>FRIO NO RIO

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“Vejam vocês que, aqui no Rio, basta a temperatura romper, pra baixo, a barreira dos 20 graus, e as ruas são uma festa de casacas, ponchos, gorros, luvas, mantas, cachecóis, coletes e sobretudos. Foi assim ontem.” Foi assim que eu comecei, em julho de 2005, a contar essa história. E foi assim, também, ontem.

Uma chuva ininterrupta, um vento cortante e uma temperatura em torno de 18 graus, e pronto. Lá fui eu, agasalhado, encontrar o Fraga, que de pouco tempo pra cá vem batendo permanente ponto no balcão virtual do Buteco, no Bar Getúlio, no Catete.

Como eu já disse a certa altura, o Catete é uma espécie de Tijuca encravada na zona sul da cidade, os jardins do Palácio do Catete é uma espécie de Praça Saens Peña dos velhinhos de lá, e sinto-me, por isso, em casa.

Lá pusemos o papo em dia – aliás, há pessoas com quem a gente põe o papo em dia e o papo nunca fica em dia tão bom o papo é – regado a chope (bem tirado pelo Valdo), Lua Cheia e lágrimas, que o Fraga chorou e fez chover na mesa quando contou histórias do Otelo Caçador, rubro-negro de boa cepa. Chegou-se o Baiano, tocou meu celular e era a Sorriso Maracanã dando uma ordem prontamente obedecida:

– Ah… venham então pro Sat´s. Já estou aqui.

balcão do Sat´s, Copacabana, Rio de Janeiro, RJ, 23 de maio de 2006

O Sat´s fica no comecinho da Rua Barata Ribeiro, em Copacabana. Pode ser considerado um restaurante, é verdade, mas também pode ser chamado de pé-sujo, antítese das casas charmosas que tanto encantam os idiotas de plantão.

Chegamos eu e Fraga e encontramos Dani, que por sua vez aguardava o Alex, que por sua vez chegou em minutos. Mesa de quatro e começamos o serviço.

Dani no Sat´s, Copacabana, Rio de Janeiro, RJ, 23 de maio de 2006

Alex no Sat´s, Copacabana, Rio de Janeiro, RJ, 23 de maio de 2006

Coração de galinha, galeto na brasa, mais e mais chope, o papo escorrendo enquanto a chuva escorria na calçada e o Fraga, num princípio de golpe-baixo propôs:

– Vamos ao Braca? Quero que você reveja sua opinião…

Não fosse o toró (sinto-me velhíssimo dizendo toró) eu teria aceitado. O malandro despediu-se e nós, remanescentes, tomamos a direção do Cervantes, o que significa dizer dar apenas dez passos.

Alex, Dani e Fraga na calçada em frente ao Sat´s, Copacabana, Rio de Janeiro, RJ, 23 de maio de 2006

E lá ficamos entre caldeiretas, sanduíches como só no Cervantes, salada, e às onze e meia da noite convocamos ele, o maior taxista da cidade, mão na roda, grande figura, o Paulinho. Anotem aí: 87675543. Com ele não tem tempo ruim, não tem distância, não tem hora. O Szegeri, por exemplo, sabe disso como ninguém.

Até.

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10 Respostas para “>FRIO NO RIO

  1. >”Há pessoas com quem a gente põe o papo em dia e o papo nunca fica em dia tão bom o papo é”. Esta é uma verdade que vc definiu com maestria. Freqüentei muito o Sat’s, devorando galetos e baurus na madrugada, na companhia do Alfredinho…

  2. >Oi Marcelo! Sou seu leitor, vou sempre ao Pentimento. E venho sempre aqui também. Eu sempre disse que o Edu é um tremendo pintor, um tremendo escritor, criador de imagens únicas. Eu acho e meu pai também acha o Edu sensacional. Meu pai leu o livro do Edu mais de uma vez e ri em todas, sempre das mesmas coisas e ele fica sempre impressionado com a capacidade que ele tem de impressionar o leitor. Essa frase eu também achei genial demais. Típica frase do Nelson Rodrigues, do Antonio Maria, ou de qualquer um dos monstros sagrados aliás citados pelo Fausto Wolff na contra-capa do livro do Edu.

  3. >O Edu tem só um problema que é o excesso de modéstia. Essa frase aí é de GÊNIO, GÊNIO, GÊNIO! Aliás só mais uma.

  4. >Eduardo, essa frase poderia estar sem fazer feio na coletânea de frases do Nelson que o Ruy Castro organizou. Acabei de mandar um email pra minha melhor amiga dizendo isso e indicando seu blog e seu livro.

  5. >Sou rato do Sat´s. Na minha opinião o melhor galeto da cidade até mesmo por causa do horário em que fecha: nunca.Gil

  6. >Edu,De antologia, e absolutamente real, o papo não fica em dia…Além das lágrimas esguichadas em homenagem ao monumental Otelinho, rimos à vera lembrando daquele “Placar Moral” do Flamengo e Botafogo de 1972, 6×6, além, claro, da também antológica criação sobre a importância do pênalti, que deveria ser cobrado pelo presidente do clube. Saudades do querido amigo.Saravá!Fraga

  7. >Ô, Fraga, passei pra tomar uma neste Buteco, mas já vou chegando que a maré neste balcão hoje não tá pra mim e o dono não toma providência. Se quiser, me encontra lá no Madri pra comer um fígado, que lá não pinta mané baba-ovo. Sarta-fora, cumpádi!

  8. >Szegeri, meu irmão… diz o que é que você gostaria que eu fizesse, querido, diz… Algumas sugestões:01) ô, seus bostas, vão elogiar o cacete!02) calem a porra das bocas; leiam e fiquem mudos.Diz pra mim, diz, Pompinha…

  9. >Roberto Romualdo, relendo agora, ao lado da Sorriso Maracanã os comentários de hoje, deparei-me com o teu e deu-me uma aguda vontade de te dizer um troço (e eu acho que só pensei nisso, e só vou te dizer isso pra agradar o Szegeri): eu não sou NADA modesto. NADA. Como você não me conhece, escreveu essa tremenda, olímpica e inacreditável besteira.

  10. >Szegeri, meu irmão querido, meu doce Pompa, satisfeito?

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