Eu disse uma vez, aqui, que meu pai cravou em mim o futebol como sacerdócio, e creio eu que isso deu-se nesse dia aí, em que estava em seu colo (notem seu sorriso de orgulho), no setor das cadeiras especiais, ainda de fraldas, provavelmente num domingo, dentro desse gigante de concreto amalgamado com as lágrimas da paixão enfurecida das torcidas cariocas, o Estádio Mário Filho, o Maracanã.
E valendo-me de mais uma dentre tantas preciosas imagens de autoria da Ju, tenho sobre o peito, hoje, e agora, o mais pesado dos paralelepípedos. É abril, é abril. E vem chegando o dia 27, e foi meu mano Szegeri quem me sinalizou isso hoje, quando bati o telefone pra ele, no meio da tarde, oprimido e espremido dentro do terno, suado, no centro da cidade. Nem sei por quê liguei, mas creio que em busca de alívio. E disse-me o meu Xamã:
– É abril, Edu. Mas maio vem aí.
Resta um orgulho rasgadíssimo por estar resistindo à tentação do cigarro.
Resta uma saudade estúpida, já que em vão, os tempos não voltam, desse 1969 quando eu não sabia rigorosamente nada, não sabia de nada, e era, provavelmente, mais feliz e justo graças à ignorância, santa, inocente, imaculada e porta aberta para constantes absolvições.
E por causa dessa saudade, estúpida e leviana, as primeiras pessoas que me vêm à mente, e que eu gostaria de encontrar na quinta-feira, depois de amanhã, no Trapiche Gamboa, são a minha Bia, o Marco Aurélio, o Fabinho, o Toledão, e daí eu tenho ainda mais fome e sede de 1969, quando além de não saber nada eu também não conhecia qualquer espécie de saudade.
Ô, abril!
Até.
>QUE FOFO!
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