Arquivo do mês: junho 2006

ACR E UM PLÁGIO

Hoje farei a demonstração de um plágio nojento, às escâncaras. Se encaro a cruzada contra os atentados planejados pelo Joaquim Ferreira dos Santos com bom humor, se comecei há pouco a marcar em cima o J. Lessa e se até a Luciana Fróes entrou na roda, agora é a vez da Ana Cristina Reis, jornalista (risos) que assina colunas no descartável, desprezível e abjeto caderno Ela, do jornal O Globo, ser alvo da ferina caneta que uso no Buteco. Mas o troço agora é mais sério. Trata-se de plágio que é, como se sabe, “a apresentação feita por alguém, como de sua própria autoria, de trabalho, obra intelectual etc. produzido por outrem”, na definição precisa do Dicionário Houaiss.

A Ana Cristina Reis, que não escreve rigorosamente nada de interessante, no dia 19 de março de 2005, mantendo a linha fútil que caracteriza o caderno já citado, publicou matéria intitulada Bistrôs parisienses. Vamos transcrevê-la:

“Entre um restaurante estrelado e outro, tem sempre lugar para um bistrô quando o destino é Paris. Aqui vai uma lista dos meus preferidos, para guardar na agenda. Além de ótima comida, você economiza na conta para depois gastar em comprinhas: os menus custam de 28 a 38 euros por pessoa. Um casal, pedindo sobremesa e vinho, gasta cerca de cem euros. Nada mal para Paris, n’est ce pas? Aqui vão eles:

Aux Lyonnais: Rue St. Marc 32 (4296-6504). É o bistrô de cozinha lionesa de Alain Ducasse com Thierry de la Bosse, do L’Amie Louis. São de ajoelhar os ovos com camarões e cogumelos.

La Régalade: Avenue Jean Moulin 49 (4545-6858). Trocou de chef mas continua superbe com seu leitão à pururuca.

Chez Michel: Rue de Belzunce 10 (4453-0620). Tem o melhor ovo mexido com creme de Paris.

L’Os à Moelle: Rue Vasco da Gama 3 (4557-2727). O filé com tutano é imbatível.

Café Moderne: Rue Notre Dame des Victoires 40 (5340-8410). Peça o dourado com beurre blanc.

Chez Denise: Rue Prouvaires 5 (4236-2182). São famosas suas batatas fritas, que escoltam quase todas as receitas. O pé de porco, supimpa, não é desmembrado: vem com todos os seus 32 ossinhos.”

Que nojo!

Perdoem o desabafo acima, mas tudo vai ficar mais claro.

O que dá a entender a solteirona pernóstica? Em primeiro lugar que é íntima de Paris, o que pode até ser verdade, mas que com o tom que imprime ao texto (que não é seu!) ganha cores de nauseante informação. Em segundo lugar que 100 euros é uma pechincha. Leiam isso aqui e vejam se a moça não mente, além de tudo. Mas enfim… Vamos ao que interessa.

Tenham em mente, entretanto, que ACR lista seis de “seus” bistrôs parisienses “favoritos”, certo? Excelente. Agora tomem nota.

Em 13 de março de 2005, portanto seis dias antes da publicação da imunda matéria assinada pela plagiadora, o NEW YORK TIMES publicou extensa matéria, de autoria de Mark Bittman, intitulada “Does the Affordable Paris Bistro Still Exist? Oui.”. Leiam a matéria aqui (é necessário cadastro, grátis e fácil de fazer!!!!!). Mas você não está com paciência de fazê-lo? Daqui, de pé no balcão imaginário do Buteco, eu mastigo tudo pra você! Eis a matéria, não na íntegra (é enorme e posso mandá-la para quem me pedir por aqui), mas com os principais trechos (nos quais fica evidente o plágio) negritados:

“CHEZ MICHEL

Inside Chez Michel, a cozy neighborhood bistro beyond the Gare du Nord, the atmosphere is a tad nautical, the menu dotted with specialties of Brittany. My companion and I share brouillade d’oeufs, the creamy stew of scrambled eggs and cream, a stew of wild boar and a fantastic brandade de morue, the elegant and classic salt cod mousse – this one served in a little jam jar, beautifully browned on top and accompanied by broiled tomato, tapenade and salad.

