Arquivo do mês: novembro 2005

>BREVÍSSIMO RECESSO

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Interrompo, um pouco a contragosto, as narrativas sobre o mais portentoso casamento de que se tem notícia. E foi mesmo. Reuniu-se ontem a Confraria S.E.M.P.R.E. para a cerimônia de posse do Branco, dono de beleza acachapante. E não falou-se noutro assunto que não o casamento da Stê com o Szegeri.

Ocorre que vou, hoje, a Volta Redonda, ao encontro da Sorriso Maracanã, trabalhando por lá essa semana. E aproveito pra tratar de alguns detalhes sobre o lançamento do livro no dia 19 de dezembro, no Galeto Carioca, na Rua 33, na cidade onde reina o Comandante.

Deixo aqui, até segunda-feira, o convite para o lançamento no Rio, no Estephanio´s.

Até.

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S&S – PARTE II

Vamos prosseguir hoje com o relato do casamento da Stê com o Szegeri. Confesso que assustei-me um pouco ao verificar, ao vivo, o poder do humilde Buteco. O Marcão, vejam vocês, o Marcão foi um poltrão olímpico ao se deparar comigo. Vou explicar.

Antes preciso dizer que o Fefê era um excitado à espera do Marcão. Disse-me ele logo cedo:

– O Marcão vem?

– Vem. Por que?

E rolou de rir, o Fefê.

– O que foi, Fefê?

– Ele é igualzinho à imitação do Szegeri?

– Idêntico.

E continou como uma piorra, no chão, o Fefê, relinchando de rir.

Chega o Marcão.

E eu o apresento ao Fefê.

O Marcão faz pequenas mesuras e o Fefê tem crises de apnéia enquanto gargalha.

O Marcão, preciso dizer, já chegou ao casamento levemente bêbado (quer dizer… chegou bastante bêbado, mas como ficou muito mais bêbado ao longo da festa, chegou levemente embriagado, já que valho-me de critérios coerentes).

Mal chegou o Marcão e a Marcela, ajudante do Szegeri e da Stê, serviu-lhe um chope. Mas derrubou o chope na camisa listrada do Marcão.

– Desculpa… – disse uma tímida Marcela.

– Não tem nada, não… – soluçou – Pode derrubar chope, o que não pode é o Edu escrever isso no blog.

E ficou assim, nesse medo, nessa mania de perseguição, o Marcão, durante todo o tempo.

À certa altura eu vi o Marcão engatinhando em direção à chopeira. Tinha na cabeça um cesto de palha como disfarce. Eu, discreto, arranquei-lhe o adereço do pescoço e ele, coitado:

– Pô, Edu… Você não vai pôr isso no blog, vai? Eu prometi à minha mulher que não iria beber…

E eu dando conselhos:

– Deixa disso, Marcão! Cadê ela?

– Trabalhando… – uma lágrima correu de seu olho esquerdo.

– Então beba. Exigir de você a abstinência é egoísmo. Diga que eu o embriaguei.

E ele então foi um homem com o sorriso diante da absolvição. Tomou do balde de gelo e pediu ao Ceará, o tirador de chope, que o enchesse.

– Mas você não vai escrever no blog não, né? – disse derramando espuma na barba.

– Imagina, Marcão! Pode confiar!

Vejam como sou honesto.

Amanhã continuo a falar sobre a festa que, não é demais repetir, foi a maior e melhor festa de casamento em 36 anos de vida. E isso sem as frescuras de um buffet, sem cerimonial, sem frescura nenhuma.

Só samba. Muitos amigos, muita bebida, muita comida e um casal campeão como amálgama de tudo.

Até.

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S&S – PARTE I

Dedicarei a semana inteira ao evento do ano, que chamarei de S&S (Stefânia e Szegeri), o casamento de minha irmãzinha Stefânia e do meu irmão Szegeri, ocorrido neste último sábado, 26 de novembro, em São Paulo. E a semana inteira, sabe-se lá, não será capaz de dar conta de tudo o que houve. Foi, creiam os que lá não estiveram, a maior efeméride da paróquia (começo antigo…).

