Estávamos no monumental MITSUBA dando por abertos os trabalhos para a comemoração do quadragésimo primeiro aniversário do caboclo. Foi quando eu tive o que minha menina chamaria de insight. Decidi que levaria, no dia seguinte, para o BAR DO CHICO, um panelão de risotto de camarão de presente para o Simas. Decidi mais: prepararia uma receita diferente, uma variação sobre o mesmo tema, e batizei o prato: RISOTTO DO SIMAS.
Ligeiramente mais simples de preparar, usei os seguintes ingredientes, tendo levado exatas duas horas para prepará-lo, contadas entre o descascar da primeira cebola e o apagar do fogo (calculei para entre 8 e 10 pessoas): óleo de milho, muitas folhas de louro, três cebolas argentinas cortadas em cubos, seis dentes de alho picados em cubos bem pequenos, 2 xícaras de arroz parboilizado, quatro xícaras de água fervendo com dois cubos de caldo de legumes, meia garrafa de massa de tomate, 2 quilos de camarão cinza temperados com limão, sal e pimenta do reino móida na hora, um maço de coentro bem picado, meio maço de salsinha bem picada, uma pimenta dedo-de-moça cortada em rodelas sem os caroços, azeite de dendê a gosto, queijo parmesão ralado na hora a gosto, uma colher de sopa de manteiga sem sal, duas cabeças de alho inteiras e uma pimenta dedo-de-moça inteira para decorar. Vamos ao passo-a-passo.
Como era pro Simas, abri mão do Red Label (meu mano não é lá muito fã de uísque) e abri uma garrafa de Brahma estupidamente gelada para dar por abertos os trabalhos. Recém-chegado da feira, com os ingredientes fresquíssimos, cobri o fundo da panela de aço com óleo de milho e despejei as folhas de louro e a cebola, inundando a cozinha com aquele amora ai-Jesus (como era pro Simas, o aroma foi ai-Ogum). Com o fogo médio, assim que as cebolas começaram a dourar, deitei o alho. Mexi bem e pus o arroz, misturando bem com o refogado. Assim que senti que o arroz estava já impregnado do refogado, despejei todo o caldo de legumes. Mexi, abaixei bem o fogo, calibrei o copo de cerveja e deixei a panela semi-tampada. Contei – o quê? – uns 15, 20 minutos, notei que o arroz estava secando, e, mexendo sem parar, despejei a metade da garrafa de massa de tomate.
Logo em seguida, os camarões. O coentro. A salsinha. Sem parar de mexer, e agora com extremo cuidado para não quebrar os camarões… Pus a pimenta, reguei com o azeite de dendê, cobri a panela com espessa camada de queijo parmesão ralado, fui mexendo, mexendo, percebendo o queijo se misturar ao arroz, pus a manteiga sem sal, mexi mais, desliguei o fogo, e com o arroz já quase seco pus sobre ele as duas cabeças de alho que ficaram assando por meia hora no forno e a pimenta dedo-de-moça pra enfeitar a coisa.
Cheguei às duas da tarde no BAR DO CHICO e os presentes (eram muitos) se regalaram com o arroz.
Detalhe fabuloso: o Chico, no final da tarde, como quem não quer nada, surrupiou a panela, vazia e suja, que estava sobre a mesa. Voltou, coisa de meia-hora depois, com um sorrisão no rosto:
– Veja aí se ficou bonito!
Era a panela, limpíssima, sem resquício de sujeira ou gordura.
Não bastasse a gentileza de permitir o almoço em seus domínios, e o malandro ainda apronta uma dessas. Um craque, o Chico.
Num domingo mágico, aniversário de um craque, todos nós merecíamos aquilo ali, a graça de um tarde tijucana em estado bruto.
Até.
>Qualquer dia te mando minha receita de purê com salsicha. É de se comer rezando. Rezando para não passar mal no dia seguinte.
>Não sei se alguém já escreveu isso aqui pois não tenho lido todos os comentários. Mas o lado direito do balcão do Buteco, que andou crescendo bastante nas últimas semanas, vai ficando cada vez melhor. Especialmente com essa receita em homenagem a esse brasileiro maiúsculo que é o Simas.Abraço.
>Edu, eu tava de sacanagem. Também sei cozinhar e meu forte é a culinária portuguesa. Minha receita de farinheira de porco preto tem os seguintes ingredientes: 2 farinheiras de porco preto, 1 molho de grelos de nabo, 2 dentes de alho, azeitonas pretas, sal, limão, banha, óleo e azeite. Primeiro, você escolhe os grelos, aperte para ver se estão bons, depois vai retirando as folhas velhas e os talos, que devem estar duros. Também pudera, né? Depois de lavar as porras dos grelos, cozinhe essa merda toda apenas na água com sal. Sal pra caralho. Deixe a panela destapada. Depois que os grelos estiverem cozidos, escorre todo o corrimento. Lave as farinheiras em água quente pra cachorro, enxugue com aquele papel que lembra papel higiênico e pique a pele. Pode ser com garfo. Bota a porra da banha para aquecer junto com óleo, mas em partes iguais, viu? Não vai fazer merda!!! Aí tu frita as farinheiras, depois escorre e leva ao fogo a frigideira com um pouco de azeite e os caralhos amassados. Digo, os alhos. Frita essa meleca sem queimar, senão tu vai levar uma porrada no meio dos cornos. Aí vem a melhor parte: junte aqueles grelos todos e salteie por alguns minutos. Bota as farinheiras cortadas aos pedaços numa travessa.Em volta, os grelos. Taca azeitona e gomos de limão para ficar uma frescurada só e aí tu vai chupando um a um.
>Registre-se que foi, de fato, o melhor risoto que comi na vida e o maior dos presentes! De deixar o Salete no chinelo mais humilhante. Agora, quanto ao cheff Zé Sergio Rocha, como sempre uma flor, prefiro me esquivar de tão fina iguaria. Obrigado, mano velho!beijo
>Simão: vamos marcar de fazer o próximo juntos! Beijo.
>Vou experimentar esse (ou o outro, original) nesse final de semana, deve ser espetacular.Agora um duvida, aonde é esse Bar do Chico?Grande Abraço
>Fábio: na Tijuca. Na esquina da Afonso Pena com a Pardal Mallet.
>Dotes culinários do Simas antes desconhecidos por mim. Mistura de professor e culinária resulta em um risoto de cara bonita 😉
Dê-nos a receita do arroz de pato. Obrigada.