Arquivo do mês: outubro 2009

>A INSUPERÁVEL RIO SHOW

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Eu quero repetir hoje uma frase que venho dizendo há anos e que seria, confesso, inimaginável há anos: tenho aguda saudade do doutor Roberto Marinho que, se vivo fosse, não permitiria a bandalha que reina absoluta no jornal O GLOBO, mal conduzido por seus herdeiros.

Nem vou comentar sobre a capa da revista RIO SHOW de hoje, que vem encartada às sextas-feiras, e que traz a foto de um casal gay e na qual se lê o título da matéria (de autoria de Jeferson Lessa)… SER OU NÃO SER, EIS A QUESTÃO.

Isso, como diria o saudoso Stanislaw, deixa para lá.

Quero lhes falar sobre mais uma coluna de Juarez Becoza, codinome de Paulo Mussoi.

Mais uma tremenda falta de respeito, como se vê.

matéria publicada na revista RIO SHOW, de O GLOBO, de 30 de outubro de 2009

Além de trazer uma fotografia de 2008 – o que pode significar que o jornalista sequer esteve lá -, a coluna faz uma crítica babaca ao cardápio bem humoradíssimo, escrito em inglês, que os donos criaram para atender à enorme clientela estrangeira que têm.

Diz o jornalista: “Para completar, que Afonso e Henrique me perdoem, mas não há como…”, nem vou continuar.

O que os donos, Afonso e Herminio, não devem perdoar mesmo, é a troca vergonhosa do nome de um deles.

O HENRIQUE (citado três vezes pelo jornalista) é, na verdade, HERMÍNIO.

É isso que dá (é o que me parece ter ocorrido…) buscar informações pelo telefone, e não in loco.

Detalhe: Paulo Mussoi (ou Juarez Becoza) é um dos notáveis que elaboram o novo GUIA RIO BOTEQUIM. Que tal?

Até.

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SALVE A PRAÇA XAVIER DE BRITO!

Os mesmos fascistas que organizaram uma grita contra o projeto da Secretaria Municipal de Habitação de transferir centenas de famílias que vivem nas favelas da região para um terreno abandonado na rua Conde de Bonfim, na minha Tijuca, (relembrem o imbróglio lendo isso aqui, isso aqui, isso aqui, isso aqui, isso aqui, isso aqui, isso aqui, isso aqui, isso aqui e isso aqui), os mesmos que mantêm um lamentável blog intitulado CITY TOUR DA DESORDEM URBANA (com escassa visitação), comemoram mais uma notinha por eles plantada no igualmente lamentável jornal GLOBO TIJUCA, encartado no também lamentável jornal O GLOBO às quintas-feiras (entendam o modus operandi desse jornaleco, aqui). Digo lamentável jornaleco pois o tal encarte em vez de exaltar o que há de bom no bairro (e isso não caberia em todas as suas edições) pisoteia a Tijuca, semana após semana, e de forma implacável (para delírio dos membros do grupelho intitulado GRUPO GRANDE TIJUCA, que faz reuniões, que traça planos, que fixa metas, bem à moda de outros tantos de triste passado).

Pois hoje, vejam vocês o que foi publicado (e republicado no tal blog a que me referi):

fotografia retirada do blog CITY TOUR DA DESORDEM URBANA

O que é que tanto incomoda aos fascistas?

Se vocês não percebem, eu digo: os pobres, meus poucos mas fiéis leitores.

Reclamar da falta de policiamento, é disfarce.

Reclamar do cheiro dos cavalos (a praça é mais conhecida como “praça dos cavalinhos”, pô!), é disfarce.

Mas eles não conseguem esconder a verdadeira intenção: a frase “as crianças tomaram banho e enchiam a boca de água suja” e a fotografia publicada falam sozinhas e arrancam a máscara dessa gente que não suporta o povo e sua gente mais simples (queriam o quê, uma praça só para seus filhos?, ora, ora, vão viver nos playgrounds detestáveis da Barra da Tijuca!).

