Hão de me perdoar os vascaínos (Aldir, Fefê, papai), os tricolores (Léo Huguenin, Vidal), os botafoguenses (Zé Colméia, Zé Sérgio), os americanos (Antônio Bulhões, mamãe, seu Osório). O Rio amanheceu cantando nessa segunda-feira. O Flamengo venceu a partida de ontem espetacularmente, com um gol aos 47 minutos do segundo tempo, e livrou-se, definitivamente, do fantasma da segunda divisão. “Grande coisa”, dirão os detratores de plantão. E eu gritarei “grande coisa mesmo” de pé no banquinho imaginário. Em tom solene, de missa pagã, eu, Betinha, Flavinho, Dalton, Lelê, Marquinho, Cabreira, tendo à frente um São Jorge montado no cavalo e um santinho de São Judas Tadeu, vibramos e gritamos, gritamos e choramos, choramos e comemoramos a alegria de ser rubro-negro.
E eu comecei dizendo “hão de me perdoar” justamente por isso.
A cidade nunca é tão encantada quando no dia seguinte de uma vitória do Flamengo. Nunca. Tem mais sorriso na cara do povo, tem mais “bom dia” e “boa tarde” ecoando pelas esquinas. E tem mais orgulho nos olhos de cada um.
Novamente os detratores dirão que o time é uma porcaria. E eu grito de volta “é mesmo!”, mas há um diferencial. Houve um diferencial e eu nem quero discutir se seu nome é Joel Santana. De uns jogos pra cá, precisamente nos últimos sete jogos, cinco vitórias e dois empates, o Flamengo teve a seu favor a famosa e decantada mística do manto rubro-negro.
Gols espíritas, bola esbarrando num jogador e indo pro gol, trombadas que viraram lances de perigo, e eis que ontem, no final do jogo, o limitadíssimo Obina acerta uma bomba e dá a vitória ao Flamengo, e o Estephanio´s veio abaixo. Era o que sempre pedíamos, os torcedores contritos diante da TV: a vitória da raça rubro-negra.
E uma conclusão: não havendo condição de disputar o título, e não tínhamos mesmo, com aquele elenco que nem na minha mesa de botão eu escalaria, é bom demais esse fugir desesperadamente do rebaixamento. O campeonato ganha emoção, tintas de tragédia, cores de drama épico, e a gente aproveita tudo, da primeira à última rodada.
E ontem, de pé, depois do jogo, rezando a oração a São Judas Tadeu, fui um homem de fé.
Dei, inclusive – há testemunhas! – de beber ao Jorge, o santo, que há de me perdoar a intimidade (com a licença do Aldir).
Deus me perdoe
essa intimidade
Jorge me guarde
no coração…
Até.
>Velho Edu, Vou perdoar o esquecimento de meu nome entre os tricolores… Parabéns pela vitória. Realmente, há alguma coisa de muito estranho nesta recente reviravolta no Flamengo. Algo que a técnica não consegue explicar. E algo que não se limita a mística da camisa ou à raça rubro-negra, que nem foi tanta assim. Prefiro acreditar na trinca de santos jotas que salvou o seu time: Jorge, Judas e Joel. Ou no “Sobrenatural de Almeida”, que tantas vezes ajudou o meu time e agora, assim como o Diego Souza e o Toró, deve também ter se bandeado. Agora, que a cidade amanhece mais feliz, é pura idiossincrasia. Os botafoguenses acham que a cidade amanhece mais feliz porque o Botafogo venceu, os vascaínos também, os tricolores, da mesma forma e os flamenguistas, idem. Não é nada além de como estamos vendo o mundo naquele momento. Seja como for, parabéns pela vitória. E tenha certeza de que nunca torci por coisa diferente. Beijo.
>Quero consignar aqui que a recuperação rubro-negra iniciou-se, mais uma vez este ano, com uma mãozinha palmeirense. Ainda que não intencional, como já aconteceu em antanho…
>Amigo Szegeri..quanta pobreza desses framenguistas……voce esqueceu de dizer que alem da ajuda dos palmeirenses eles tiveram ajuda de uma cria vascaína…..o joel santana a quem prometeram uma estátua caso tirasse o time da sarjeta…
>Falou a Sabedoria…