“Szé, O Impronunciável, também conhecido pela alcunha de Zé do Guéri Guéri (apud Nei Lopes) é uma criatura capaz de chegar num botequim às oito, beber todo o estoque de tudo que não o morda antes e ainda emitir opiniões inteligentes de madrugada, a caminho da rodoviária (e olhem que esta é apenas uma das histórias que testemunhei). Sabe-se lá para que em que mundos, em que estrelas se escondem os litros consumidos. Nascido por mero acaso em São Paulo, é mais carioca que 99,999999% da população do balneário. No café da manhã, bebe três doses de pandeiro, misturadas a quatro piadas de português e arrematadas com seis comentários sobre a bunda da mulher que acabou de passar. Existência saudável, esta do Szé.”
(Fernando Toledo)

Vejam vocês que hoje, segundo as contas feitas pelo buscador do próprio blogspot(e que segundo as minhas contas, de memória, estão subfaturadas), falarei do meu irmão Szegeri pela octagésima oitava vez. Mas ele merece, obviamente. Não merecesse e não teria gasto com ele o abraço flagrado pelas lentes da Betinha em novembro do ano passado, durante seu casamento com a Stefânia, aliás, diga-se, o maior e melhor casamento que já testemunhei (bate, de longe, um grã-fino, no Jockey Club de São Paulo, ao qual também fui). Não merecesse e eu não teria cravado em sua testa o carimbo: meu Otto! Não merecesse e eu não gastaria fortunas em ligações quase que diárias para seu celular, uma espécie de oráculo que recebe minhas mais variadas consultas e nas mais variadas horas.E por que falarei dessa pompa hoje novamente?
Simples, e explico.
Fui ler, já resignado (acostumado com a escassez de movimento na Barca de Caronte…), o excelente blog de minha comadre Mariana Blanc, o Cartas de Hades, aqui. E qual não foi minha surpresa!
Estava lá o texto novo, chamado Caríssimo Szegeri, aqui.
A princípio, roí-me de ciúmes.
Mas que coisa essa!, pensei eu. O que tem a Mariana que recorrer ao MEU personagem quando lhe falta assunto?!, prossegui bradando como uma criança contrariada.
Mas isso durou, creiam, alguns segundos.

Logo abateu-se sobre mim uma certeza acachapante, como a beleza do Branco (que o Szegeri acha que é do Mauro, muito mais bonito que o Branco na sua opinião): o Szegeri, o meu Otto, Fernando José Szegeri, é um mito. Notem na foto acima, por exemplo, o tamanho do Maracanã no instante do abraço, o orgulho, a felicidade (devo dizer que nesse dia, no dia de seu casamento, o Szegeri foi mais abraçado que o Carlos Alberto e o Pelé, juntos, na Copa de 70, disputado ferozmente por todos os convidados).Mas mais que um mito (e o texto da minha comadre apenas corrobora essa verdade) ele é um homem semi-santo a quem todos querem recorrer. Aliás (talvez isso explique o fato!), ele já foi, imaginem vocês, coroinha. Pra mim, foi acólito, eis que de coroinha, geralmente um menino bobo cujo principal papel é lustrar os sapatos e fazer a bainha da batina dos padres, o meu irmão paulista nada tem! E, dizem, roubava a cena durante as missas, humilhando o sacerdote, que se sentia um pequeno diante da autoridade szegeriana e era vaiado pela multidão de beatas impressionadas com a desenvoltura daquele menino (!) dentro da Casa de Deus. Até hoje fala latim como quem respira (um dia quebro o sigilo de nossa correspondência e lhes mostro emails imensos, todos em latim, eis que tenho, precisamente, nesse momento, 3.114 mensagens enviadas pelo gênio arquivadas).
Essa é apenas uma das razões pela quais o Szegeri merece o respeito de um homem com a erudição, a cultura e a importância de um, por exemplo, Nei Lopes, que jamais respondeu a um simples “bom dia, Nei!”, dito por mim. Vão tomando nota!
O Szegeri joga nas onze. Senão vejamos (aproveitei um tempinho vago para separar para vocês, meus fiéis leitores, provas inequívocas de que é, o bom Szegeri, um mito).
O Szegeri é funcionário público, já lhes contei. E quando discute-se, seriamente, o papel do funcionário público, a imagem deturpada que a população tem desses abnegados, é ele, o mito, quem concede entrevistas (aqui) para aclarar as dúvidas que assolam um pobre mortal.
Mas ele é, também, produtor cultural. E dá banhos quando discorre sobre qualquer assunto, como convém a um verdadeiro produtor cultural. Pixinguinha? É com ele mesmo (aqui).
Direitos autorais. A indústria que nivela por baixo o que ela, indústria, chama de cultura nacional. Assunto tormentoso. Quem domina? Ele, o meu Otto, que escreve freqüentemente no jornal da AMAR, aqui.
Vocês hão de se lembrar. Eu sempre disse que o Szegeri é um velho, tem centenas de anos de vida, já nasceu barbudo, peludo, gordo e já funcionário público.