Eu, que há anos frequento a Xavier de Brito, que ali bebo meu chope na companhia gloriosa do Pavão e da Dona Jô, para onde levo sobrinhos, sobrinhas, afilhados e afilhadas, onde vou visitar a legendária Dona Olívia e o seu Antônio em seu casarão na Doutor Otávio Kelly (leiam aqui e aqui) sei que a piada de quinta categoria imprimida pelo grupelho (que pouco fez da manifestação do subprefeito da Tijuca, Gustavo Trotta) não faz o MENOR (com a ênfase szegeriana) sentido.

A Tijuca é muito maior do que os que pretendem vê-la por baixo.

Até.

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Arquivado em Rio de Janeiro, Tijuca

>ADVOGANDO

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Costumo dizer, e digo sem medo do erro, que não há advogado mais apaixonado pela profissão que eu. Desde que ingressei na PUC/RJ em meados de 1987, NUNCA (com a ênfase szegeriana) quis fazer concurso algum, NUNCA (com a mesma ênfase) almejei ser Juiz, Promotor de Justiça, Procurador, Defensor Público, nada disso. Sempre quis, desde sempre, ser advogado, simplesmente advogado, nada mais que um simples e honesto advogado.

Hoje, eu que trabalho literalmente sozinho (sou contínuo de mim mesmo, inclusive, como diria Nelson Rodrigues), arrumando uma papelada que fica sempre pra depois em razão dos atropelos do dia-a-dia, deparei-me com essa nota, que foi publicada no jornal O GLOBO, em 22 de outubro de 2003, há pouco mais de seis anos.

nota publicada no jornal O GLOBO em 22 de outubro de 2003

Fui eu o advogado do Dalton.

E se a questão foi simples, e resolvida no mesmo dia, foi também uma dessas que dão a nós, que lidamos com o Direito, uma tremenda satisfação – e no meu caso, apaixonado pelo que faço, ainda maior.

Lembro-me como se fosse hoje.

Comprei uma mesa de oito lugares para o show da Maria Rita. Dei a quem de direito os ingressos. O Dalton, que fora roubado, ficou sem o dele na manhã do dia do show. Fui eu mesmo, com ele, depois de infrutíferas ligações para a gerência da casa, ao CANECÃO, comunicar pessoalmente o fato e pedir o óbvio: que permitissem sua entrada em razão da fácil localização de seu lugar à mesa e, consequentemente, a proibição da entrada do portador do ingresso roubado.

Disse-me a atendente, com ares de dona do mundo, depois de esgotados meus argumentos e meus pedidos:

– Aqui, senhor, nem o Papa entra sem ingresso! Nem o Papa!

Enfurecido – e a ira santa é uma das companheiras ideais para um causídico – fui para o escritório com o Dalton. Colhi sua assinatura na procuração. Dirigi-me ao IV Juizado Especial Cível, distribui a medida liminar e despachei, pessoalmente, com a Juíza. Contei, de viva-voz, detalhadamente o que se passara. Ela, ciosa de seu dever, mandou chamar o Oficial de Justiça. Contou toda a história pra ele. E rumamos, eu e o Oficial de Justiça, para o CANECÃO, com a liminar obrigando a casa de espetáculos a permitir o ingresso do Dalton sob pena de pagamento de pesada multa.

Fiz questão de apontar a dona do mundo para o Oficial de Justiça.

Eis a frase da senhora diante da ordem judicial:

– Mas, doutor Eduardo… precisava disso?

Até.

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>É HOJE, SÃO JUDAS, É HOJE…

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Logo mais, às 21h50min, entra em campo meu Flamengo, em jogo contra o Barueri, por uma rodada que tem todos os ingredientes para ser uma rodada explosiva, um teste pro coração e um manancial de emoções que só o futebol pode proporcionar. É o Botafogo contra o Náutico na luta contra o rebaixamento, São Paulo e Internacional em busca do título, e meu Flamengo, em quinto lugar, que pode varar a noite na liderança do campeonato.

São Judas Tadeu, padroeiro do Flamengo

No dia de São Judas Tadeu, padroeiro do clube, seria perfeito!

Até.

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>1.400 POSTAGENS

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Somente agora, no final do dia, foi que percebi que hoje o BUTECO teve publicado seu texto de número 1.400.

Amanhã volto à carga.

Até.