The prix fixe bill: 30 euros each, or $40, at $1.35 to the euro.

L’OS À MOELLE

And it is, almost amazingly so, especially the 38-euro prix fixe menu. The seating is fairly comfortable, too, so the couple of hours you spend indulging your palate won’t leave you crippled.

The table is set with good rye bread with a super crust and bulots – the large snails that are so delicious one would happily order them if they weren’t being offered free – served with a parsley sauce. This was followed by a soup of Jerusalem artichokes with crunchy croutons and a shaving of black truffles. My companion opted for seared foie gras, served quite rare, with apples, beet greens and a slightly sweet dressing, while I chose a black truffle omelet. Other highlights: big scallops, served in shells, with root vegetables, lots of butter, and salt, and a huge, gorgeous marrow bone, served with a small steak.

CAFÉ MODERNE

The prix fixe for both lunch and dinner is 30 euros.

In between, the food has its highs and lows: nicely crisped dorade, served with green cabbage, tiny clams and beurre blanc, was a winner, as was risotto with langoustine. Pan-fried chicken stuffed with garlic and herbs, with about a pound of mashed potatoes and a sweet and sour brown sauce, is a bit too straightforward, which isn’t to say it was not good enough to finish. A couple of other dishes were questionable, especially the lasagna with escargot.

LA RÉGALADE

When the ownership (and chef) of La Régalade changed last summer, many of its regulars feared a great thing was gone forever.

When the staff deigns to notice you, you’re brought a pork terrine, along with bread and cornichons. The terrine, which is so silken one might think it contained 80 percent fat, is divine; you could easily get full on this and a glass of Beaujolais, and probably leave without anyone’s noticing.

But that would not be wise. You might miss the exemplary brouillade d’oeufs (with black truffles, for a supplementary charge), and you would not be able to exclaim, as did one of my companions upon cutting into a breast of pork with glistening, crunchy skin and a fork-tender underbelly, “This is the best thing I ever ate in my life.”

The fixed price for both lunch and dinner is 30 euros, and though you’ll undoubtedly select a dish that carries a supplement, at 40 euros it’s still a bargain.

AUX LYONNAIS

There is a 28-euro prix fixe at Aux Lyonnais, but the best offerings are à la carte.

Here, the gutsy food is prepared with great attention, and the service is better than average. (You have to figure that Mr. Ducasse’s staff is reasonably well trained.) I’ve eaten my way through the menu and have yet to find a nondessert dish that I didn’t adore. Eggs cooked in cream with mushrooms and shrimp were universally beloved (one of my companions, who ate this back in October, is still talking about it); a stew of winter vegetables (served in January) was a surefire remedy for midwinter blues, containing chestnuts, salsify, turnips, shallots, onions, potatoes, a load of butter and a bit of good stock.

CHEZ DENISE

The côte de boeuf, served with marrow bones, is theoretically for two but really suitable for a family of four. On my most recent visit I ordered pied de cochon and was served an entire foot, grilled. The waiter mocked me because it didn’t come with French fries – they are really not to be missed – but my companion’s calf’s liver did, and since she was busy with the liver and its mound of bacon, I got my share. The crisp-tender pig’s foot was work, as it always is when the kitchen doesn’t disassemble it (there are 32 bones in a pig’s foot), but it was a chore well worth tackling. Other choices include kidney, brains, steaks and chops, and I’ve yet to find a loser among them. A meal comes to about 30 euros.

The price for a meal for two, with wine and tip, at these six restaurants is about 100 euro, or $135. And though they all accept credit cards, it’s safer to assume that American Express will be refused; take your Visa card or MasterCard. You can travel to all of these places effortlessly (and relatively inexpensively) by taxi, or with a little work by Mètro.

Chez Michel, 10, rue de Belzunce, 10th Arrondissement; (33-1) 44.53.06.20.

L’Os à Moelle, 3, rue Vasco de Gama, 15th; (33-1) 45.57.27.27.

Café Moderne, 40, rue Notre-Dame-des-Victoires, Second; (33-1) 53.40.84.10.

La Régalade, 49, avenue Jean-Moulin, 14th; (33-1) 45.45.68.58. Reservations essential.

