Espero um 2009 repleto de sabedoria. Para que saibamos todos, antes de pedir, agradecer.
Até.
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Estamos a pouco mais de 48h da noite de Natal e o BUTECO ergue suas portas de aço na manhã desta segunda-feira com o precípuo propósito de desejar a todos os seus freqüentadores um Natal profundamente feliz e em paz. Quero lhes dizer, eu que faço deste balcão virtual um permanente divã imaginário no qual exponho confissões de toda ordem, que durante parte de meus quase quarenta anos questionei muito o significado efetivo da expressão “Feliz Natal”. As pessoas me diziam “Feliz Natal” e eu ficava a me perguntar o que seria ter, então, um “Feliz Natal”.
Nasci em 69, filho de pais cristãos, espíritas, assim como vovó e boa parte da família. Vivi noites de Natal profundamente significativas, impressionantes para um menino em tenra idade, nas quais a família reunida rezava, nas quais mamãe, sempre muito comovida, após a leitura de textos relacionados com a data, propunha reflexões sobre o Evangelho de Jesus Cristo, o aniversariante!, e nas quais vivíamos, intensamente, esse sentimento de renovação de esperanças e de expectativas com relação ao ano novo. Por tudo isso eu posso dizer, sem medo do erro, que o Natal nunca foi, para mim, uma festa de presentes. Ao contrário, foi sempre uma festa introspectiva, uma festa de comunhão, uma festa de reflexão, uma festa simples, extremamente simples.
Mas a vida é feita de movimentos incessantes, de experiências constantes, e eu, durante alguns anos, afastei-me – se é que posso dizer assim – da vivência desse sentido e desse sentimento na noite de Natal. Foi o tempo em que eu, como lhes contei mais acima, dizia não compreender o significado do “Feliz Natal”. Fosse por mero exercício de contestação, como conseqüência de uma busca de novos caminhos, o fato é que passei um razoável tempo afastado do sentido religioso da data. Fazia as mesmíssimas coisas, jantava e almoçava com a família nos dias 24 e 25, mas sem o mesmo sentimento.
Por incontáveis razões que não cabem aqui, neste espaço, voltei a voltar o olhar, neste 2008 que vai chegando ao fim, para as coisas do espírito – digamos assim. Como a vida é feita de movimentos incessantes e de experiências constantes, e como os ciclos se renovam, eis-me aqui, às vésperas do Natal, profundamente comovido e certo de que é sempre tempo de renovação, mesmo que renovação tenha, ao menos para mim e dentro desse contexto, caráter de retomada de rumos e de caminhos já tantas vezes percorridos.
Sem qualquer intenção de fazer proselitismo, evidentemente, desejo a vocês todos, meus poucos mas fiéis leitores, uma noite de Natal profundamente significativa. Desejo, mais, que todos se sintam dispostos, ao menos nesses dias, ao exercício de estender o olhar à sua volta. Esse olhar estendido mostrará a vocês, seguramente, alguém precisando de muito pouco para ter um dia ou uma noite melhor. Esse olhar estendido fará com que você vivencie, ainda que seja apenas com os olhos, a experiência do outro, quem sabe capaz de transformar sua própria vida. Esse olhar estendido possivelmente dará a você a dimensão exata da fraternidade, se você tiver olhos de ver e ouvidos de ouvir.
Que tenham todos uma noite de paz, com a família, com os amigos, com gente querida, que haja muita saúde, que haja muita esperança, que haja sobretudo muita coragem para os enfrentamentos diários que a vida exige.
Sejam vocês cristãos ou não, creiam ou não em Deus, tenham todos um Feliz Natal. E que a noite do dia 24 seja tranqüila, seja simples, seja renovadora, significando verdadeira comunhão de propósitos capazes de dignificar sua vida.
O BUTECO retoma suas atividades, se assim me for permitido, na sexta-feira próxima, 26 de dezembro.
Até.
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Publiquei, em 07 de novembro de 2008, o texto Palmeiras: um fenômeno no Rio, dizendo, dentre outras coisas, que “todos os dias – eu disse TODOS, com a ênfase szegeriana – eu esbarro com pelo menos uma pessoa envergando, orgulhosa, a camisa do Palmeiras”, que “(…) eu esbarro com duas, três, quatro, cinco camisas do Palmeiras, no mesmo dia, em horários e locais diferentes” (leiam aqui).
Pouco mais de um mês depois, publiquei Provas cabais (leiam aqui), estampando a fotografia de um camelô, no Largo do Machado, envergando a camisa palestrina.