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>EGO DO BUTECO

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Leio, estarrecido com a indispensabilidade da notícia (publicada no EGO, onde mais?), que “sempre vista em restaurantes naturais do Leblon, no Rio, Carolina Dieckmann parece ter saído da dieta nesta segunda-feira, 26.”. Prosseguindo, o inconcebível portal de informações (?????) diz que “a atriz postou em seu TWITTER uma foto em que aparece devorando um sanduíche. “2 hamburgueres, alface, queijo, molho especial, cebola e picles num pão com gergelim…”, escreveu na legenda.”. Confiram aqui.

O EGO DO BUTECO, sempre imitando deslavadamente o EGO original (cada vez mais patético), e sempre preocupado com gente mais interessante que frequenta lugares igualmente mais interessantes, traz hoje, em primeira mão, a fotografia de uma das refeições feitas por Marcus Mariani Handofsky, nosso querido Hans, da qual tomamos conhecimento também por conta do TWITTER.

foto publicada por Marcus Mariani Handofsky em seu TWITTER

Sempre visto nos mais vagabundos botequins da cidade, Marcus Mariani Handofsky parece ter mantido sua dieta nesta segunda-feira, 26. O artista gráfico postou em seu TWITTER uma foto em que aparece o prato de rabada que acabara de devorar no almoço. “Para que alguns comam filé é necessário que outros comam rabo.”, escreveu, fino e delicado, na legenda.

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>DO DOSADOR

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* como eu lhes contei aqui, em 07 de outubro de 2009 apostei minhas fichas (ainda aposto, infelizmente, mas sem a mesma convicção) no Palmeiras. Ontem cedo, ainda pela manhã, ansioso com a partida entre o Botafogo e o Flamengo às 18h30min – três semanas se passaram e o quadro modificou-se agudamente graças a tropeços do clube palestrino -, bati o telefone para Fernando José Szegeri, palmeirense fanático. Eu ia lhe pedir (e de fato pedi) solidariedade. Pedir que torcesse para o meu Flamengo. Ouvi, do outro lado da linha, impropérios impublicáveis. O homem da barba amazônica, supersticioso como todo torcedor que se preze, atribui a mim a franca queda do Palmeiras. Disse, textualmente, que a partir de minha aposta, feita aqui no balcão, o Palmeiras começou a perder preciosos pontos, pondo em risco o título de campeão brasileiro de 2009. Como eu creio na força da palavra do meu irmão siamês de São Paulo, repito: o Palmeiras será o campeão brasileiro de 2009. Consequentemente – sigo nas sendas da minha superstição – o Flamengo não ficará com o título. Aguardemos as próximas rodadas;

* ainda o futebol. É impressionante, é rigorosamente impressionante como vem jogando o Petkovic – impressionante! Como bem disse Carlos Andreazza em 20 de maio de 2009 (há mais de cinco meses, portanto) – aqui – sua contratação devolveu ao torcedor rubro-negro o mais puro prazer da assistência das partidas, todas elas transformadas em espetáculo a cada atuação do craque – que é, convenhamos, uma das principais funções do craque. Soma-se às nítidas vantagens auferidas após a volta do jogador, a saída – espero que definitiva, embora seja duvidoso que o canalha desista pra sempre do osso que rói como o mais fétido dos ratos (não sei se ratos roem ossos, mas não vou mudar a imagem tétrica que criei) – de Kleber Leite e seus asseclas do comando do futebol do Flamengo;

* ainda o futebol. O maior mérito de Andrade não foi “arrumar o time”, “dar nó tático”, nada disso, nada dessas balelas que os lamentáveis cronistas esportivos tossem por aí. Andrade, que fala a língua dos homens, que entende de futebol com a mesma clareza com que jogou bola, deu a cada um dos jogadores funções indispensáveis no exato limite de cada um. Daí, e por conta dessa mágica simples (mas que só os mágicos sabem fazer), o mais mediano dos jogadores passou a ser imprescindível. E que alegria, meus poucos mas fiéis leitores, ver que a zaga reserva jogou como titular (e como jogou, o menino Fabrício!), garantindo a vitória e os três pontos mesmo com a acentuada queda de produção no segundo tempo. Sem perder há dez jogos, o Flamengo… isso deixa para lá, por questões de superstição;

