Coloque o peru num tabuleiro bastante grande e coloque duas das três cebolas, descascadas, dentro do peru, sem desamarrar as coxas. Abra a garrafa de vinho branco, desembale a seringa, despeje o vinho num copo, encha a seringa de vinho e vá injetando, sem pressa, a bebida dentro do peru.
Quando a garrafa estiver pela metade comece a misturar o vinho com o molho de tomate e continue o processo de injeção. Antes, porém, ligue o forno para que ele receba o peru pré-aquecido.
Cubra o peru com um pouco do molho, regue-o com um pouco de azeite, coloque os miúdos num dos cantos do tabuleiro, sobre os miúdos coloque um bom pedaço de margarina, e cubra o tabuleiro muito bem com papel laminado vedando completamente o peru, valendo-se das bordas do tabuleiro para a mais perfeita vedação.
O que não significa, é claro, abandonar a cozinha. Cozinhas costumam ser um dos melhores lugares das casas. A cozinha do Alto da Boa Vista, então, é um paraíso. Sente-se à mesa, perto do forno, sirva-se de uma dose de Red Label e puxe papo com um dos comensais, eis que cozinha combina com conversa, com absoluta ausência de pressa, com divagações, as mais estapafúrdias, com digressões olímpicas, e é capaz de você nem perceber o tempo passar.
Duas horas depois é hora de abrir o forno, retirar o tabuleiro, pousá-lo numa bancada próxima e tirar o papel alumínio com muito cuidado… O vapor chega a estufar o papel alumínio e toda cautela é pouca nessa hora.
Regue o bichinho com esse caldo valendo-se de uma concha pequena. Regue-o, ainda, com um fio de azeite e coloque um pouco mais do molho de tomate por cima dele. E um bocado de margarina.
É hora de colocar o tabuleiro de volta ao forno para dourar o peru. E a partir desse momento você deverá dedicar mais atenção a eles (ao peru e ao forno!).
A cada 15, 20 minutos, abra a porta do forno, regue o peru por inteiro e, se preciso for (geralmente é!), inverta a posição do tabuleiro para que doure por igual. Cuide para que o caldo não seque, valendo-se da margarina e do azeite sempre que isso ameaçar acontecer.
Mais ou menos uma hora depois, volte a retirar o tabuleiro de lá.
Disponha as quatro cabeças de alho inteiras num dos cantos do tabuleiro para que elas assem, transformando-se num perfeito acompanhamento da carne.
Regue mais uma vez o bichinho, retire o excesso do caldo do tabuleiro (assim você evitará que o alho cozinhe… ele deve ser assado!) e reserve para ajudar no preparo da farofa.
Volte o peru pro forno!
A carne deve estar bem dourada e você não deve deixar de usar um bom garfo pra sentir a textura da carne.
Quando subir o termômetro ou quando você decidir que está bom (o tempo médio de preparo varia entre 3 horas e meia e 4 horas e meia, depende do tamanho do peru e da potência do seu forno), desligue o forno, regue novamente o peru para evitar que ele resseque e vá tratar da farofa.
Vou me abstar da receita da farofa, soaria patético diante da simplicidade da coisa… Mas…
Corte os miúdos em pedaços bem pequenos e desfie com as mãos a carne do pescoço do peru. Tudo isso vai ser usado no preparo da farofa. Valha-se do caldo reservado para deixá-la ainda mais molhadinha. Lembre-se de que você não vai precisar de sal, o caldo dará o tempero mais-que-necessário. E use o maço de salsinha picada para dar ainda mais sabor ao acompanhamento.
Pronta a farofa, tire o peru do tabuleiro e coloque-o sobre uma boa tábua para cortá-lo. Use uma faca elétrica, de preferência.
Antes, retire as duas cebolas de dentro do peru e coloque-as num dos cantos de uma travessa grande. Em volta delas coloque as quatro cabeças de alho inteiras. E comece a cortar o peru com a faca elétrica. Quando não for mais possível usá-la (por causa dos ossos, da carcaça…), use as mãos. Livre-se de qualquer preconceito. Toda a carne do peru é saborosíssima. Terminado o trabalho, é hora de levar à mesa a travessa com a carne e um prato com a farofa.
Até.