Furdunço marcado para as 13h, e a Tijuca, sempre ela, deu as caras às oito da manhã na casa vermelha da Rua Camilo, na Vila Romana. Chegamos de mala e cuia eu, Dani, Flavinho, Betinha, Vidal, Gláucia, Fefê, Dalton e Zé Colméia. E houve o prometido café da manhã. E a Stê, dulcíssima, pressionada pelos hunos bárbaros da zona norte carioca, não ofereceu uma garrafa de champagne, mas cinco. Pão com lingüiça, pão com gorgonzola, pães franceses, mortadela, presunto, patês, frios variadíssimos, café expresso italiano, e a escumalha da Tijuca já arrotava, de fazer tremer os alicerces da casa, antes mesmo das nove da matina.

O dia de hoje será dedicado às linhas gerais, digamos assim. Vejam bem quem estava lá.

Além de nós, da escumalha tijucana, Zé Sergio Rocha (egresso da Abolição), Augusto Diniz, Juliana Amaral, Marcão (um dos destaques imbatíveis da festa), Railídia, Robson, Roberta Valente, Fó (irmã do Szegeri, e minha também), Zé Szegeri (pai do noivo) e sua irmã (figuraça sobre quem lançarei luzes durante a semana), Cecília (mãe de meu irmão Szegeri), Capitão Leo Gola, Marina, os Inimigos do Batente, Dani, Erick, Luli, Ana, Iara (a daminha de honra mais linda do mundo) e mais umas 150 pessoas. Isso mesmo. Mais de 150 pessoas compareçeram ao evento e é preciso dizer que, num determinado momento, quando a Dani Sorriso Maracanã e a Luli sorriram ao mesmo tempo, eu tive a impressão de que não caberia mais uma mosca naquele quintal, tamanha a dimensão dos sorrisos. Em frente.

Eu havia lhes contado que o Szegeri comprara 250 litros de chope. Isso foi pra saída. Durante a festa houve um reforço, e foram devastados 400 litros da bebida. A fatada – chamada de flatada no dia seguinte em razão da quantidade olímpica de peidos durante a cerimônia – foi devorada. Farofa de dendê e arroz à vera, tudo sob o comando da Graça, pequena mas gigantesca no quesito “dou conta do recado”. Litros e mais litros de Black & White, que eu e Vidal, praticamente sozinhos, bebemos.

Fez que ia chover e não choveu.

Eu, que aos 36 anos não tenho mais o preparo de outrora, dormi duas vezes durante a festa, e foi isso que me fez acordar às nove da manhã de domingo com disposição pra ir à chopeira.

Amanhã começo a contar os detalhes.

Um, apenas um, vai agora.

Marcão por volta das dez da noite está segurando a haste de um dos toldos.

Eu:

– Marcão… isso não é um poste, malandro… Você vai cair.

– Não é um poste? – e suspendeu o toldo pra desespero dos convidados.

– Não. Você está bêbado, Marcão?

Ele respira fundo, fecha os olhos, arrota e diz:

– Tecnicamente sim.

Amanhã continuo.

Até.

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APERITIVO

Eis, então, a capa do livro que será lançado no dia 12 de dezembro, a partir das 20h, no Estephanio´s, na Rua dos Artistas 130, em Vila Isabel, palco de grande parte das 46 histórias que o compõem. E que, no dia 17 de dezembro, a partir das 13h30min, será lançado no Ó do Borogodó, em São Paulo, na Rua Horácio Lane 21, em Pinheiros. Em Volta Redonda, terra do Comandante, marcante personagem do livro, será no Galeto Carioca, comandado pelo Nando, na Rua 33, no dia 19 de dezembro, a partir das 20h.