Hoje volto ao mesmo tema.
Sexta-feira, 19 de dezembro, último dia do ano do expediente forense. Filas tremendas, fila nos cartórios, filas nos bancos, filas nos protocolos, filas em todos os cantos. E lá estava eu numa delas.
Sinto o cutucão e ouço:
– Essa fila é do Banco do Brasil?
Quando viro pra responder dou de cara com um sujeito com a camisa do Palmeiras. Num primeiro momento chego a confundi-lo com o Imperador (vejam aqui). E respondo:
– É, é sim.
– Obrigado!
Conto pra ele a mesma história que contei pro camelô do Largo do Machado, pergunto se ele é do Rio – ele diz que sim -, se ele mora no Rio – ele diz que sim – e se posso fotografá-lo.
Autorizado, saco do celular e faço a fotografia.
Nos corredores do Tribunal de Justiça, no último dia do ano do expediente forense, produzo mais uma prova documental irrefutável capaz de comprovar a verdade que sãopaulinos, por exemplo, teimam em admitir!
Até.
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Em primeiro de novembro de 2008 publicaram duas notas inacreditáveis, vejam aqui.
E hoje, provando que não se trata de uma brincadeira ou mesmo de um deslize, mas de uma diretriz, de uma linha de conduta e de uma bandeira, publicaram a nota abaixo.
E viva o jornalismo, viva Cleo Guimarães, viva Maria Fortuna, viva Fernanda Pontes e viva Joaquim Ferreira dos Santos, prestando-se, uma vez mais, a esse papel de quinta categoria nas páginas do jornal.
Até.
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E são mesmo!
Na terça-feira passada, por exemplo, à noite (esqueci-me de contar esse troço pro Digão!), cheguei cedo demais a um compromisso em Copacabana. Como estacionei o carro na Almirante Gonçalves… já viram… sentei-me no BIP BIP com o Alfredo e ficamos de papo, coisa de quarenta minutos. O nome da FOLHA SECA veio à tona (há um tremendo cartaz no bar puxando a brasa pra livraria!) e tecemos, ali, sem que nenhum de nós tivesse tido a lembrança do quinto aniversário, os maiores elogios, as maiores declarações de amor à mais carioca de todas as livrarias. Era, percebo só agora, a comemoração antecipada a que eu comparecia pra suprir a minha ausência de depois. Bacana – faço aqui a confissão e cometo, conscientemente, a olímpica indiscrição! – foi ouvir a declaração do Alfredo:
– Quando o Pratinha trabalhava lá era mais fácil, eu o fazia de pombo-correio e ele trazia meus livros. Hoje quem faz isso, com menos freqüência, é o Chiquinho Genu. É que livro, Edu, eu só compro lá! O que eles fazem é demais! É demais! – e foi embargando a voz…
Falei em cinco anos, em aniversário, e lembrei-me de uma coisa que preciso lhes dizer.
Não se deixem enganar!
O samba na Ouvidor (não confundir com SAMBA DA OUVIDOR, com a devida licença ao Gabriel da Muda, marca, grife ou patente da qual vêm se valendo a rapaziada que aportou ali, aí sim, há 365 dias – leiam aqui o convite público do malandro) acontece há bem mais de um ano. O BUTECO, por exemplo, tem seu primeiro registro sobre isso em 19 de setembro de 2006 (vejam aqui), falando sobre uma roda de samba que aconteceu em 16 de setembro de 2006, há mais de dois anos, portanto.
E sabemos, todos, que a coisa acontecia ali, já, há mais tempo ainda, conduzida pelas mãos seguras de Luiz Antonio Simas, que melhor dirá sobre o assunto, se quiser.
É que tradição, se é que vocês me entendem, é uma encruzilhada numa rua de mão dupla. E a preferência, sempre, é do mais velho.
Daqui, de pé, diante do balcão imaginário do BUTECO, meu mais carinhoso beijo a esses dois queridos, Daniela Duarte e Rodrigo Ferrari, que ajudam a fazer do Rio uma cidade mais-que-maravilhosa.
Recebam, amigos, nosso fraterníssimo abraço, meu e dela.
Até.
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Façam uma idéia do orgulho que senti quando, colheres postas nos pratos, ouvi mamãe dizer:
– Foi a melhor canja de galinha que já comi na vida…
E como se não bastasse, vovó, do alto de seus 84 anos, anuiu:
– Eu também!
