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Neste exato momento em que escrevo, o Brasil ainda se recupera do choque causado pela notícia (confirmada de forma irrefutável por imagens feitas por câmeras escondidas) de que está havendo furto de parte do material doado e armazenado nos galpões disponibilizados pela Defesa Civil em Santa Catarina (leiam a matéria e vejam o video aqui).
O Exército tem 5 mil homens trabalhando no mutirão em prol das vítimas. Os voluntários oscilam, diariamente, entre 2 e 6 mil pessoas. Não é um ou outro caso isolado que deve desestimular a continuidade do trabalho. São mais de 10 mil pessoas envolvidas no processo e são todas, evidentemente, de carne, osso e falíveis.
Se o voluntariado é, para acachapante maioria das pessoas diretamente envolvidas com a engrenagem montada para um perfeito fluxo desde o doador de qualquer parte do Brasil ao necessitado residente em Santa Catarina, uma oportunidade ímpar para o pleno exercício da caridade, da solidariedade, para o engrandecimento, para um maior entendimento da vida, é por sua vez, para uma minoria insignificante, uma oportunidade para o exercício dos mais baixos comportamentos e para o triste desvio do caráter e da postura digna que deve pautar a vida do homem.
O momento pede urgência no atendimento aos desabrigados, aos desalojados, às famílias que perderam entes queridos e que passarão este final de ano com a dor da perda, pede urgência no atendimento aos doentes, às famílias dos doentes e dos desaparecidos.
Não é o momento, é o que penso sinceramente, para julgar esse ou aquele ou mesmo para deixar esmorecer a vontade genuína de ajudar ao próximo.
São milhares, centenas de milhares de pessoas hipossuficientes no que diz respeito às mais básicas necessidades físicas do homem. E umas poucas, muito poucas, hipossuficientes no que diz respeito à condição moral. E o que quero lhes dizer é que não devemos, ainda mais no momento em que vivemos, com tantos a nos clamaram o auxílio, nos preocupar com isso.
Até.