A responsável pela beleza da capa é Adriana Moreno, mais uma que foi de uma paciência olímpica comigo, que fez um trabalho belíssimo sobre o desenho do Lan, um mito carioca, e não sou eu que digo isso, são Aldir Blanc e Moacyr Luz.

E isso pra não falar da Marcia Silveira, da Casa Jorge Editorial, que não poupou esforços e esfor$$o$ pra coisa sair bonita do que jeito que está, a maior (eu que sou preciso do início ao fim) editora de que se tem notícia. Junta doçura, arrojo, paciência, coragem e talento, de sobra.

Hoje foi um dia chave, mais um dia D dentre tantos dias D desde que a Marcia me fez o convite pra escrever “Meu Lar é o Botequim”. A Adriana mandou as sugestões de capa, e foi um tal de palpita daqui, palpita de lá, palpita assim, palpita assado, e ela, Adriana, pacientemente, ouvindo o que prestava e o que não prestava, bateu o martelo juntamente com a Marcia e ficou assim, ó, linda, linda, linda.

Eu poderia, é verdade, ter posto aqui a capa completa. Orelhas, contracapa (ou quarta capa) etc etc mas é melhor que eu faça isso mesmo. Lance o aperitivo, mate a curiosidade dos maiores ansiosos do planeta (oi, Betinha, tudo bem, querida?) e reforce, o que farei dia após dia, o convite para o lançamento, quando aí sim!, aí sim!, de pé, não no banco imaginário, mas no banco real, eu erga o copo com cada um de vocês, que torceu junto, sofreu junto, e possamos tomar uma porranca olímpica naquela esquina abençoada de Vila Isabel.

Até.

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CAFÉ DA MANHÃ, UMA SOLUÇÃO

Casam-se no sábado, depois de amanhã, 26 de novembro, meu irmão Szegeri e minha irmãzinha, a doce Stê. O furdunço, marcado para as 13h, promete ser imbatível e entrar pro Guiness. Fernando anuncia 25o litros de chope, caldeirões de fatada, comida pra batalhões, bebida pra cossacos com sede, e é claro, a fartura prometida, somada ao carinho, fez com que decidíssemos, aqui no Rio, partir em bando pra São Paulo. O que gerou pequeno problema que vou explicar.

Partimos às cinco e meia da manhã de sábado, num vôo da Gol, baratíssimo, eu, Dani, Vidal, Gláucia, Flavinho, Betinha, Dalton e Fefê (o Fefê vai de ônibus, mas isso é mero detalhe). Ou seja, chegamos à São Paulo às seis e vinte da manhã.

O que fazer chegando tão cedo?

Vamos a algumas propostas apresentadas pelos oito (eu me incluo):

– Podemos ir direto pra Mercearia São Pedro beber cerveja – eu disse.

– Abre às oito. – disse o Dalton – Acho melhor bebermos no aeroporto mesmo e de lá seguirmos, só às oito, pra esse lugar.

– Vamos chegar meia-noite no Galeão, então… bebemos por lá mesmo… – foi idéia do Vidal.

– Eu voto pelo seguinte: – emendou o Fefê – Vamos direto pra casa do Szegeri. O chope já vai estar no gelo e começamos ali mesmo os trabalhos…

E fui comunicando tudo ao meu irmão paulista (cada vez menos meu irmão, eu devo dizer. O Szegeri, tomado por uma fúria de ciúmes do Zé Sergio, sem qualquer explicação cabível, maltrata-me de forma solene nas últimas semanas).

E eis o que o Szegeri me confessa…

A doce Stê está sem dormir de preocupação. Temendo pela performance dos oito desde às sete da manhã, conseqüentemente temendo pela integridade da casa e dos móveis, temendo pelo tumulto que aventa-se inevitável com oito cariocas de porre já de manhã, queimou a mufa (velho!, velho!, estou cada vez mais velho!) e arrumou uma solução. Bateu o telefone pra mim ontem à tarde e disse, dulcíssima, com aquela voz tão sweet como diria a Dani:

– Oi, Edu… é a Stê…

– Oi, querida!