Diante de duas confissões tão pungentes decidi dividir com vocês, meus poucos mas fiéis leitores, como venho fazendo com alguma regularidade, a receita de mais esse prato, esse clássico que é a canja de galinha. E vou lhes contar como foi, timtim por timtim.
Liguei ontem cedo (eu preparei, à noite, uma canja de galinha em homenagem à memória de minha bisavó, mãe de vovó e vó de mamãe, desde 17 de dezembro de 1982 noutras plagas) pra Casa Ribeiro Aves, na rua do Matoso (leiam sobre ela aqui), telefone 2273-0896. Pedi ao Márcio (seguramente um dos mais grossos comerciantes de que se tem notícia, salve a Tijuca!) duas galinhas vermelhas devidamente abatidas e limpas. Paguei R$ 30,00 pelas aves, que me foram entregues em menos de meia hora, devidamente cortadas, com a carcaça, com os pés, com as ovas e tudo o mais. E fui às compras. Eis, tomem nota, o que usei (éramos cinco)…
Para o caldo, usei as carcaças e os pés das galinhas, muito bem lavadas com limão e vinagre, 1 cebola inteira com casca, 5 dentes de alho inteiros com casca, 1 tomate inteiro com casca, 2 talos de aipo, 1 caule de alho-poró, 5 folhas de louro fresco, talhos e folhas de um molho de salsinha, sal a gosto (pouco), pimenta-do-reino preta moída na hora, 3 litros d´água e azeite extra-virgem para regar.
Para a canja propriamente dita, os pedaços das galinhas (valendo usar os fígados, os corações, as moelas…), 4 colheres de sopa de azeite extra-virgem, 1 cebola picada em cubos, 2 dentes de alho picados em cubos, 2 talos de aipo em cubos, 1 caule de alho-poró também em cubos, 5 galhos de tomilho fresco, 1 xícara de arroz, 1 tomate sem casca e sem semente cortado em cubos, 2 cenouras raladas grosseiramente, azeite extea-virgem para regar, salsinha e cebolinha picadas grosseiramente, sal a gosto e, para pôr no final, talos de cebolinha cortados na transversal e deixados de molho na água com gelo.
Como diria minha cunhada, monte a praça antes de qualquer coisa…
Antes de mais nada, prepare o caldo… Ponha todos os ingredientes em um caldeirão, cubra com a água e regue, de leve, com o azeite. Leve ao fogo e deixe ferver por meia hora, 40 minutos. Depois, passe pelo chinois (aguardo sua esculhambação, Luiz Antonio Simas), passe tudo para uma panela e deixe ferver um bocado para reduzir o caldo e concentrar, ainda mais, os temperos (esqueça, para sempre, caldos industrializados em cubinhos!). Feito isso, reserve.
É hora de se preocupar com a canja!
Numa panela grande de fundo bem grosso, aqueça o azeite e refogue a cebola e o alho. Pouco depois, junto o aipo, o alho-poró e o tomilho. Sirva-se de uma dose de Red Label e aproveite o perfume, agudíssimo, do refogado. Refogue mais um pouco com fogo médio e ponha, aos poucos, os pedaços de galinha na panela. Logo depois, quando a galinha ameaçar ganhar cor, ponha o arroz.
Despejo o caldo imediatamente em seguida. Prove do sal e, se necessário, faça o ajuste conforme seu gosto.
Deixe fervendo em fogo médio…
Quando o arroz estiver cozido adicione ao caldo, pela ordem, o tomate em cubos, as cenouras, a salsinha, a cebolinha e note que a cor vai tomar conta da panela – sirva-se da segunda dose em homenagem a esse espetáculo.
Deixe levantar fervura por uns 5 minutos.
Desligue o fogo.
Com um pegador, pesque cada um dos pedaços de galinha e retire-os da panela. Numa tábua, corte a carne desprezado os ossos. Volte a carne, com alguns pedaços desfiados, para a panela.
Deixe ferver por mais uns 5, 10 minutos e, pouco antes de desligar o fogo (próximo passo!), ponha com cuidado sobre o caldo as ovas da galinha… gema pura, uma delícia!
Desligue o fogo.
Sobre o caldo, coloque as tiras de cebolinha que, cortadas na transversal, ganharão a aparência de um spaghetti verde (as tiras ficarão naturalmente encaracoladas, vejam na fotografia!).
Regue com azeite extra-virgem e sirva!
À mesa, tenha pão francês fatiado para acompanhar a canja.
Para acompanhar a canja e o pão, um vinho tinto que ninguém é de ferro.
Um prato fundo, de preferência egresso de louças de família, e bom apetite!
