Arquivo do mês: março 2008

>UMA GRANDE TARDE DE SÁBADO

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Poucas coisas podem ser tão prazerosas, numa tarde de sábado, como sentar à mesa ao lado da mulher amada no Casual Retrô, no velho Centro do Rio, na rua do Rosário, a caminho do CCBB para a exposição da família Ferrez. Ela, com o cardápio nas mãos e olhos de ai-me-ajuda, me diz:

– O que vamos comer?

Chamo o Santos à mesa e repito a pergunta.

– Querem ser os segundos a provar minha mais nova criação? Ainda nem está no cardápio… E vocês vão comer como reis!

Concordamos, evidentemente, que só um bobo não ouve um chefe dentro de seus próprios domínios.

Bacalhau D. João VI, do restaurante Casual Retrô, na rua do Rosário

O prato, a honestíssimos R$70,00, lombo de bacalhau servido com curry e molho de camarão, vem acompanhado de arroz de brócolis e purê de batatas.

Uma garrafa de vinho.

E a tarde fechou bonita de doer.

fotografia tirada em 29 de março de 2008 da rua do Rosário com a visão da Praça XV às 19h24min

Como minha garota.

Até.

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>BABAQUICE TEM LIMITE

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Muito gente boa essa gente…

Tinha que ser no Leblon.

E tinha que virar nota no Jota.

nota publicada no SEGUNDO CADERNO de O GLOBO na coluna GENTE BOA

Até.

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>A DICA DA PLAGIADORA

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Vejam que pechincha o programaço sugerido, hoje, no CADERNO ELA, lixo encartado aos sábados no jornal O GLOBO, na coluna FRONT, da plagiadora (entenda aqui o por quê do plagiadora), escrita hoje por uma jornalista (impossível não guinchar de rir) interina (a plagiadora é a editora do detestável CADERNO ELA e a interina é a sub-editora!).

publicado na coluna FRONT, do CADERNO ELA, de O GLOBO, de 29 de março de 2008

Lembrou-me as dicas, igualmente surreais, apontadas por meu mano Luiz Antonio Simas, aqui.

Até.

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>A INACREDITÁVEL OPINIÃO DO BIAL

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O inacreditável SEGUNDO CADERNO de O GLOBO, que em tese deveria ser um caderno voltado para a cultura, publica hoje, sexta-feira, uma inacreditável reportagem com o título UM FENÔMENO LONGE DE SE ESGOTAR – ESPECIALISTAS DEBATEM O PODER DE MOBILIZAÇÃO DO BIG BROTHER BRASIL, QUE BATEU RECORDE EM SUA OITAVA EDIÇÃO, trazendo, além da opinião desses “especialistas” (impossível não guinchar de tanto rir), uma mini-entrevista com o também inacreditável Pedro Bial.

reprodução de TV, publicada no SEGUNDO CADERNO de O GLOBO de 28 de março de 2008

O jornalista (é de chorar de rir, não?!), que apresenta esse lixo de programa… Pausa. Breve pausa. Vamos a um pequeno cálculo, brevíssima digressão.

Leio, incrédulo, que durante a disputa pelo primeiro lugar (o tal do paredão final), 76.000.000 (isso mesmo, setenta e seis milhões) de ligações foram feitas para o 0300 disponibilizado pela TV GLOBO, para que o público escolhesse entre as duas azêmolas que disputavam R$1.000.000,00 (um milhão de reais). Não faço idéia do custo da ligação… Mas pesquisando, muito por alto, no GOOGLE, cheguei ao valor de R$0,31 (trinta e um centavos), mais os impostos. Temos, então, que APENAS no dia do último programa, o faturamento da emissora foi de R$23.560.000,00 (vinte e três milhões quinhentos e sessenta mil reais).