– Edu… (vozinha de choro)

– O que foi?

– Vocês não vão beber desde cedo no sábado, né?

Eu apenas ri.

– Acho que não – e ri de novo.

– Eu e o Fê pensamos numa coisa muito legal, meu…

(fiquei mudo)

– Vamos servir um baita café da manhã pra vocês… Pães italianos, suíços, broas, bolinhos, patês franceses, queijos de todo o mundo, frutas variadas, sucos, e uma garrafa de champagne.

– Uma? – eu disse sendo tijucano dos pés à cabeça.

Ela desligou.

Comuniquei aos sete a decisão da Stê.

E a minha reprodução fiel do telefonema (“uma garrafa de champagne”) gerou protestos dignos do movimento estudantil em 68.

– Pão-dura! – urrou a Betinha.

– Depois eu é que sou do Cachambi! – protestou o Flavinho, dando tiros pro alto.

– Nem fudendo! – disse o fino Fefê.

– Ai iê iê mamãe Oxum, assim não dá! – cantou o Pai Dalton.

– Ela é italiana ou é judia? – foi o Vidal o autor da pérola.

E eu temo, francamente, pela integridade da cozinha do queridíssimo casal.

Até.

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O PAI DO ILUSTRADOR

Vejam vocês que ontem mesmo, quando escrevi sobre o lançamento do livro, disse em determinado momento “notem o quanto de carinho envolve a coisa”. E é mesmo. Como eu faço questão de sempre postar-me diante do monitor como um cumpridor da precisão do início ao fim, vou lhes contar uma história que envolve carinho, coincidência e uma beleza de enredo.

Antes, porém, uma resposta assim, geral, para os (até então) 22 leitores que tiveram a pachorra de escrever comentários ontem.

Sucesso é um troço mais-que-relativo. E eu não tô atrás dele. Até porque não creio (ou não quero crer) nele. A sensação de ser publicado já é indizível, ainda mais ao lado de craques que me fazem o peixe mais miúdo do aquário. Ter os amigos comigo, nos dias 12 (no RJ) e 17 (em SP) me fará estupidamente feliz. E ponto. Em frente.

Em 1991, tinha eu 22 anos de idade, fui convidado pelo Luiz Vieira pra lançar um livro de poesias que a mamãe – vejam que mãe orgulhosa e tremenda tijucana no gesto! – mostrou ao radialista na Rádio Nacional no final dos anos 80. Daí o Luiz passou a ler as poesias durante seu programa e convenceu um primo, dono de uma gráfica, a editar um livro. E assim foi feito. Dizia ele, “mas olha que menino tão novo escrevendo tão bonito” e por aí. E quem? – eis a pergunta – quem ilustrou a coisa?

Pedro Toledo.

Naquele momento, irmão da minha namorada, um moleque de 17, 18 anos. Desenhava bem – hoje é um estupendo artista – e fez os desenhos, fez a capa etc etc etc

Daí, vida que segue, o namoro terminou, eu casei-me, vacas tentaram destruir meu pasto, separei-me, (re)encontrei a Dani, casei-me com ela e veio o Zé Sergio, lançou a idéia pra Marcia Silveira, que por sua vez comprou o que lhe foi lançado, e quem? – eis a pergunta – quem ilustra o livro que lanço agora em dezembro?

Pedro Toledo.

Notem a beleza da coisa.

O Pepê, como o chamo desde priscas eras (vejam a velhice transbordando pelos vãos do mouse), não é mais um moleque e nem desenha apenas bem. O Pepê é pai de duas meninas e é um artista reconhecido, talentoso, brilhante. Parte de seu trabalho pode ser visto aqui. E contou-me ontem, seu orgulhoso pai, Pepê venceu recentemente um concurso mundial de ilustrações em 3D. Vejam! Vejam! Vejam!