Aux Lyonnais, 32, rue St.-Marc, Second; (33-1) 42.96.65.04.

Chez Denise, 5, rue Prouvaires, First; (33-1) 42.36.21.82.”

E o que é que há de importante para verificar?

Os seis restaurantes que a pífia Ana Cristina Reis lista são exatamente os mesmos seis listados pela matéria do NYT.

Os detalhes apontados pela ordinária Ana Cristina Reis são exatamente os mesmos apontados por Mark Bittman. Vamos a eles (estão negritados na matéria do NYT):

01) No CHEZ MICHEL, Ana Cristina Reis recomenda o melhor ovo mexido com creme de Paris; Mark Bittman fala dele.

02) No L´OS A MOELLE, Ana Cristina Reis recomenda o filé com tutano; o mesmíssimo prato citado por Mark Bittman.

03) No CAFE MODERNE, Ana Cristina Reis recomenda o dourado com beurre blanc; Mark Bittman, claro, idem idem idem.

04) No LA RÉGALADE, Ana Cristina Reis, de maneira imunda (usando a palavra superbe), recomenda o leitão a pururuca; mesma dica de Mark Bittman.

05) No AUX LYONNAIS, Ana Cristina Reis diz que são de ajoelhar os ovos… (pausa para vomitar)… Evidentemente que Mark Bittman recomenda o mesmíssimo prato.

06) No momento de comentar sobre o Chez Denise, aí sim, Ana Cristina Reis perde ainda mais as estribeiras como se fosse possível. Ela ainda poderia – sem êxito, digo desde já – dizer que tudo foi uma terrível coincidência (risos). Mas ela exalta o fato de que, nesse bistrô de merda, o “pé de porco, sumpimpa, não é desmembrado: vem com todos os seus 32 ossinhos”. Atentem para o que vai negritado no comentário de Mark Bittman. É de vomitar de novo.

Uma plagiadora. Um embuste.

Ah, sim. Evidentemente que nada aconteceu diante do plágio escancarado que, também é evidente, foi descoberto por alguém. Ana Cristina Reis é editora (risos) do abominável caderno Ela.

Até.

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RISOTTO ALLA MILANESE, A RECEITA

(pro Mauro)

Vejam que beleza. Abro minha caixa de emails e deparo-me com esta doce mensagem:

“Dudu,

Te escrevo após uma frustante tentativa de risoto. E com a prerrogativa que você uma vez me deu, de poder pedir-te QUALQUER COISA, sem que você deixasse de fazê-la, te peço: gostaria de ver amanhã no Buteco, a receita completa do risotto de parmeggiano, com riqueza de detalhes do preparativo!

Obrigado, irmão.

Beijo,

M.”

Atentem para a assinatura: “M”. Assim. Puro. Tem que ter muita autoridade para assinar desse jeito. E o Mauro tem. Mas vamos em frente. Vamos à receita. E vamos aos detalhes, como ele me pediu. Detalhes, aliás, que agradaram em cheio ao Coelho, a quem dediquei as receitas da feijoada completa e da rabada.

Em primeiro lugar, tudo tem de estar à mão, como eu gosto. É mais prático e visualmente muito mais bonito.

E preste atenção, Mauro… (aliás, que me perdoem vocês, poucos mas fiéis leitores, mas vou me dirigir diretamente a ele para que ele sinta, de fato, que atendi a seu pedido)… Darei a medida para quatro pessoas. Você tem direito a apenas um(a) convidado(a). Eu e Dani, evidentemente, somos dois dos quatro.

Tenha por perto uma cebola, um tablete de manteiga sem sal, creme de leite fresco, óleo de milho, arroz tipo carnaroli ou superfino arborio, uma garrafa de vinho branco seco, 1 litro e meio de caldo de carne, 3 envelopes de açafrão italiano e uma peça de parmiggiano reggiano. O caldo de carne pode ser feito com Caldo Knorr, é evidente. Para 1 litro e meio de água eu uso 5 tabletes. Se você quiser impressionar muito e preparar o caldo de carne, anote aí: 1kg de músculo limpo, 3 litros de água fria, 50g de cenoura em pedaços, 50g de salsão em pedaços, 50g de cebola em pedaços, sal e pimenta-do-reino a gosto. Junte tudo numa panela, deixe ferver, abaixe o fogo, tampe a panela, cozinhe por 2 horas, retire do fogo e peneire. Use, é claro, 1 litro e meio dese caldo para a receita.

risotto alla milanese

Prepare o caldo antes de tudo. E reserve um copo ou uma xícara do caldo de carne com os 3 envelopes de açafrão dissolvidos.