>Eduardo, de uma maneira geral não gosto muito dos acepipes natalinos, porém devo concordar que essa receita deve dar um resultado extraordinário. Aliás, cozinhar, como você enfatiza, é ainda uma das melhores coisas pra fazer na vida. Concordo quando vc sublinha o clima que se instaura, mormente se estamos com uma boa garrafa pra ir compartindo. Beber enquanto se vai cozinhando um prato é o máximo – creio mesmo que a cozinha é talvez um dos últimos baluartes de civilidade que ainda podemos desfrutar. Bem, gostaria de dar uma pequna contribuição, com esse facílimo pernil assado:Um pernil préviamente desossado(mais fácil pra manipular na mesa)Cubra com os temperos habituais (alho; cebola; salsinha; azeite…) e deixe na geladeira da noite para o dia.Manhã seguinte, retire todos os temperos que cobrem o pernil.Depois cubra completamente a peça com mostarda amarela – geralmente uso dois tubos. Cubra bem e leve ao forno médio/baixo, deixando cozer/assar por 4 horas. A película de mostarda impede que a carne fique ressecada.É só.Garanto que fica estupendo.Essa receita não é minha invenção – descobri na desaparecida revista Gourmet, que foi talvez uma das publicações pioneiras no gênero no Brasil
>Obrigado, Guido, pela receita de pernil. Um forte abraço.
>Pronto, já tenho as receitas do peru de natal e do pernil do reveillon, só falta escolher os vinhos, e comprar o suco de malte…P.S> Eu sempre coloquei cachaça nas aves, apesar de fazê-lo chorando pelo desperdício, a marvada amacia e dá um bom paladar 😀
>Prezado EduardoGostaria de saber se tal receita se aplica a Ave Festa da Sadia, e quais consideraçoes quanto ao preparo da mesma?AbraçoRafael
Rafael, Já fiz esta ave festa apenas besuntando fartamente com manteiga, como explica na embalagem, e ficou maravilhosa, sucesso total, sobraram ossos. O perú é que não me apetece muito, como ganhamos estou seguindo a receita acima pra ver se o perú me surpreende. Espero que não tenha jogado comida fora, isso é triste!
>Rafael: só peru!
>Eduardo,Então como eu devo fazer com que esta ave se torne a atração do próximo domingo? Me dá uma força aí, pô!!!!Abraços e parabéns pelo seu blog, suas receitas são simplesmente as melhores!Rafael
>Rafael: não me queira mal por isso, mas eu abomino isso. Que ave?! Isso é – me perdoe – um lixo vendido pelos abatedouros… Onde já se viu comer uma "ave"?! Eu como galinha, eu como peru, eu como faisão, eu como pato… "ave"?! Sinceramente, não sei lhe ajudar quanto a isso. Vá por mim. Jogue esse troço fora e compre um peru! Um abraço.
>Meu marido comprou um peru e nao me dei conta de que nao vem temperado…So com esses codimentos o peru vai ficar bom?o eu tenho que por algo mais?obrigado
>Jakeline: vá fundo. Siga à risca. E aproveite!
>Oi, gostaria de tirar uma duvida: o molho de tomate que voce usa nesta receita 'e molho pronto, enlatado??E a injecao de vinho 'e na carne do peru, ne?
>Regina: sim, pras duas perguntas!
>gente quero esclarecer que frango, peru, chester , faisao sao todos aves , e o fiesta como os demais sao galinaceos, a diferença do chester , brisker e do fiesta e o tipo de ração e o tempo de alojamento para o abate.sou tecnico em agropecuaria.
Oi querido Edu,
Alguns dias atrás, depois de varias opções descartadas, decidimos que nosso almoço de Natal seria o peru,
afinal nunca cozinhei esse prato pra minha família no Natal,
precisava-se também de uma receita.
Aí me lembrei que vi uma receita no teu buteco do qual sou fiel leitor há anos.
Pronto.
Ontem temperamos o peru, e hoje ele foi para o forno, seguindo sua receita a risca. O resultado foi divino, a carne ficou gostosa e bem macia, não ressecada como já experimentei em varias ocasiões por ai.
Obrigado pela receita,
e espero você tenha passado um bom Natal,
no limite do possível, mas tenho certeza que a sua querida Dani la de onde ela estiver mandou sua benção pra você.
Aquele abraço