Além disso, o lixo, que acaba de encerrar sua oitava edição (parece que em nenhum outro lugar do mundo o troço foi tão longe…), mantém extensa rede de tentáculos visando uma lucratividade cada vez maior, em cima dos imbecis que acham importante participar, de uma maneira ou de outra, do BBB. Vejam isso aqui e me digam se não é inacreditável… Trata-se do site do SHOPPING BBB, através do qual pode-se comprar produtos usados pelos participantes do programa.

Um nojo. Com a ênfase szegeriana.

Mas vamos ao Bial.

Durante a inacreditável (é rigorosamente proposital a repetição) entrevista, Pedro Bial compara o BBB ao futebol. Compara a paixão do brasileiro pelo BBB (!!!!!) à paixão do brasileiro pelo futebol!

Basta ler esses dois trechos que destaquei, abaixo.

trecho de entrevista com Pedro Bial, publicada no SEGUNDO CADERNO de O GLOBO de 28 de março de 2008
trecho de entrevista com Pedro Bial, publicada no SEGUNDO CADERNO de O GLOBO de 28 de março de 2008

É para concluir e perguntar:

01) não faço parte da classe A, com a graça de todos os deuses;

02) que botequim freqüenta o Pedro Bial?;

03) quem são os homens (é de guinchar de rir, de novo) que o Pedro Bial conhece que pautam (ui!) suas conversas com o BBB?;

04) as regras do futebol são um “elemento complicador”?

Meus poucos mas fiéis leitores… Às vésperas do final de semana, me faltam forças para prosseguir comentando (e batendo) sobre essa idiotice destacada no caderno de cultura (!!!!!) do jornal O GLOBO.

Tenham todos um bom final de semana.

Até.

PS1: ergo, daqui do balcão, de pé diante de uma caldeireta de chope com espuma espessa, um brinde a uma figuraça que conheci na terça-feira, durante o lançamento do livro do Loredano e do Simas, no Paço Imperial: à Nadja, que se apresentou como leitora diária das bobagens que escrevo aqui, e que fez questão de tirar uma fotografia comigo e com a Sorriso, que foi como ela chamou, carinhosamente, minha menina. Ô, Nadja, manda essa foto pra mim por email, ? Beijo e bom final de semana!

Ah, sim… Dois detalhes que me escaparam… A Nadja é tia do Simas e, em nome da verdade, a primeira frase, exata, que me disse, foi:

– Ô, meu filho… Todos os dias, assim que eu chego no trabalho, a primeira coisa que eu faço é ler o BUTECO, depois leio o blog do Simas e depois leio aquele do Bruno, seu amigo de Campinas!

A neta, ao lado, completou:

– E ela imprime tudo, todos os dias…

É ou não é uma figuraça?

PS2: acho que achei a resposta para a pergunta 02 que eu mesmo fiz, acima… Vejam aqui… Onde mais seria se não no Leblon, no Conversa Fiada?

trecho de matéria publicada na VEJA RIO de 02 de novembro de 2005

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>CHEGA DE SAUDADE

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Fui ao cinema, ontem, depois de 150 anos, com minha Sorriso Maracanã. Como minhas últimas experiências foram entre o América e o Carioca, na Praça Saens Peña, o programa assumiu contornos ainda mais espetaculares já que fomos a um tal de KINOPLEX, no Shopping Tijuca, cinema com lugar marcado, cadeiras confortabilíssimas e uma pipoca a proibitivos R$8,00, um pouco mais barato que o preço do ingresso e o equivalente a uns quatro quilos de milho para pipoca (convencional, não a detestável para preparo no microondas) no Mundial da rua do Matoso.

Feito o intróito, vamos em frente.

Não tenho e não terei, aqui, a pretensão de escrever qualquer espécie de resenha sobre o filme que fomos ver – CHEGA DE SAUDADE, da diretora paulista Laís Bodanzky – eis que me faltam o domínio da técnica para tal e mesmo bagagem cinematográfica. Razão pela qual seguirei, como é rotina no balcão, pelos trilhos da emoção – pura e simples.

