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Fui assisti-la nesse último domingo, com a Sorriso Maracanã e de lá saímos estupefatos.
Trata-se de um clássico de Nélson Rodrigues. Ouso dizer (sabendo que digo isso no calor do momento) que é talvez o meu texto preferido (talvez não seja, mas é incrível sair do teatro com essa verdade badalando dentro do peito).
A montagem que está em cartaz é assinada pelo grupo Armazém Companhia de Teatro, do Paraná e dirigida por Paulo de Moraes.
No meio de tudo, três tias solteironas (machadianas! machadianas!) que a tudo acompanham, que tudo controlam, e que cuidam do filho único de Herculano, obcecado pela figura da mãe.
A marcação da passagem do tempo, durante o espetáculo, é feita através de portas giratórias que o tempo todo abrem e fecham, justamente como fragmentos da memória de Herculano.
Surpreendente, ainda, nessa montagem, o início da peça, que começa, na verdade, pelo fim, com o suicídio de Geni.
Em “Toda Nudez Será Castigada”, Nelson Rodrigues explora, itensamente sua clássica impressão de que “todo casto é antes de tudo um obsceno”.
E se a peça quando estreiou foi capaz de chocar a assistência (o que os textos de Nelson sempre fez), ainda hoje é capaz, não de chocar, mas de impressionar pela atualidade e pela presença de uma problemática, recorrente, em qualquer relação amorosa. Daí, castos e obcenos, misturados na platéia, entram em êxtase no decorrer do espetáculo.
Um programaço.
E logo ali, na Lapa, dando cores ainda mais rodrigueanas à noite.
Até.
>Tentei ver essa peça quando ainda estava no CCBB. IMPOSSÍVEL! Lotação máxima na maioria dos dias de apresentação. Imagino que na Fundição o espaço deve ser maior. É a boa! Até,