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– À feira?
– Desça em dez minutos. Passo aí de carro.
Simas desceu em dez minutos e eu fui, no instante em que o vi, um homem afogado numa certeza: a de que o domingo prometia.
Pequena pausa: essa frase foi de um cinismo olímpico. Todos os domingos me trazem a mesmíssima sensação. Todos.
Rimos de engasgar, os dois, quando percebemos que – é evidente que sem querer – estávamos vestidos rigorosamente iguais. Éramos um par ridículo, bermudas verdes, camisas de malha cinza, tênis e a indefectível bolsa de palha.
Fizemos a feira e fomos, digamos, ao que interessa: à cerveja no Bar do Chico. Bebemos uma, bebemos duas, até que Candida bateu ligação pro marido. Ouvi o Simas dizer, seriíssimo:
– Claro, meu amor, claro. Você deu sorte… Estou exatamente em frente à barraca da pêra… Claro, claro… Quantas? Claro, Candida, claro… Não, não… Nem encontrei o Edu… Não… Chego em dez minutos. Beijo.
Bebemos a terceira e despedimo-nos.
Tínhamos, eu e Dani, marcado para o meio-dia, o almoço de aniversário de 60 anos da Raquelina, surpresa armada pelas filhas, Guerreira e Kaká (sobre a Guerreira e a mãe, leiam aqui).
Fomos.
Fomos – no clube português Trás-os-Montes, na Tijuca – e lá sentamos com duas mais-que-queridas: Sônia, a amada Manguassônia, e a Betinha, amada também.
Vão tomando nota dos desenhos do domingo!
Pouco antes do jogo começar, chega o Felipinho, ele sim o comandante-em-chefe do Rio-Brasília – o Joaquim bate continência quando o cara aparece e Deus – eis o mais incrível – pede-lhe a benção.
O Flamengo vence o Goiás por 3 a 1, e aparece, sem que tenhamos combinado nada, o Simas.
O relato do Felipinho é fiel – leiam aqui -, não vou me ater aos detalhes, eis que quero lhes contar outra coisa.
Agarrado a uma garrafa de Mercedes, cachaça oferecida pelo Felipinho (que ainda pagou a conta inteira sozinho, gentileza que a canalha só conhece quando atrelada a alguma troca suja de favores sujos), o nosso historiador maior, Simas, urrava (para desespero do Joaquim, que pedia silêncio):
– Há exatos 509 anos, queridos, Vasco da Gama aportava em Calicute, porra! Em 20 de maio de 1498, Vasco da Gama, o bravo navegador português… – e chorava mais, interrompendo o discurso.
Até que sorveu o que restava da garrafa pelo gargalo.
Ficou de pé.
E comovendo os presentes, cantou, altaneiro, o hino de Portugal, chorando como uma criança.
Brindávamos, ali, à arte do encontro.
Fomos para casa – creiam – dançando em fila indiana, e eu cantarolando a canção que aprendi à tarde, com a apresentação do Grupo Folclórico Guerra Junqueiro durante o almoço lusitaníssimo.
http://video.google.com/googleplayer.swf?docId=2082701470574427968&hl=en
Você está achando que o Simas, por estar bêbado, falou besteira? Enganou-se! Leia aqui!
Até.
>é por causa desse imenso balcao de botequim, que meus dias pela internet sao de intenso prazer!
>Queridos: tudo lindo, tudo! Mas vou me ater à um único detalhe: a cachaça Mercedes. Evidente que não tenho como provar o que vou dizer, mas há três anos, desde que a descobri acidentalmente, ela é a minha caninha preferida. Tanto que tornei-me amigo do produtor, que me presenteia com a vermelhinha sempre que nos encontramos pelas feiras da vida. Vale dizer também que até a cachaça caiu bem para a emoção do momento: ela é a ÚNICA envelhecida em tonéis de pau-brasil, de modo que pode ter colaborado para a evocação lusitana do Simas. A árvore tão preciosa aos portugueses e tão subtraída por eles, hoje empresta sua cor revolucionária e seu sabor tropical à bebida brasileira por excelência! Salve a Mercedes!
>Angela: seja bem chegada e sinta-se sempre à vontade no balcão!Bruno: e quem há de duvidar de ti, malandro? Quem? Essa suposta coincidência – coincidência de cu é rôla – prova, apenas, que nossas armas e nossos brasões assinalados são os mesmos, pô! O que faz o troço ficar muito, mas infinatamente muito mais bonito… Eu venho dizendo há meses, querido… Quando juntarmo-nos todos numa só mesa… o nosso exército… não há de ficar pedra sobre pedra… E a canalha há de sentir o golpe… Anote! Anote!
>Eduzinho, meu amor, você não mencionou sua contribuição ao evento, com a tese sobre a importância civilizatória do mijo na rua tendo um banheiro ao lado. beijo
>Simas, meu amor: eu não lembro exatamente do que eu disse durante este evento, embora eu saiba o que penso sobre o momentoso tema. Podes me refrescar a memória?
>Edu, você disse que era muito mais prazeiroso mijar olhando para as estrelas do que no banheiro do Joaquim. O Bruno tem razão, é a única envelhecida em tonéis de PAU-BRASIL. Fabricada em Orizona – GO.Abraço.
>Você já deve imaginar, que escrever algo sobre o lado de cá, iria fazer-me acusar a minha presença!O folclore é a dança típica de Portugal. Trás-os-Montes é uma região que me é muito querida: foi lá que estudei e que passei 5 inesquecíveis anos da minha vida, que ficará para sempre intimamente ligada a esta terra!È bom recordar!…..Beijos, Susana.
>Felipinho: eu sabia! Eu sabia! Eu sabia! E vai dizer que não é?!Susana: é sempre um enorme prazer tê-la junto ao balcão, conosco.
>Fico imaginando se Orizona não é um inóspito território do Velho Oeste tupiniquim, tendo por xerife o velho Kid Morengueira…Vocês são malucos.P.S. Ô, Felipinho: você fica muitíssimo mais bonito, de longe, a gloriosa camisa campeã de 13, 16 e 22. Essa aí fica melhor no Dalton.
>Legal. Eu já dancei em um grupo desses… Rancho de Danças e Cantares Divino Salvador.