* ainda o futebol. Prova maior de que o campeonato está equilibradíssimo e de que nenhuma das equipes vem, realmente, jogando o fino do fino, está na mera observação de que nem o líder, Palmeiras, conseguiu vencer pelo menos metade dos seus jogos, o que me parece patético. Já o Fluminense, em tristíssima campanha e já rebaixado (valerá a regra szegeriana nesse caso?), perdeu mais da metade de seus jogos. Irá para a segunda divisão – de onde sairá o Vasco. O Botafogo, a meu ver, fica na primeira;

* ainda o futebol. Adriano, ao lado de Diego Tardelli, é o artilheiro do campeonato até o momento, com 16 gols. Seu gol de ontem, um misto de sorte, competência e força, comprova uma vez mais que ele é forte candidato à artilharia – o que será merecidíssimo, aliás. Tanto se falou do Adriano, tantas críticas, tanta maledicência, que borbotam línguas queimadas por aí;

* ainda o futebol. A rodada de quarta-feira, e as próximas, até a última, hão de pegar fogo. Se o Flamengo cumprir seu papel contra o Barueri, fora de casa, e se São Paulo e Internacional tropeçarem juntos no Morumbi, se o Palmeiras perder pontos para o Goiás no Palestra Itália, e se o Fluminense começar a escalar o poço do rebaixamento contra o Atlético Mineiro no Maracanã – esses dois últimos jogos na quinta-feira… isso deixa para lá;

* ainda o futebol (e hoje só deu futebol). Vale muito a pena ver a entrevista de Zagallo ao portal da Copa do Mundo de 2014, aqui (apenas a primeira parte). Uma vida inteira dedicada ao futebol e um homem envolvido em inúmeras polêmicas ao longo de mais de 50 anos que cruzam a Copa do Mundo de 1950 (com uma curiosidade que eu desconhecia!) e rasgam os calendários até os dias de hoje. Tenho respeito, acima de tudo, pelo velho Lobo.

Até.

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>UM APELO PATÉTICO

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Conforme já havia lhes contado aqui, a coluna GENTE BOA (o nome vai, geralmente, na contramão dos personagens que a frequentam), dia desses, noticiou que o compositor Moacyr Luz, jurado da nova edição do GUIA RIO BOTEQUIM, anda mais preocupado com o limão do mictório do que com o limão da casa. Troço preocupante.

Semana passada, mais precisamente na quinta-feira, o compositor voltou à coluna (que presta, vê-se uma vez mais, um grande serviço ao jornalismo, à cidade – tsc). Dessa vez, fazendo um apelo.

nota publicada na coluna GENTE BOA de O GLOBO de 22 de outubro de 2009

Não custa atender ao pedido.

Sigam o compositor. Aqui.

Até.

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>VEJA: UM NOJO

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A revista VEJA que chega às bancas amanhã traz, na capa, uma mensagem curiosíssima.

capa da revista VEJA de 25 de outubro de 2009

Não tem coragem, a canalha que comanda a revista (que inicia, assim, mais uma campanha contra a cidade do Rio de Janeiro), de completar o pensamento reinante na redação do lixo que é a VEJA: “O POBRE, É CLARO”

Ou eles põem, na mesma conta, os milionários, os políticos, os membros da elite mais odiosa que sentam o nariz no pó servido em bandejas de prata nas festas em que tudo é permitido?!

Um nojo.

Vamos às “outras 14 verdades incômodas sobre o crime no Rio de Janeiro” com meus singelos comentários.

“1 – Quem cheira mata

O usuário de cocaína financia as armas e a munição que os traficantes usam para matar policiais, integrantes de grupos rivais e inocentes. A venda de cocaína aos usuários cariocas rende 300 milhões de reais por ano aos bandidos. Os usuários de drogas financiam a corrida armamentista nos morros. Cada tiro de fuzil disparado tem também no gatilho o dedo de um comprador de cocaína. Os cariocas fingem não ver essa realidade e, quando a coisa fica muito feia, fazem ridículas passeatas “pela paz” ou “contra a violência”. Só haverá algum progresso quando a luta for contra os bandidos e seu objetivo deter o crime.”