Era o Pepê um imberbe – hoje tem uma barba de Noé, de um viking, de um bárbaro – e eu apontei-lhe o dedo farejando ali o talento inato. A falta de modéstia é, aqui, um exercício, apenas.

Pepê foi contratado pela Editora, fez um trabalho brilhante, vocês verão, e eu fiquei realmente comovido com a percepção da volta que a vida dá.

E por que – tenho certeza de que é o Marcão quem pergunta, um permanente curioso com isso – o título de hoje é “O Pai do Ilustrador”?????

Porque ontem fui beber, no Bar Getúlio, com o Toledo, pai do Pepê.

Pausa brevíssima para contar quem é a mãe do Pepê. É minha mui amada, salve, salve, Glória, hoje morando em Natal, por quem tenho visceral carinho e de quem tenho dito – lendo isso, dona Glória, não me corrija, por favor, eis que a mentira quando é linda deve ser mantida – “tirando mamãe, vovó e Dani, é a mulher que mais me quer bem”.

Bem. O Toledo é um sujeito raríssimo. Bom de papo, bom de copo, um baú de histórias inacreditáveis, praticamente todas impublicáveis (Szegeri, me cobre uma apenas, conto pessoalmente!), e bebíamos ontem no buteco do Catete quando, empolgadíssimo com todo o lance que envolve o livro, que envolve o filho, o Toledo sugere sentar-se comigo, no dia 12, à mesa, pra autografar os livros.

Somente minhas sobrancelhas levantam.

Antes de retrucar, ele emenda:

– Orgulhoso, quero assinar “Toledo, pai do ilustrador”.

Figuraça.

Até.

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>MEU LAR É O BOTEQUIM

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Freqüentadores do Buteco, fiéis leitores, recém-chegados, eis que vem se aproximando o grande dia (ao menos pra mim!). Antes, pausa pros créditos: a foto acima, um instantâneo de um delírio que só o Rio de Janeiro permite, eu batendo um tremendo papo com Noel Rosa, no Boulevard 28 de Setembro, é de Pedro Toledo, meu queridíssimo Pepê.

Vai ser lançado no dia 12 de dezembro de 2005, uma segunda-feira, a partir das 20h, no Estephanio´s Bar, que fica na Rua dos Artistas número 130, em Vila Isabel, na esquina com a Rua Ribeiro Guimarães, meu livro “Meu Lar é o Botequim: histórias, palpites e feitiço sem fim”, pela Casa Jorge Editorial.

Depois de meses de muita ralação, a coisa vai tomando forma e está praticamente pronto o caprichado livro que a Marcia Silveira, editora da Casa Jorge, preparou com imenso carinho. Digo sem medo ou vergonha que o autor é o peixe mais miúdo da coisa. A capa é de autoria do Lan, um mito carioca, um “portelense, bom de samba e coração circense”. O prefácio vem assinado por outro mito, outro monstro das letras cariocas, Aldir Blanc, autor do verso que define o Lan. A apresentação, é feita por aquele que considero o maior escritor brasileiro, autor de meu romance preferido, Fausto Wolff. As ilustrações e as fotos feitas por Pedro Toledo, o Pepê. O projeto gráfico, pela também querida Adriana Moreno. O texto da orelha é de ninguém mais ninguém menos que Fernando Szegeri, meu irmão paulista.

São 46 histórias, contos e crônicas. Dez ilustrações caprichadíssimas. E há o desfile dos personagens que deram e dão cor ao Buteco, e eu espero, sinceramente, que todos gostem do livro como eu gosto.

Pausa pro comercial: será um excelente presente de Natal. Pigarros e vamos em frente.

No dia 17 de dezembro o lançamento será em São Paulo, no meu buteco preferido de SP, o Ó do Borogodó, comandado pela doce Stê e pelo Capitão Leo, durante roda de samba dos Inimigos do Batente, grupo arretado comandado pelo Szegeri e pela minha comadre Railídia. Notem o quanto de carinho envolve a coisa.