Numa panela de fundo bem pesado você vai pôr 4 colheres de sopa de cebola bem picada em 2 colheres de sopa de manteiga com mais 2 colheres de sopa de óleo de milho. E vai dourar a cebola. Menos que dourar, na verdade, vai deixá-la perder o branco, ficar transparente, e colocar 400g do arroz, ou o equivalente a 2 xícaras. Refogue esse arroz, sem deixar de mexer. Note que os grãos do arroz são bem brancos por causa do excesso do amido. Quando estiverem já menos brancos, já bem refogados, despeje na panela uma xícara de vinho branco. Tudo isso em fogo alto.

A cozinha, meu caro, já estará inundada por um aroma de endoidecer. E seguramente você estará com uma belíssima taça de vinho tinto fazendo companhia a você.

Não deixe de mexer o arroz. Nunca.

Quando evaporar quase todo o vinho branco comece a pôr, aos poucos (concha por concha), o caldo de carne quase em ponto de fervura. À medida que for secando o caldo, vá repondo sem deixar de mexer o arroz, que deve ser revolvido no caldo, você assistindo ao espetáculo que é o arroz crescendo e ganhando cor.

Depois de mais ou menos 10 minutos (note que na embalagem do arroz há o tempo de cozimento) não ponha mais o caldo de carne puro. Despeje o caldo de carne com o açafrão. Antes encha sua taça de vinho. Você verá outro espetáculo, o amarelo ouro tingindo o arroz, o aroma inebriante do açafrão tomando conta da cozinha. Mexa por mais uns 5 minutos, um pouco mais se precisar (o arroz deve ficar al dente).

Retire do fogo.

Acrescente uma colher de sopa de manteiga, uma colher de sopa de creme de leite fresco e 8 colheres de sopa bem cheias de parmigiano ralado. Mexa bem. Deixe a panela tampada por 5 minutos.

E sirva.

Estou esperando o convite, mano.

Até.

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>BRASIL 3 X 0 GANA

>

“E não me venham com o papo de que agora-contra-Gana-é-que-são-elas que a seleção de Gana é inocente demais, bobinha demais, para que tenhamos essas cerimônias todas.”

Foi o que escrevi aqui depois da vitória sobre o Japão. A despeito do meu pesadelo africano, confessado ontem, eu não tinha mesmo qualquer dúvida quanto ao êxito da seleção brasileira contra os ganenses. Nem a conservadora escalação do Parreira foi capaz de impedir a mais larga vitória nas oitavas de final dessa Copa do Mundo. Os demais sete países (Alemanha, Argentina, Itália, Ucrânia, Inglaterra, Portugal e França) passaram para a fase seguinte num sufoco que desconhecemos. Levíssimo pigarro e vamos em frente.

camisa do Vidal

Às dez da manhã estava eu no Estephanio´s. Tive o prazer – nada como ter amigos que comungam dos mesmos credos – de dar de cara com Dalton, Flavinho e duas tulipas de chope. Timidamente tomei meu café da manhã (pão com mortadela e um refrigerante) e em questão de minutos eram três as tulipas sobre a mesa. Anotem o exército que foi chegando: Vidal, Fefê, Isaac, Miguel, Maria Paula, Guerreira, Kaká, Zé Colméia, Duda, minha Sorriso Maracanã, Brinco, Yasmim, Mariazinha, Índio, Mauro, Manguaça, Sônia, Fernanda, Ruivinha, Itamar, Alex Justo, Paulo Brasa Denizot, e muito mais gente que nos três primeiro jogos, o que só prova o quanto aquele furdunço, naquela esquina, dá certo.