Quem vende as armas para os traficantes?! Alguém pobre, algum morador da favela ou mesmo um mero cidadão da classe média?! Ou não seria alguém muito poderoso, muito influente, milionário, frequentador das mais altas e mais podres rodas?! Quanto rende a venda de cocaína aos usuários paulistas?! Como são sórdidos os jornalistas da VEJA… Lutar contra os bandidos significa também varrer os bandidos dos palácios, das câmaras de deputados do Brasil inteiro, do Senado. Ou refere-se, a VEJA, ao bandido do morro, apenas?!

“2 – A cegueira do narcolirismo

Os traficantes são presença valorizada em certas rodas intelectuais, de celebridades e de jogadores de futebol. Isso facilita os negócios do tráfico e confere legitimidade social à atividade criminosa. O goleiro Júlio César, da seleção brasileira, já teve de dar explicações à polícia por ter aparecido num grampo telefônico falando com o traficante Bem-Te-Vi, ex-chefão da Rocinha. Escutas telefônicas revelaram que outros jogadores, como Romário, também mantinham algum tipo de contato com o bandidão.”

Começa a contradição – mas ainda assim a VEJA (que abriga o lastimável Reinaldo Azevedo em suas fileiras) salva a pele da casta. Quer dizer, então, que os jogadores de futebol também fomentam o crime? Sei.

“3 – A tolerância com a “malandragem carioca”

O “jeitinho brasileiro”, a aceitação nacional à quebra de regras, se une, no Rio, ao culto da malandragem que, ao contrário do que parece, não é inocente. Reforça a ilegalidade. No início do ano, a prefeitura demoliu um prédio com 22 cubículos, construído ilegalmente, na Rocinha. Havia uma proprietária “de fachada”, moradora da favela, que conseguiu decisões liminares impedindo a demolição. Descobriu-se depois que o verdadeiro dono do prédio era um morador de classe média da zona Sul.”

Qual o nome do morador de classe média da zona sul?! Eu duvido que seja da classe média – duvido. Nomes de traficantes, de ladrões de galinha, saem nas manchetes. Quem era o verdadeiro dono do prédio?! A VEJA omite.

“4 – O estímulo populista à favelização

Os políticos se beneficiam da existência das favelas, convertidas em currais eleitorais. Elas abrigam 20% dos eleitores da cidade. A invasão eleitoreira se dá por meio de instituições batizadas de centros sociais, mantidos por deputados e vereadores. Em troca de votos, esses centros fornecem serviços que deveriam ser disponibilizados pelo poder público, de creches a tratamento dentário. Transformar a pobreza num mercado de votos mostrou-se um negócio lucrativo. Quase metade dos deputados estaduais fluminenses e 30% dos vereadores cariocas mantêm centros sociais.”

Ótimo. Esses vereadores têm nome. A VEJA, de novo, omite. E não apenas as favelas são currais eleitorais. Mas como o que a VEJA quer, mesmo – como grande parte da elite covarde que não assume o desejo – é o extermínio da população que vive nas favelas (por absoluta falta de opção), interessa a informação rasteira, sem o aprofundamente que a questão exige.

“5 – O medo de remover favelas

Os aglomerados de barracos, com suas vielas, são o terreno ideal para o esconderijo de bandidos. É hipocrisia tratar a remoção como desrespeito aos direitos dos moradores. As favelas não param de crescer. Um estudo feito pelo Instituto Pereira Passos (IPP) mostrou que, entre 1999 e 2008, o aumento de áreas faveladas na cidade foi de 3,4 milhões de metros quadrados, território equivalente ao do bairro de Ipanema. O número de favelas no Rio passou de 750, em 2004, para 1.020 neste ano. A maior parte das novas favelas tem menos de 50 barracos.”

Remoção – não é demais repetir – é usada para lixo, cadáver e favela. Coberturas na orla do Rio de Janeiro também são esconderijo de bandidos – mas estes bandidos a VEJA não aponta, não combate, não nomeia.

