstrações agudas de insanidade. Depois de mandar confeccionar camisas para celebrar a décima-sexta colocação no Campeonato Brasileiro de 2009 (relembrem aqui), vai pagar promessa nesta quarta-feira. Torcedores trotarão (o verbo não é meu, foi publicado hoje na imprensa do Rio) por 100 metros na Lagoa Rodrigo de Freitas com copos de chope na mão, sem deixar cair uma gota da bebida no chão. Que coisa, meu Deus. Enquanto isso, a nação rubro-negra deita o cotovelo no balcão, BEBE (com a ênfase szegeriana) o chope e morre de rir com o espetáculo bizarro que proporciona o NÚCLEO DE INTELIGÊNCIA TRICOLOR. O troço beira o inacreditável;

* já são 38 os comentários ao texto DO DOSADOR, aqui, e vale a pena lê-los para que vocês vejam o divertido (e instrutivo) bate-boca entre José Sergio Rocha e Daniel Ludwich sobre jornalismo e jornalistas;

* na sexta-feira, atendendo ao convite do jornalista Vitor Monteiro de Castro, ele também um de meus poucos mas fiéis leitores, fui à favela da Maré para conhecer o OBSERVATÓRIO DAS FAVELAS, uma organização social de pesquisa, consultoria e ação pública dedicada à produção do conhecimento e de proposições políticas sobre as favelas e fenômenos urbanos. Tem sede na Maré, no Rio de Janeiro, mas sua atuação é nacional. Foi fundado e é composto por pesquisadores e profissionais oriundos de espaços populares. Lá eu conheci, além do Vitor, Rodrigo Nascimento, psicólogo, e Talitha Ferraz, jornalista, ela a autora do livro A SEGUNDA CINELÂNDIA CARIOCA: CINEMAS, SOCIABILIDADE E MEMÓRIA NA TIJUCA (conheçam seu blog aqui). Ainda na Maré, assisti, no meio da rua, ao longa-metragem ALÔ, ALÔ, TEREZINHA, do diretor Nelson Hoineff (aqui, o site do filme). Imperdível, fidelíssimo retrato dessa grande figura brasileira, e que seria inviável hoje em dia, ele que foi, a vida inteira, politicamente incorreto, radical e renovador, o filme é emocionante, ainda mais para quem, como eu, viu o Chacrinha em ação, ao vivo. Foi um grande final de tarde. Saímos da Maré, eu, minha menina, Vitor e Rodrigo, por volta da meia-noite. E brindamos, no BAR DO MARRECO, ao grande encontro que vivemos. Prometi a eles, em brevíssimo, uma nova visita, numa quinta-feira dessas qualquer, para comer um galo – famosíssimo galo! – que é servido numa das inúmeras biroscas do lugar. Depois conto pra vocês. Saiba mais sobre o trabalho deles aqui.

Até.

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A PIADA DE ANA CRISTINA REIS

Ana Cristina Reis, editora do fútil e podre caderno ELA, lixo que vem encartado aos sábados, em O GLOBO – o fato de Ana Cristina Reis ser a editora do tal caderno é a única explicação plausível para que Ana Cristina Reis ainda tenha vez e voz na imprensa escrita -, publicou ontem mais um de seus soníferos textos, contando sobre um jantar que ela ofereceu em sua própria casa, dia desses.

À certa altura da chatice, reproduz uma das piadas que teria sido dita durante o jantar, vejam só:

trecho da coluna de Ana Cristina Reis publicada no caderno ELA do jornal O GLOBO de 19 de dezembro de 2009

Quando comemora o fim do governo Lula, permanente alvo do ódio irracional de pequena parcela da população brasileira que não se conforma (e não admite, e não reconhece) com os evidentes avanços conquistados após dois mandatos consagrados pela imensa maioria do povo, Ana Cristina Reis apenas engrossa o coro das vozes mais sórdidas que saem, aos borbotões, do jornalão carioca.

Ela mesmo, Ana Cristina Reis, que até hoje mantém-se em vergonhoso silêncio sobre o plágio por ela cometido há quase cinco anos no mesmo jornal, no mesmo caderno. Relembrem a vergonha, aqui.

Até.

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