Três gols por acaso. Três amigos. Foi essa a cara que o final do jogo passou a ter. A celebração do amor que une três homens, três amigos, três irmãos, e quando um quarto entrou em campo um dos três saiu de campo quase que apenas – o acaso – para que se mantivesse o número três a reger o dia. Quando três por acaso amigos se encontram… Vou explicar e vai tudo fazer sentido.

eu e Dalton no Estephanio´s, foto de Paulo Barbosa

Final do jogo e o Dalton cochicha:

– Vamos almoçar no Adonis. Só nós.

Foi no Adonis, há exatos quatro anos, que nasceu a idéia da Confraria S.E.M.P.R.E.. Lá estávamos eu, Vidal e Dalton, em 2002, bebendo numa das mesas daquele bar, também numa esquina, quando o gerente apresentou-se:

– Quero dar os parabéns a vocês. Há muito tempo não vejo uma mesa beber tanto sem perder a categoria. – e nos estendeu uma gravura, até hoje comigo, contendo uma caricatura nossa feita por um artista seu amigo.

Nasceu a idéia.

Daí tomamos o rumo do Adonis, eu, Dalton, Vidal e Dani. A idéia era que a Confraria fosse lá celebrar a data, mas o Fefê precisava ficar no Estephanio´s trabalhando, o Szegeri estava em São Paulo, o Flavinho na casa do Celso e o Márcio Branco na Alemanha. Vidal ainda sem a Gláucia (trabalhando), Dalton sozinho e fomos os quatro então. Mas éramos três, os amigos. Eis o mistério da fé. Seguindo.

No Adonis, mais um capítulo para as lendas que cercam a Confraria.

Estava lá, vazia, no mesmo lugar, a mesmíssima mesa de 2002. Sentamos. E tome brinde. E tome chope, e o chope do Adonis é um dos melhores – na opinião do Fefê é o melhor – do Rio. E tome bolinho de bacalhau. E almoçamos, e brindamos de novo, e choramos por dentro (garanto), e foi tão bonito estar com a minha garota ali, naquele lugar que tornou-se – guardem as proporções, cáspite! – sagrado para nós que dentro de mim o dia era ainda mais bonito.

Vidal, eu e Dalton no Adonis

Tínhamos que ser breves. Havia, ainda, França e Espanha. Voltamos ao Estephanio´s. Encontramos a mesma festa com um pouco mais de porre no ar. Chegou a Gláucia e meu irmão Vidal foi um homem feliz. E tome jogo. E tome gol da França. E desenhava-se o que de fato desenhado está: teremos, no sábado, Brasil e França pelas quartas-de-final. Como diz aquele locutor imbecil da TV Globo, haja coração.

Dalton, eu e Vidal no Estephanio´s, foto de Paulo Barbosa

Daí bateu a fome mais uma vez.

– Vamos ao Huan Lian? – disse a Dani.

Rearrumamos a mesa imaginária, o Dalton não quis ir e fomos os seis, eu e Dani, Vidal e Gláucia, Fefê e Brinco, em direção ao escondidíssimo mas fabuloso restaurante chinês comandado pelo Lin, numa ruela da minha mais-que-amada Tijuca.

Éramos, de novo, três.

Quando partimos os seis, como sardinhas dentro do carro do Vidal, decidimos eu e Dani ficar no Rio-Brasília pra uma saideira.

Foi, de longe, o mais bonito momento do dia.

Beber ali, de pé no balcão, eu e minha garota – mais linda que nunca – foi de um prazer inexprimível.

Todas as fotos do quarto jogo do Brasil, no Estephanio´s, estão aqui.

Até.

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QUARTO JOGO, É HOJE

São seis da manhã. Fui deitar às onze e meia da noite. Acordei umas cinco, seis vezes ao longo da noite. Perseguiram-me a fome (assassinada com dois sanduíches de queijo prato e refrigerante), a falta de sono e um pesadelo africano no qual perdíamos de um a zero na prorrogação.

céu da Tijuca

E daqui a pouco inicio a marcha rumo ao Estephanio´s, que o jogo hoje é ao meio-dia.

Até.