Meu muitíssimo obrigado a quem torceu junto – e foi muita gente! – e especialmente ao Zé Sergio Rocha, mentor da maluquice que a Marcia Silveira comprou. E que vocês, eu espero com todas as minhas forças, comprem também!

Depois de São Paulo, vou à Volta Redonda, terra do Comandante, pra lançar por lá o livro.

E vocês que me perdoem, também, mas daqui pra lá vai ser muito difícil, eu diria quase que impossível, eu falar noutra coisa.

A cabeça a mil, a expectativa na lua, enfim, tudo o que um obsessivo precisa pra piorar a olhos vistos.

Até.

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O RIO AMANHECEU CANTANDO

Hão de me perdoar os vascaínos (Aldir, Fefê, papai), os tricolores (Léo Huguenin, Vidal), os botafoguenses (Zé Colméia, Zé Sérgio), os americanos (Antônio Bulhões, mamãe, seu Osório). O Rio amanheceu cantando nessa segunda-feira. O Flamengo venceu a partida de ontem espetacularmente, com um gol aos 47 minutos do segundo tempo, e livrou-se, definitivamente, do fantasma da segunda divisão. “Grande coisa”, dirão os detratores de plantão. E eu gritarei “grande coisa mesmo” de pé no banquinho imaginário. Em tom solene, de missa pagã, eu, Betinha, Flavinho, Dalton, Lelê, Marquinho, Cabreira, tendo à frente um São Jorge montado no cavalo e um santinho de São Judas Tadeu, vibramos e gritamos, gritamos e choramos, choramos e comemoramos a alegria de ser rubro-negro.

E eu comecei dizendo “hão de me perdoar” justamente por isso.

A cidade nunca é tão encantada quando no dia seguinte de uma vitória do Flamengo. Nunca. Tem mais sorriso na cara do povo, tem mais “bom dia” e “boa tarde” ecoando pelas esquinas. E tem mais orgulho nos olhos de cada um.

Novamente os detratores dirão que o time é uma porcaria. E eu grito de volta “é mesmo!”, mas há um diferencial. Houve um diferencial e eu nem quero discutir se seu nome é Joel Santana. De uns jogos pra cá, precisamente nos últimos sete jogos, cinco vitórias e dois empates, o Flamengo teve a seu favor a famosa e decantada mística do manto rubro-negro.

Gols espíritas, bola esbarrando num jogador e indo pro gol, trombadas que viraram lances de perigo, e eis que ontem, no final do jogo, o limitadíssimo Obina acerta uma bomba e dá a vitória ao Flamengo, e o Estephanio´s veio abaixo. Era o que sempre pedíamos, os torcedores contritos diante da TV: a vitória da raça rubro-negra.

E uma conclusão: não havendo condição de disputar o título, e não tínhamos mesmo, com aquele elenco que nem na minha mesa de botão eu escalaria, é bom demais esse fugir desesperadamente do rebaixamento. O campeonato ganha emoção, tintas de tragédia, cores de drama épico, e a gente aproveita tudo, da primeira à última rodada.

E ontem, de pé, depois do jogo, rezando a oração a São Judas Tadeu, fui um homem de fé.

Dei, inclusive – há testemunhas! – de beber ao Jorge, o santo, que há de me perdoar a intimidade (com a licença do Aldir).

Deus me perdoe

essa intimidade

Jorge me guarde

no coração…

Até.

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>ARREMESSADO, DE NOVO, AO PASSADO

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Na foto ao lado, de pé, no meio, trajando camiseta branca, meu pai. A foto foi entregue ao meu velho na semana retrasada, no Estephanio´s, quando os colegas do Instituto La-Fayette reuniram-se para beber (o papo de reencontro era pura balela). Beber do passado, obviamente. E papai mandou-me a relíquia por email ontem à noite. Bastou.