Penso que o filme, que é brasileiríssimo, custou muito pouco. Todo ele se passa no Clube União Fraterna, no bairro paulistano da Lapa (alô, Szegeri!), único cenário da história, e que no filme chama-se, é claro, Clube Chega de Saudade.

Passa-se no salão do clube, durante um baile, num desses bailões de salão, à moda antiga, onde quem desfila, a bem da verdade, é o Brasil. Eu disse, com os olhos ligeiramente marejados enquanto descia as escadas atapetadas do cinema:

– Quem não gostou do que viu, não gosta do Brasil!

Tive as mãos afagadas por uma velhinha, na casa dos 80, que me disse:

– É isso…

A história gira em torno dos pequenos dramas dos personagens, como o casal Alice (Tônia Carrero em comovidíssima atuação) e Álvaro (Leonardo Villar, idem, idem, idem!), casal cheio de manias e de mágoas, mas também cheio de carinho e de intensa ternura.

Leonardo Villar em foto de divulgação do filme CHEGA DE SAUDADE

Gira em torno da jovem Bel (Maria Flor), namorada de Marquinhos (Paulo Vilhena), responsável pelos equipamentos de som do clube, e que se deixa levar pela lábia do típico malandro de salão, Eudes (Stepan Nercessian), para desespero de sua mulher, Marici (Cássia Kiss, a grande atuação do filme!), e também de seu namorado, ciumentíssimo.

Há ainda Elza (Betty Faria) e seu sofrimento pelo abandono e pela sensação de declínio, mulheres que amam homens casados e homens casados com amantes em volta, uma mulher rica, Rita (Clarisse Abujamra), que vai ao baile movida pelo tesão, e – grande personagem, esse!!! – o garçom Gilson (Marcos Cesana), perfeito como o garçom nosso de cada dia, aquele que tudo vê, tudo sabe, nada vê e nada sabe, se é que me faço entender, e que entende o drama de cada um e que age como verdadeiro anjo da guarda de bandeja em punho.

As histórias desenrolam-se não apenas num único cenário, mas também em uma única noite, durante o baile (repertório sem tirar nem pôr, retrato fiel dos bailões urbanos, e aqui mesmo, na Hadock Lobo, há o Clube Municipal que não me deixa mentir!) em que os cantores Elza Soares e Marku Ribas, fazendo o papel de casal-crooner da casa, dão show de bola.

Em tempos de estética-acima-de-tudo, de belezas impostas por parâmetros estranhos à nossa gente, fiquei felicíssimo por ver tão intensa exibição de mãos trêmulas, rugas mal-disfarçadas, marcas intensas de expressão, jogando pra escanteio o padrão que assola o mundo moderno, voltado apenas para a (falsa) perfeição de modelos que não chegam ao dedão do pé (mostrado inúmeras vezes!!!!!) da Tônia Carrero.

Não sei como se fala isso… Não sei se é fotografia… Não sei se é simplesmente a câmera do filme… Mas as tomadas (é assim que se fala?!) são comoventes, turvas quando são os olhos dos mais-velhos, cruéis na exposição das fraquezas, sinceras na crueza das emoções de um olhar, de um par de mãos, de quatro pés valsando.

Lembrei-me, no final do filme, agudamente, enquanto discutia sobre ele com minha menina diante de portentosas peças de sushi no glorioso Mitsuba, na não menos gloriosa Tijuca, de meus queridos Fernando Szegeri e Bruno Ribeiro que, se ainda não viram o filme, deveriam fazê-lo o quanto antes.

Os dois – digo isso sem medo do erro – amam o Brasil de forma torpe.

E amarão – cobrarei deles isso depois – o filme, como eu amei.

Até.