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>E O POMPA FEZ ANOS

>

E eis que chegou mais um 24 de junho, dia em que dá-se o impossível, e explico. O Szegeri, meu irmão paulista, o Pompa, faz anos. “E o que tem de anormal nisso?”, dirão vocês. E eu respondo de pé, indignadíssimo com a falta de sensibilidade alheia:

– Tudo! Tudo! Tudo!

Vou tentar ser didático, o que também me parece impossível.

Não sei se vocês já ouviram falar da Harriet. A Harriet era – morreu na semana passada com 175 anos – a tartaruga mais velha do mundo.

“E o que tem o Pompa a ver com a Harriet?”, insistirão os insensíveis.

– Tudo! Tudo! Tudo! – respondo ainda mais indignado.

O Pompa quando faz anos parece debochar do Tempo. O Pompa, quando posta-se atrás do bolo e sopra as velinhas coloridas ao som do “é pic, é pic, é pic, é pic, é pic, é hora, é hora, é hora, é hora, é hora, rá-ti-bum, Pompa! Pompa! Pompa!” eu sinto-me diante de uma assombração.

O Pompa tem, já disse isso incontáveis vezes, como aqui, séculos de vida, o que faz da Harriet (mesmo depois de morta), por exemplo, um bebê ainda antes dos primeiros passos. Por exemplo, leiam isso:

“Não sei se vocês já captaram a razão do meu choque praticamente anafilático e quase fatal. Fernando José Szegeri já foi criança.

Vejam bem uma coisa. Para mim, que o conheço já há uns 10 anos, o Szegeri nasceu da forma como é hoje.

Barbado. Peludo. Gordo. Já funcionário público e já sonhando com a aposentadoria. O Szegeri, para mim, foi contemporâneo do Borba Gato, o bandeirante paulista. Foi, conta a lenda (que repete-se até hoje), o que mais chorou quando enterrou o amigo, a quem chamava de Borbinha, em 1718. Em 9 de janeiro de 1822, foi Fernando José Szegeri quem deu uma força a D. Pedro I para que ele se mantivesse no Brasil contrariando as ordens das Cortes Portuguesas. Daí meu choque, absoluto, diante dessa confissão.”

Eis aí, nesse trecho, o que explica meu choque quando vejo meu pomposo e dileto amigo comendo brigadeiro e batendo palminha.

bandeirinha de São João sob o céu de São Paulo

Como todos sabem – afinal minha vida é um livro aberto – estive com a Dani em São Paulo para o aniversário do Szegeri e da Iara, uma de nossas afilhadas.

Eu tinha – tenho, na verdade, mas em vão… – muito para lhes contar.

Encontrei muita gente boa, vi e vivi situações hilariantes que renderiam boas histórias, tenho mais de 100 fotografias, enfim… Tudo para que o Buteco, ao longo da semana, pudesse render.

Mas eis que no instante da despedida meu pomposo e barbudo amigo põe as duas mãos nos meus dois ombros.

Aperta-me os omoplatas com intensidade.

Aproxima a boca de meu rosto.

Cofia aquela barba cerradíssima como a Amazônia em priscas eras.

E diz bafejando a centímetros de minha boca aberta de medo:

– Não dê um pio no Buteco sobre nada, entendeu, Eduzinho?

Nem respondi.

Mas cumpro, como se lê.

Até.

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AS FOTOS…

… do terceiro jogo do Brasil no Estephanio´s podem ser vistas aqui!

Fraga, Vidal, Dalton e eu em foto de Paulo Barbosa

 

Até.

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>BRASIL 4 X 1 JAPÃO

>

Começou assim, o dia. Dani foi trabalhar. E eu parti em direção à casa do Fefê e da Brinco para assistir as duas primeiras partidas do dia, EUA X Gana e Itália x República Tcheca. Ah, sim, antes de prosseguir: se você utiliza o InternetExplorer pode ler a legenda das fotos pousando o cursor do mouse sobre as mesmas. Em frente.

jogo no terraço

Lá chegando, a constatação de novo. São impressionantes as mudanças na vida do meu irmão depois da chegada da Brinco. Para dizer o mínimo e não entrar em detalhes, basta dizer que meu siamês morava num chiqueiro; agora ele tem uma casa.