Foi cravar os olhos na foto e pronto. Lá estava eu de bermuda, camiseta listrada de mangas curtas e sandália marrom, de couro (Ortopé, salvo engano), arrastado pelas gigantescas mãos de meu pai em direção à Avenida Presidente Vargas, no carnaval, pra ver de perto os carros alegóricos do Bafo da Onça, do Cacique de Ramos e, eventualmente (duvido que fosse mero acaso), aquelas mulatas de biquini, suas coxas e seus seios, moldando meu caráter, construindo meu edifício e me deixando ansioso pelo porvir.

Vejam bem. Eu ando, como dizer?, um tanto quanto emotivo. É o livro que vem nascendo, é a Dani de trabalho novo viajando horrores e me deixando sozinho e com medo (tenho medos horripilantes de fantasmas), é o casamento do meu irmão Szegeri com minha irmãzinha Stê chegando, e eu fui um sujeito de visão embaçada diante do instantâneo em branco e preto. E eu, que ainda não conheço os passos dessa estrada, que penso que talvez tudo dê em nada, e sem saber de cor os segredos, fiquei diante da fotografia cravando os olhos nos olhos pouco nítidos (na fotografia) de meu pai.

Eu grifei entre parênteses o “na fotografia” porque estou pra ver um sujeito com olhos mais nítidos que os de meu pai.

Há – ou não há? – esse papo de que o pai é sempre o herói do menino. Mas nem sempre é assim. Ouço, demais, queixumes de gente à beça contra o próprio pai. Blasfêmia pura.

Eu, que como todo homem, quando menino, sonhava em ser grande o quanto antes, sou cada vez mais o menino. E arde em mim a chama heróica de meu pai. E aí, enquanto mantinha cravados os olhos na fotografia, eu saía da Presidente Vargas e ia com meu velho, sempre com a mão tomada por suas mãos imensas, comer cachorro-quente da Geneal na Rua Barão de Itapagipe, ver o Flamengo nas cadeiras azuis do Maracanã, cortar o cabelo no Jarbas, na Praça Afonso Pena.

Olhava pela janela, à minha esquerda, diante do monitor, e era alta madrugada. Mas fazia um sol intenso enquanto eu passeava com meu velho pelas ruas da Tijuca, outra paixão fulminante que carrego comigo. Obra dele, outra vez, arquiteto de mim.

Delírio?

Não.

Mas pus o termômetro digital que roubei monumentalmente da Betinha (nunca vou te devolver, tá?) e estava febril.

Senti um cafuné na nuca e era ela. Minha bisavó.

Sorri pra ela e mostrei-lhe a foto de meu pai. Ela sorriu de volta – eu estava com um cigarro aceso – e quando ia dar-lhe um beijo no rosto a vi transformar-se na fumaça que eu expeli depois de uma tragada olímpica.

O quarto cheirava à água de colônia.

Ainda com os olhos nos olhos dele, ouvi uma tremenda algazarra vindo do meu quarto. Levantei-me e havia cinco ou seis curumins dançando a dança da chuva em torno da cama, e chovia tremendamente no lado da cama onde dorme a Dani.

Voltei, deixei os indiozinhos brincando e papai falava comigo pela fotografia, mas a barulhada que os curumins faziam não me deixava entender nada.

Daí fui dormir, e os guris foram de um respeito comovente comigo e com meu sono.

Esqueceram seis pequenas flechas na mesinha de cabeceira. Três ficarão comigo. Três darei a meu pai.

Até.

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>O BONIFÁCIO

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O Bonifácio era tido pelos amigos como um sujeito double face, como sempre anunciava a Nininha, uma das freqüentadoras daquele buteco na Praça da Bandeira, professora de inglês que era tida pelos demais como uma intelectual graças à capacidade de falar três línguas. Era o Bonifácio beber um bocadinho mais, o que acontecia quase que diariamente, e o que vinha de grossura, de inconveniência, não estava no gibi.

Foi o Tuca quem disse num comecinho de noite, finzinho de tarde, escorado no balcão, espremendo limão sobre as sardinhas da porção:

– Quase seis. Daqui a pouco o Bonifácio chega e já viu, né?