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>25 DE MARÇO DE 2008

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A noite da próxima terça-feira promete um programaço imperdível. Eu, que sou um assumido fanático pelos amigos, ainda que, neste específico caso, ausente por conta de umas férias mais-que-necessárias, quero recomendar a vocês, vivamente, o lançamento do livro do meu mano Luiz Antonio Simas (do obrigatório HISTÓRIAS DO BRASIL, clique aqui), em parceria com Cássio Loredano, sobre J. Carlos, o grande caricaturista brasileiro do século XX – o livro chama-se O VIDENTE MÍOPE. Na mesma noite, será lançado, também, livro de Julieta Sobral, O DESENHISTA INVISÍVEL, ambas editadas pela Edições Folha Seca – a editora do meu coração. Clique no convite abaixo para mais detalhes.

convite para lançamento de livros no Paço Imperial em 25 de março de 2008

Ainda na mesmíssima noite, no Paço Imperial, na Praça XV, canto da cidade com mais axé que nunca neste ano em que comemoramos os 200 anos da chegada da Família Real ao Rio de Janeiro, será lançado o portal MEMÓRIA GRÁFICA BRASILEIRA, que reunirá acervos, exposições, comentários e publicações em torno de grande parte dos impressos produzidos no Brasil desde meados do século XIX – selos, embalagens, rótulos etc.

O primeiro item do acervo a ser apresentado é o portal J. CARLOS EM REVISTA, que poderá ser visitado aqui, que reunirá um colossal banco de dados através do qual se poderá folhear as revistas O MALHO e a PARA TODOS, página a página, entre 1922 e 1930.

Tais revistas, como em geral todas as revistas publicadas nos anos 20, eram impressas, em grande parte, em papel jornal, um papel que envelhece mal, e cuja fibra, com o tempo, tende a trincar, rachando as páginas.

Preocupados com o gravíssimo estado de conservação de algumas destas revistas, Cássio Loredano e Julieta Sobral desenvolveram este projeto, com o apoio da PETROBRAS, que tem como primeiro objetivo digitalizar, em alta definição, nove anos de duas das publicações mais importantes no cenário nacional da época.

Bacana é que, no livro em parceria com o Loredano, nosso Simas contextualiza, para deleite do leitor, as caricaturas do J. Carlos.

Ou seja, meus poucos mas fiéis leitores: na terça-feira não há o quê pensar…

Todos ao Paço Imperial!

Até.

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>RIO SHOW – A MATÉRIA

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Depois de, na semana passada, ter escrito o texto UMA SEMANA ANTES (leiam aqui) e de ter provocado intensa discussão (até o momento 38 comentários!!!) quando escrevi CRÔNICA DE UMA MORTE ANUNCIADA (leiam aqui) – ambos sobre as conseqüências da matéria que sairia hoje na revista RIOSHOW, de O GLOBO -, volto ao balcão hoje, feriado, apenas para lhes mostrar a capa, o título e o subtítulo da dita cuja.

capa da revista RIOSHOW de 21 de março de 2008

Não vou, daqui, sob pena do enfado coletivo, ficar dissecando o texto da matéria e expondo no balcão do BUTECO as pequenas barbaridades, as baboseiras olímpicas, contidas aqui e ali.

Quase não resisto, quem me conhece sabe bem.

Mas definitivamente não irei fazê-lo. Quem quiser que faça isso…

O espaço no balcão é imenso e os comentários estão aí pra isso mesmo.

Além do mais, todos os dois alertas que dei, na semana passada, foram apenas sobre as conseqüências da matéria, e não sobre seu conteúdo.

Conteúdo que (não resisto…) me trouxe algumas agudas surpresas. Exemplo?

Fiquei arrasado com isso… Eu não tenho um único livro, de autoria do meu mano Luiz Antonio Simas, sobre samba, ele que, segundo o autor da matéria, “também é autor de livros sobre o ritmo”.

Em frente, pra terminar.

E eis o que eu temia – e ainda temo.

título e subtítulo da matéria publicada na revista RIOSHOW de 21 de março de 2008

A rua do Ouvidor NÃO É e NÃO PODE se transformar num point (ele tinha que usar um nomezinho desses…) aos sábados.