Chegaram papai e Vidal, a Lenda. Algumas muitas garrafas de Brahma depois, terminados os dois jogos, tomamos o rumo do Estephanio´s. Betinha e Flavinho chegaram em minutos. Lelê Peitos também. E foi chegando a escumalha que transforma um jogo no Estephanio´s num momento épico: Bruno, Fraga, Miguel, Maria Paula, Guerreira, João Vitor (o mascote), Kaká, Gláucia, Dani Sorriso Maracanã, Brinco, Yasmim, José Sergio Rocha (o elemento surpresa, eis que não era esperado!), mamãe, Dalton e mais e mais e mais e mais e mais, e o Paulo Denizot, o Brasa, irmão da Fumaça, filho da Incêndio, do Bombeiro, enfim, um membro da família inflamável, outra puta surpresa da tarde.

Fefê e Flavinho
papai e Fraga

Mantendo minha promessa, não tecerei comentários sobre o jogo. Não quero arrumar bochinche com o Szegeri. Agora… que o time cresceu muito com as alterações feitas ontem, cresceu. Ou não, Pompa? E não me venham com o papo de que agora-contra-Gana-é-que-são-elas que a seleção de Gana é inocente demais, bobinha demais, para que tenhamos essas cerimônias todas. Já falei demais. Em frente.

Dani, Gláucia e Lelê Peitos
eu e Dani
Dalton

Como era de se esperar, bebeu-se industrialmente. Eu, descumprindo promessa que fiz a mim mesmo, dei de bater o telefone pro Szegeri que, por sua vez, humilhando-me, não atendia. Daí liguei do celular do Fraga; ele atendeu. Liguei do celular da Betinha; ele atendeu. Liguei do celular do Zé Sergio, ele atendeu. Para me vingar, horas mais tarde, liguei a cobrar de um orelhão. Vê-se, por aí, a quantas andava a escumalha, a quantas andava eu.

Vidal e Guerreira
Zé Sergio
Betinha e Dani

E houve um momento em que começaram as declarações públicas e que normalmente são esquecidas no dia seguinte. A Guerreira aos prantos, me agradecia pela assistência na compra de seu apê, na Tijuca (um dia desses conto sobre o upgrade na vida da Guerreira) e, notem o detalhe!, pelo beijo que lhe dei na testa no momento da assinatura da escritura (nem disse a ela que fiz aquilo também por causa de seu pai, certamente feliz naquele momento). A Brinco me agradecia pela menção que fiz à Shayanne, considerada por ela muito doce. Eu e Vidal gritávamos “vinte anos!” sem parar, e contamos até pra quem não conhecíamos nossa trajetória de Copas desde 1986. O Fraga derramava-se de amores pelo meu pai. E houve uma declaração – mais que uma declaração, uma oferta – que eu também não esqueci!

Eu temo perder os amigos, mais-que-queridos, pra sempre.

Mas decidimos aceitar… Eu e Dani deixaremos, hoje, o Pepperoni, na casa da Betinha e do Flavinho, já que seguimos para São Paulo a fim de comemorarmos o aniversário da Iara, nossa afilhada amada (eu ia dizer aniversário do Szegeri também, mas depois da humilhação que sofri ontem, não digo).

Mantendo uma tradição de há séculos, chamamos o Paulinho (o maior taxista dentre todos), tomamos o rumo do Galeto Columbia, comemos e tomamos o caminho de casa a pé, mãos dadas, passos trôpegos, numa alegria que chegava a doer.

Até.

PS: até o dia de hoje o Buteco tem 386 textos. O Szegeri é citado em 135 deles. O que significa dizer que ele está presente em 34,97% dos textos, com margem de erro de 2% para mais ou para menos.

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>TERCEIRO JOGO, É HOJE

>

É praticamente um amistoso.

Já estamos classificados.

O Japão é um adversário fraquíssimo.

Mas e daí?

três flechas

Já peguei as flechas que me foram entregues a pedido do caboclo que me protege, feitas pelas mãos ágeis da Formosa, minha mãe, e fiz minhas mandingas. Eu sei, eu sei, eu sei que elas têm função, digamos, mais nobre.

Mas quem é racional em tempos de Copa do Mundo?

São pouco mais de nove da manhã.