Quase profético.

Com as badaladas do sino chega o Bonifácio, atravessando a rua esbaforido, chegando do trabalho.

– Limãozinho da casa, please… – era o Facinho, como era chamado pela turma, imitando a Nininha no inglês de pronúncia detestável.

Às oito o Bonifácio já estava no sexto limãozinho, bebericando a Polar dos amigos, e neguinho, que não perdia uma, formando uma rodinha em torno do encrenqueiro.

Entra um casal jamais visto na área. Ele de terno mal passado e ela com uma barriga denunciando uma gravidez de oito meses.

O casal senta à mesa mas o cara se levanta. Vai ao balcão:

– Minha gente, é possível apagar os cigarros? Minha esposa está grávida…

Todos, sem exceção, puseram as mãos na testa. Sabiam que Facinho não deixaria aquilo sem resposta.

Ele mesmo, Bonifácio, deu um passo à frente. E lançando poderosa baforada de fumaça na cara do elemento, segurando o cara pelo braço, vai à mesa com ele.

Bonifácio faz o cara sentar.

Lança novo rolo de fumaça, agora sobre a grávida. E diz, com o indicador na altura do umbigo da moça:

– Meu brother… O que ´tá aqui dentro é teu?

Não esperou resposta.

– Se tu não tem competência nem pra isso, vai mandar apagar cigarro na puta que os pariu!

O Clélio esboçou reagir mas Edileuza fez “senta, senta, senta, meu bem… deixa pra lá…”.

Bonifácio de volta ao balcão pede um charuto baiano pro Tedesco, gerente da espelunca.

– Não provoca, Bonifácio… – disse o Tedesco já estendendo o robusto em direção ao Bonifácio.

Bonifácio soltava baforadas olímpicas dando um ar de pub ao buteco.

Clélio e Edileuza saíram. E Bonifácio fez questão de ir encontrá-los na porta.

– Bom parto, minha senhora. E você, otário, vê se assume! – e gargalhou como um Zé Pelintra.

Dificilmente alguém tinha coragem de reagir.

Bonifácio tinha dois metros e dez, corpulento, parrudo, uma boca enorme, uma voz potentíssima, e exibia sempre os braços, tatuados, que desencorajavam qualquer esboço de revide.

Entra um taxista, mirrado, coitado, e vai ao balcão. Pede licença à turba junto dele, e diz ao Tedesco:

– Boa noite. O senhor sabe me informar aonde fica o motel Málaga?

Antes mesmo do Tedesco responder, Bonifácio se mete:

– Pra quê tu quer saber?

O famélico motorista passa o Bonifácio em revista, dos pés à cabeça, o que lhe tomou uns bons 20 segundos, e disse:

– Boa noite.

Good night – respondeu Bonifácio.

– Minha esposa me aguarda.

– Puta?

– Bo-ni-fá-cio! – gritou o Tedesco abrindo os braços num apelo.

– Deixa ele. Não. Não é puta não – tremendo visivelmente.

– Vai fazer o que lá, bonitão? – isso dito quase que boca a boca.

– Te interessa?

Bonifácio segurou o Aderbal pela cintura, com as duas mãos engorduradas, o charuto pendendo da boca, e disse:

– Se eu tô perguntando, animal, é porque interessa… Vai me dizer?

– Vou namorar – disse dando tapinhas no ombro do Bonifácio, o taxista.

– Vou contigo. Tedesco, segura a conta que depois eu volto.

– Comigo? – as perninhas balançando no ar.

Any problem?

– Heim?

– Ele perguntou se tem algum problema – traduziu a Nininha.

– Nã… nã… não.

Partiram os dois, Bonifácio levando o Aderbal no colo, assumindo a direção.

– Me esperem. Volto pra contar sobre a performance da vadia!

E partiu gargalhando, entrando na Matoso, o charuto ainda na boca, tomando a direção do Málaga.

Até.

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