“6 – Fingir que os bandidos não mandam

Eles mandam. Indicam quem vai trabalhar no PAC e circulam livremente com seus fuzis próximo aos canteiros de obras do principal programa do governo federal. Decidem sobre a vida e a morte de milhares de inocentes. Tortura e assassinato fazem parte da rotina. Um dos métodos de execução é o “microondas”, um improvisado forno crematório no qual a vítima é queimada viva, depois de ser torturada. A barbárie foi mostrada para o país inteiro em 2002, quando o jornalista Tim Lopes, da TV Globo, foi capturado e morto em um “microondas” por traficantes da Vila Cruzeiro.”

Matam os políticos que desviam verba, que roubam, que corrompem e são corrompidos. Cada criança, cada homem, cada mulher, cada velho e cada velha que morre por falta de atendimento nos hospitais públicos, grande parte deles em pandarecos, é assassinado pela corja que rouba – mas que não incomoda, vê-se, a revista VEJA.

“7 – Combater crime com mais crime

O governo incentivou a criação de grupos formados por policiais, bombeiros e civis para se contrapor ao poder do tráfico. Deu o óbvio. Onde esses grupos venceram, viraram milícias e instalaram a lei do próprio terror. Atualmente, mais de 170 favelas são dominadas por milícias no Rio de Janeiro. Esses bandos exploram clandestinamente serviços como venda de gás, transporte e até TV a cabo. Com os traficantes desalojados por eles, matam e torturam inocentes nas áreas dominadas.”

Há milicianos vereadores, deputados estaduais, deputados federais e senadores. Eles, também, não incomodam a VEJA.

“8 – Marginais são cabos eleitorais de bandidos

Muitas associações de moradores funcionam como fachada para que criminosos apareçam como “líderes comunitários” e possam fazer abertamente campanha por seus candidatos. Na Câmara dos Vereadores e na Assembléia Legislativa existe uma “bancada da milícia”.
O caso mais emblemático é o de Nadinho, que acumulou as funções de líder da milícia e de presidente da Associação de Moradores da favela Rio das Pedras. Quando ele ocupava esse posto, só fazia campanha por ali o político que “fechasse” com Nadinho, que foi um importante cabo eleitoral do PFL e elegeu-se vereador pelo partido, o mesmo do ex-prefeito César Maia. Acabou assassinado este ano. Na Rocinha, a atuação como líder comunitário garantiu a Claudinho da Academia uma vaga de vereador. No caso, com o apoio do tráfico de drogas.”

Há mais, muito mais políticos no mesmo papel. Nomes, VEJA, nomes.

“9 – A corrupção torna a polícia mais inepta

A taxa de resolução de homicídios no Rio é de 4%. Em São Paulo, é de 60%.
Isso acontece porque policiais agem como marginais. Um exemplo chocante da atuação de bandidos fardados deu-se na semana passada, quando Evandro Silva, integrante do grupo AfroReggae, foi baleado e morto em um assalto no Centro da cidade. Minutos depois, dois PMs chegaram ao local do crime. Silva ainda agonizava. Eles nem olharam para a vítima. Os policiais correram a achacar os criminosos, que foram abordados e soltos depois de entregar aos PMs o fruto do latrocínio – uma jaqueta e um par de tênis.”

Tenho cá minhas dúvidas de que foi um assalta. Foi, na minha humílima opinião, assassinato mesmo, encomendado. A quem incomodava Evandro Silva?

“10 – As “comunidades” servem de escudos humanos

Os bandidos usam a população civil sob seu domínio para dificultar a ação da polícia. Quando um morador morre e noticia-se que foi vítima do confronto, o bandido vence a guerra da propaganda. Se não houvesse criminosos, não haveria confronto.
Os moradores são massa de manobra dos traficantes. No início do ano, quando o traficante Pitbull, da Mangueira, foi morto durante uma operação policial, bandidos usaram moradores para promover tumultos nos arredores da favela. Quatro ônibus foram incendiados. Cerca de 70 pessoas foram ao enterro do traficante.”

Essa “verdade” é tão sem sentido que, francamente, não merece comentário algum. Milhares de pessoas foram ao enterro do ACM, por exemplo. E mais não digo.