Até.
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Hoje, para minha profunda satisfação, vejo a imprensa desviar os olhos para o lado bom da moeda (troço cada vez mais raro, eis que as notícias ruins são as que mais dão o que falar, sabe-se lá por quê) e lançar luzes sobre o agricultor Daniel Manoel da Silva, de 58 anos, que devolveu R$ 20.000,00 encontrados por sua neta, de 5 anos de idade, dentro de um casaco que a família recebera como doação.
“Uma menina de 5 anos, moradora de Ilhota (SC), uma das cidades mais atingidas pelas fortes chuvas que atingiram o estado em novembro, encontrou R$ 20 mil escondidos na manga de um casaco de couro e pele. A família dela recebeu o casaco como doação, depois de perder a casa em que morava. A criança brincava com a peça quando teve a surpresa.
O avô da menina, Daniel Manoel da Silva, de 58 anos, resolveu devolver o dinheiro e foi atrás do doador, que seria morador de Concórdia (SC). “Se o dinheiro fosse entregue nas minhas mãos, teria aceitado com certeza, pois agora precisamos. Mas é uma questão de criação, fui educado assim e estou com a consciência limpa”, disse ele, que recebeu R$ 1 mil pela honestidade.
No mês passado, a casa da família de Silva foi encoberta pela lama e cinco pessoas morreram soterradas.”
Leiam a matéria, na íntegra, clicando na imagem abaixo.
Até.
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Neste exato momento em que escrevo, o Brasil ainda se recupera do choque causado pela notícia (confirmada de forma irrefutável por imagens feitas por câmeras escondidas) de que está havendo furto de parte do material doado e armazenado nos galpões disponibilizados pela Defesa Civil em Santa Catarina (leiam a matéria e vejam o video aqui).
O Exército tem 5 mil homens trabalhando no mutirão em prol das vítimas. Os voluntários oscilam, diariamente, entre 2 e 6 mil pessoas. Não é um ou outro caso isolado que deve desestimular a continuidade do trabalho. São mais de 10 mil pessoas envolvidas no processo e são todas, evidentemente, de carne, osso e falíveis.
Se o voluntariado é, para acachapante maioria das pessoas diretamente envolvidas com a engrenagem montada para um perfeito fluxo desde o doador de qualquer parte do Brasil ao necessitado residente em Santa Catarina, uma oportunidade ímpar para o pleno exercício da caridade, da solidariedade, para o engrandecimento, para um maior entendimento da vida, é por sua vez, para uma minoria insignificante, uma oportunidade para o exercício dos mais baixos comportamentos e para o triste desvio do caráter e da postura digna que deve pautar a vida do homem.
O momento pede urgência no atendimento aos desabrigados, aos desalojados, às famílias que perderam entes queridos e que passarão este final de ano com a dor da perda, pede urgência no atendimento aos doentes, às famílias dos doentes e dos desaparecidos.
Não é o momento, é o que penso sinceramente, para julgar esse ou aquele ou mesmo para deixar esmorecer a vontade genuína de ajudar ao próximo.
São milhares, centenas de milhares de pessoas hipossuficientes no que diz respeito às mais básicas necessidades físicas do homem. E umas poucas, muito poucas, hipossuficientes no que diz respeito à condição moral. E o que quero lhes dizer é que não devemos, ainda mais no momento em que vivemos, com tantos a nos clamaram o auxílio, nos preocupar com isso.
Até.
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Na excelente história O BOUGAINVILLE DA CASA VERDE (leiam na íntegra aqui) publicada no BOEMIA & NOSTALGIA pelo Felipinho Cereal, o pequeno grande homem nos conta:
“As luzes estão em moda na época de natal. Nas casas, prédios, sacadas, varandas, portarias, e por aí vai. No Sindicato dos Fumageiros, na rua Haddock Lobo, está o mais belo enfeite de todos, vale conferir.”
E é verdade, é literalmente verdade.
Sem preocupação com o luxo e com a ostentação, sem grandes papagaiadas que não têm nada a ver com o que se chama de o verdadeiro espírito natalino, as simples e toscas luzes azuis nos janelões da belíssima casa-sede do Sindicato dos Fumageiros são comoventes.
Não enfrente os engarrafamentos, os flanelinhas, pipoqueiros e vendedores de algodão doce, tumulto e multidão em busca das luzes da árvore de Natal da Lagoa.
Dê um pulinho na Haddock Lobo, vá por mim.
Você estará mais próximo, infinitamente mais próximo, do Natal.
Até.
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