Até.

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>ROMANCE DE DOMINGO NA TIJUCA

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Vocês hão de se recordar da história que contei, em 11 de fevereiro de 2008, ROMANCE DE DOMINGO NA TIJUCA, que pode ser lida aqui, sobre a abordagem, elegante, feita por um malandro, a quem jamais havia visto, a uma mulher que chegou ao balcão do Bar do Chico enquanto eu esquentava as turbinas depois da feira. Cena hilária, carimbada com o selo T.E.B. (TIJUCA EM ESTADO BRUTO), digna de antologia.

Pois voltei, domingo passado, como sempre, à feira da Vicente Licínio e ao Bar do Chico, na esquina forte da Afonso Pena.

A cena, creiam em mim (sou preciso do início ao fim), foi a mesma. Cheguei-me ao balcão depois de ter deixado as duas bolsas de palha dentro do carro, estrategicamente estacionado em frente ao buteco. Pedi uma mineral gasosa e uma Brahma, que saltou de dentro da geladeira com a penugem de gelo que comove o coração de um biriteiro.

Havia uma única mesa na calçada, e quatro cabeças brancas dividiam cerveja, doses de conhaque, uma porção de provolone e os palpites sobre o Flamengo e Botafogo daquela tarde.

Até que chega uma moça, entre os dezoito e os vinte anos, de vestidinho longo e sandálias Havaianas – brancas. Linda, cabelos ainda molhados, tem sobre ela, cravados, doze olhos sem piscar. Suspende uma bolsa plástica, dessas de supermercado, entrega quatro cascos ao Chico e diz:

– Quatro Brahmas, Chico, por favor.

Um dos coroas da mesa diz em voz alta:

– Você deveria ser detida, menina…

Ela não olha. Entrega a nota de vinte ao Chico, recolhe o troco, toma da bolsa com as quatro garrafas, vai até a esquina, ajeita-se na bicicleta e sai pedalando em direção à praça Afonso Pena.

Um outro velha-guarda, rindo, diz:

– Ô, Portela, qual foi, hã? A menina deveria ser detida? Desembucha, velho!

Seu Portela então levanta-se, o copo de conhaque na mão esquerda, a mão direita em concha exibindo o volume sob a bermuda, e grita:

– Perturbação da ordem púbica, porra!

Foi aplaudidíssimo.

Até.

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>CRÔNICA DE UMA MORTE ANUNCIADA

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Vocês hão de se recordar, mas caso não recordem, irei ajudá-los. Em 16 de setembro de 2006, um sábado, a rua do Ouvidor viveu uma tarde mágica, retratada por mim, humildemente, em LUZES NA RUA DO OUVIDOR, em publicação de 19 de setembro do mesmo ano – leiam aqui. Lendo este texto, vocês verão que na tarde do dia 02 de setembro começou a ser tecida a beleza daquele dia. Os comentários ao texto – do Pratinha, do Simas, do Moutinho, da Betinha, da Guerreira – dão bem a medida do que foi aquilo. E eu fechei o texto com o seguinte parágrafo, do qual destaco o que vai abaixo:

“(…) – a tarde de 16 de setembro de 2006, primeiro capítulo de uma História, maiúscula, que está apenas começando, (…).”

De lá pra cá, meus poucos mas fiéis leitores, a rua do Ouvidor, aquele canto sagrado da cidade onde está assentado o axé que torna única a cidade do Rio de Janeiro, viveu diversos momentos inesquecíveis, mágicos mesmo, tendo quase sempre o samba como protagonista, força capaz de unir ali gente da melhor qualidade em busca de, apenas e tão-somente, samba.