“11 – O governo federal está se lixando

Como o crime no Rio não afeta a popularidade do presidente, a questão não é prioritária. Dos 96 milhões de reais previstos para modernizar a polícia em 2009, somente 11 milhões de reais chegaram aos cofres do estado. Um dos projetos que não foram atendidos é o de identificação biométrica de armas, que permitiria o melhor controle do armamento utilizado pela polícia. Está orçado em 17 milhões de reais. Outro projeto, de 2,6 milhões de reais, é o da aquisição de um simulador de tiros, aparelho em que o policial treina combates virtuais.”

De novo, sem comentários. O governo federal não está se lixando – tenho isso como certo. E a VEJA não sabe que maus policiais (são vários os casos) vendem armamentos para o crime organizado?! Não sabe?!

“12 – As favelas não produzem drogas nem armas

Nunca se fala ou se age decisivamente contra a estrutura profissional e internacional de fornecimento de cocaína e armas aos traficantes cariocas. Inexiste a fiscalização de estradas, portos e aeroportos. A fiscalização nas fronteiras do Brasil é pífia. O país tem em média um policial federal para cada 20 quilômetros de fronteira. Com tão pouca gente, é impossível impedir a entrada de cocaína, principalmente considerando-se que os países que concentram a produção mundial da droga são nossos vizinhos — Bolívia, Peru e Colômbia.”

E quem, senhores da VEJA, quem comanda a “estrutura profissional e internacional de fornecimento de cocaína e armas” para o crime?! Quem?! O bandido que está no morro? Ou membros do mais alto escalão, no Brasil e no mundo?

“13 – O Porto do Rio é uma peneira

Somente 1% dos contêineres que passam pelo Porto do Rio são escaneados para a fiscalização do contrabando de armas e drogas. É uma omissão criminosa, pois 60% do tráfico de drogas se dá por via marítima. Nos demais portos brasileiros é a mesma coisa. O porto do Rio é o terceiro mais movimentado do país, atrás apenas de Santos e Paranaguá. No ano passado, passaram pelo terminal carioca 8,8 milhões de toneladas de cargas. Como é impossível fiscalizar todos os contêineres, a inspeção se dá por amostragem. Policiais que atuam no combate ao tráfico admitem que dependem de denúncia para flagrar carregamentos de drogas.”

De acordo.

“14 – Quem manda nas cadeias são os bandidos

As organizações criminosas comandam a operação na maioria dos presídios brasileiros. Elas cobram pedágios dos presos – pagos lá fora pelos familiares à organização -, planejam e coordenam ações criminosas. Em 2002, Fernandinho Beira-Mar e outros chefões do tráfico lideraram uma rebelião que terminou com quatro detentos mortos em Bangu 1. Os líderes da rebelião foram transferidos, mas a situação não se alterou muito. Nos últimos nove anos, sete diretores de presídio foram assassinados no Rio.”

Organizações criminosas não comandariam as operações nos presídios brasileiros se não contassem com a participação criminosa de funcionários dos presídios. Isso é óbvio, é evidente. Os diretores de presídio assassinados desagradam, também, aos funcionários corruptos – ou não?!

“15 – Os advogados são agentes do tráfico

Eles têm acesso constitucionalmente garantido aos presos que defendem nos tribunais. Muitos usam esse direito para esconder seu real papel nas quadrilhas: o de levar ordens de execução e planos de ataque. Em 2007, a Polícia Federal descobriu que, mesmo trancafiado no presídio de segurança máxima de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, Fernandinho Beira-Mar continuava comandando seus negócios. Para isso, contava com a ajuda dos advogados e da mulher, também advogada, que o visitava constantemente na prisão. Ela acabou presa, com outras dez pessoas, numa operação da PF.”

Era o que faltava. Culpar os advogados. Maus advogados, advogados criminosos, têm de receber a mesmíssima punição que um médico criminoso, que um político criminoso, que qualquer criminoso.

A VEJA, meus poucos mas fiéis leitores, é muito, mas muito podre.

Até.

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>CENAS TIJUCANAS

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No JB de hoje…

crônica publicada no JB de 24 de outubro de 2009, no caderno IDÉIAS

Até.

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