Já, já, começo a marcha, dessa vez solitária – Dani trabalha até às 13h – em direção à casa do Fefê e da Brinco.

Até.

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>DE QUATRO

>

Ele está conosco desde 14 de maio. Estivemos fora entre 25 de maio e 05 de junho. Ou seja, o Pepperoni não tem nem 30 dias corridos conosco. Mas invertendo a ordem natural das coisas já estamos, os dois, de quatro por ele.

Pepperoni
Pepperoni
Pepperoni

Até.

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>UM ÚNICO TELEFONEMA

>

Sem contar com o texto de hoje, já são 133 as menções ao meu irmão paulista, o Szegeri (que pronuncia-se, eis a primeira surpresa do dia, xêgeri, sendo que o som do g é o do g de gato e não do g de gerúndio…, vamos lá… xêgeri… e que bosta de explicação, francamente!). Mas enfim, 133 citações é muito pouco diante da montanha moral que ele é. Se você duvida escreva o santo nome do meu pomposo amigo no espaço em branco no alto à esquerda e clique em search this blog. Dar-se-á o resultado: 133 postagens contêm szegeri. Uma beleza.

Mas eu dizia que é pouco em se tratando do Pompa. E explico. Se você é daqueles que acha que eu, e apenas eu, penso assim, está redondamente enganado. Isso é um fato. E mais que um fato é uma constatação. Mesmo aqueles que, ao contrário de mim, não vêem no Pompa um mito, o tratam como um mito, mesmo que inconscientemente. O exemplo mais próximo é de ontem. E claríssimo.

Como vocês sabem, fez anos ontem o Dalton. Fui o primeiro a encontrá-lo pouco antes das 18h no Paladino, glorioso armazém no Centro do Rio de Janeiro. E o Dalton foi um homem em estado de festa quando me viu (a recíproca é verdadeira, mas o foco hoje está sobre o Dalton; quer dizer, está sobre o Szegeri, mas é fundamental focar os holofotes no meu irmão carioca para que tudo faça sentido).

Algumas pessoas vão chegando, como o Lara e o Fraga, e o Dalton felicíssimo, mas com um tique nervoso que notei depois da centésima repetição do gesto: os olhos cravados no relógio.

Pequena pausa: apenas eu levei presente. Vamos em frente.

Até que não agüentei. Eram quase oito da noite e pus a mão no ombro do Dalton, àquela altura já não tão feliz:

– O que há, meu chapa?

Não devia ter feito a pergunta.

Os olhos embaçaram.

– Ele não me ligou até agora. – e deu de fungar.

Szegeri em Encontro da Confraria S.E.M.P.R.E. em 22 de agosto de 2005

Eis aí a primeira prova do poder do Pompa: não foi preciso a pergunta “ele quem?”. Sabíamos, ambos, quem era o sujeito.

Notem que impressionante. Era aniversário do cara. Os amigos em volta dele. Uma noite inteira pela frente. E a fixação era a ausência do telefonema do Szegeri.

Tomamos o rumo do Bar do Costa, em Vila Isabel. Chegaram o irmão do Dalton, a cunhada do Dalton, a mãe do Dalton, o sobrinho do Dalton, a família inteira ali, e ele com os olhos no relógio, o celular numa das mãos, os olhos longe, no horizonte da Visconde de Abaeté. Chegou o Vidal pouco antes das dez (também de mãos como se fossem leques, abanando) e o Dalton não esboçou um sorriso.

Tive de partir pouco depois.

Antes, porém, assisti a uma cena patética. Diz a dona Carmen, mãe do aniversariante:

– O que você tem, filho?

E eis a resposta dada aos prantos:

– O que eu tenho?! O que eu tenho?! Pergunte o que eu não tenho, mãe! Eu não tenho um único telefonema do Szegeri! Unzinho! Nada, nada, nada! – e isso dito batendo o copinho americano na borda da mesa ritmando o nada-nada-nada.

Como eu disse, tive de partir. Não sei nada sobre o resto da noite.

Não sei se o Szegeri telefonou e aplacou a dor do meu irmão e cada vez mais meu irmão.

Mas saí de lá com essa certeza ainda mais solidificada: o Szegeri é um acontecimento. Mesmo quando ausente.

Até.

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