Na foto acima é a Betinha, musa confessa do meu irmão, quem sorri de alegria ao lado do mito.Mas então. Pensem em algo bem antigo. Assim como, discos de 78 rotações por minuto. E pensem em, por exemplo, Francisco Alves.
Francisco Alves morreu em setembro de 1952, carbonizado, vítima de um acidente com seu Buick (que antigo! que antigo!) na Rio-São Paulo. Eu disse 1952. O Szegeri nem no saco do velho Zé Szegeri estava.
E quem?, quem?, quem prestou-lhe homenagem em 2002 na passagem do cinqüentenário do Chico Viola? Ele, meus amigos. Fernando José Szegeri, vejam que não minto, aqui. Notem o que vai escrito na matéria!!!!! O Szegeri nem vinte anos tinha (que mentira! que mentira!) e já freqüentava as reuniões do antigo (que coerência! que coerência!) Clube da Seresta…
Mas há mais! Há mais!

Vejam que belo instantâneo de pai e filho, meu mano Szegeri e seu pai, esse outro portento que é José Szegeri! Voltando.Notem como é burro o eleitor brasileiro. Burro. Um asno!
Ele, o mito, candidatou-se nas eleições de 2004 para o cargo de vereador pela combalida cidade de São Paulo.
E 15 (eu disse quinze!), apenas 15 eleitores cravaram o número daquele capaz de modificar tudo! (eu sei quem foram os 15: José Szegeri, Paula Szegeri, Dona Cecília, Railídia, Robson, Stefânia, Roberta Valente, Fernando Borgonovi, Marcão, Julio Vellozo, Roberta Valente, Capitão Leo, Augusto, Ju e Marcy – esse último voto eu cabalei) Duvidam? Pois além de funcionário público, produtor cultural, saudosista e comunista o meu irmão é candidato! Ele também é candidato, vejam aqui.
Como se não bastasse isso tudo, meu irmão é cantor. Comanda com uma voz daquelas de antigamente (é óbvio!) o excepcional conjunto Inimigos do Batente.

Nessa aí de cima, é José Sergio Rocha quem se orgulha pela pose ao lado do mito. Pausa para pequena confissão.Além de funcionário público, produtor cultural, saudosista, comunista, candidato e cantor, o Szegeri é um piadista de mão cheia. E chama o pobre do Zé Sergio de “Velha Coroca”, dia desses explico o por quê.
É ainda membro da Sociedade Edificante Multicultural dos Prazeres e Rituais Etílicos. É o único homem que eu conheço, na vida, que já tomou a Ponte Aérea apenas pra comer uma porção de iscas de fígado acebolado, voltando pra São Paulo no mesmíssimo dia poucas horas depois.
E ainda arruma tempo pra ser um pai exemplar (da minha sereia Iara) e marido nem tanto (perdão, mano!), das antigas, daqueles que saem do banheiro com roupão felpudo, chinelões, machista, chorão, um gênio, um gênio, um gênio!
Tenho muita sorte de tê-lo comigo.

Fechando o texto de hoje – enorme, mas que fica aqui até segunda-feira, depois do feriadão – essa outra pequena obra-prima da Betinha, que foi a única sóbria capaz de fotografar tudo, do princípio ao fim.Até.