Basta ler ELE MERECIA QUE FOSSE COMO FOI (aqui), sobre o samba dos 40 anos do Rodrigo Folha Seca, UM SÁBADO MAIS QUE CARIOCA (aqui), sobre um encontro marcado de última hora na rua do Rosário, em frente ao Al-Fárábi, OS 40 ANOS DO SIMAS (aqui), sobre a festa do meu mano querido, também na rua do Rosário, FAVELA NO RIO – PARTE I (aqui), sobre a ida do Favela ao samba na Ouvidor, e o mais recente, O PRESENTE DO GABRIEL (aqui), sobre o presentão que eu, sem modéstia, dei a ele neste dia.

Lendo (ou relendo) tais textos, relatos das tardes que vivi na Ouvidor e arredores, percebe-se a beleza que cerca cada encontro dos amigos ali, espontânea e desinteressadamente.

E eis que eu, na sexta-feira passada, sem com isso querer ser o profeta do caos, escrevi UMA SEMANA ANTES… (aqui) alertando para o risco, iminente na minha opinião, de uma conspurcação nociva e fatal para o samba que acontece, aos sábados, quinzenalmente, na rua do Ouvidor.

Sair na capa da revista RIOSHOW, de O GLOBO, alvo de uma matéria que será assinada pelo mesmo homem que assina a coluna PÉ-LIMPO (publicada na mesmíssima revista), representará – torço, no fundo, para que eu me engane – um gigantesco retrocesso no processo espontâneo (repito propositalmente) que gerou cada um dos sambas da Ouvidor. A decisão, que não me cabe contestar, de tornar quinzenal a roda de samba já foi, de certo modo, um golpe nessa espontaneidade que dava ainda mais beleza a tudo. Mas o troço ainda se mantinha, mesmo com notado crescimento no fluxo de pessoas, miúdo, contido, bonito demais (também repito de propósito, pô!).

Os efeitos, depois de ser capa, nesta próxima sexta-feira, da revista que já exaltou o que há de pior na cidade, são impossíveis de dimensionar. Mas facilmente detectados antes mesmo da publicação: gente estranha no pedaço que pode dar ao samba da Ouvidor o mesmo destino que tomou e sufocou, à beira do insuportável, o Samba do Trabalhador e o Samba Luzia – para ficar apenas nesses dois (pigarro) eventos.

Até.

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>UMA SEMANA ANTES…

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… quero avisar, meus poucos mas fiéis leitores, justamente para que, na sexta-feira que vem, eu possa dizer a vocês:

– Eu não disse?

capa da revista RIOSHOW, encartada em O GLOBO, de 14 de março de 2008

A revista RIOSHOW, encartada às sextas-feiras em O GLOBO, traz hoje paupérrima matéria sobre os painéis espalhados pelos bares da cidade. Paupérrima porque não há nada de original no tema (batido e rebatido inúmeras vezes na pobre imprensa carioca) e porque, também, não conta nada de novo ou de interessante. Dito isso, em frente.

Já que falei em pobreza, notem, assim, de passagem (nem me darei ao trabalho de me debruçar e vomitar sobre o assunto), a capa da revista PROGRAMA, encartada no JB, também às sextas-feiras. O empregado do jornal (ou freelancer, não sei…), de nome Carlos Braga, dá espaço a esse crime, esse nojo, essa conspurcação do chope, sugerindo misturar a sagrada bebida ao uísque, à vodka, à cachaça ou mesmo a um licor. Sem comentários.

capa da revista PROGRAMA, encartada no JB, de 24 de março de 2008

E já que falei em conspurcação, temo que saia conspurcada, depois da matéria que será publicada na sexta-feira que vem na revista RIOSHOW, a gloriosa roda de samba quinzenal que acontece na rua do Ouvidor.

O mesmo cara que assina a matéria de hoje, na RIOSHOW – o responsável pela também quinzenal coluna PÉ-LIMPO, publicada na mesmíssima revista – assinará uma matéria sobre os antológicos sábados naquele canto da cidade. Espero, francamente, que não destrua o que há de mais bonito naquilo ali.

Até.

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