A Fumaça, vamos à Fumaça. Eu voltei certo de uma coisa: se submetida ao mais simples e rasteiro exame psicotécnico, Fumaça não arruma o emprego mais tedioso e mecânico. Eis alguns lances da Fumacinha.
Estávamos em Roma, no Vaticano, dentro da Basílica de São Pedro. Dani, com um guia em português nas mãos, lia os detalhes para nós: “Michelangelo começou a pintar a cúpula da Basílica, que ficou pronta graças ao empenho de seus alunos, já que o mestre morreu antes mesmo de terminar o trabalho…”, e foi interrompida por guinchos úmidos de lágrimas da Fumaça. A turba estanca e a Fumaça, de joelhos, olhando pro chão e dando soquinhos no piso de mármore grita… “Foi aqui que ele caiu… lá de cima?????”. Os seguranças da Basílica foram obrigados a nos pedir silêncio.
Dentro de um bar, em Florença, paramos todos para bebermos alguma coisa. A Fumaça, que não sabe nem espirrar em italiano, vira-se pra moça do balcão: “Donna… nosotros queremos três (e mostra os dedinhos) birras beeeeeeeem geladas e duas águas (mostra os dedinhos de novo) sin gás alguno…”. A moça, lindíssima, vira o rostinho de lado como quem diz que não entende nada e a Fumaça… “Porra, filha, tô parlando devagar… tu não tá me capiscando?”. E dali em diante a Fumaça e o verbo “capiscar” foram uma coisa só.
Fechando sua atuação com chave de ouro, a Fumaça mostrou-se uma embevecida diante da Guarda Suíça no Vaticano. Aqueles homens imóveis diante dos portões, com aquelas roupinhas catitas nas cores laranja e azul, encantaram a Fumaça. E decidiu, nossa doce Fu, testar a concentração dos caras. Zé Colméia, atônito, foi quem viu, de longe, a cena: a Fumaça quicava, fazia caretas, cutucava o abdomen do sujeito com o indicador espetado, tentando, segundo seu próprio depoimento depois, relaxar o dia do “guardinha com roupa de palhaço”.
À Guerreira. A Guerreira fala mas não fala italiano. Foi ensinar Fefê e Zé Colméia a pedirem cerveja gelada nos bares. Num equívoco compreensível, passou-lhes a frase que, traduzida, dizia “cerveja congelada”. E Fê e Zé entraram no primeiro bar e mandaram a frase num italiano renascentista. O sujeito, uma caricatura, urrava uns “ma quê!” e uns “porca miséria!” de fazer tremer a Ponte Vecchia com um rolo de pastel na mão, botando os dois pra correr diante do que lhe pareceu sacanagem.
E o Zé Colméia? Bem, o Zé merece um capítulo quase que à parte. Fino como um lord, o Zé aceita o convite do Mauro para um expresso num Café quase em frente ao Coliseu. A placa anunciava “o melhor café do mundo”. Zé entra. Pede o café. Bebe. Cospe. O atendente atônito. E o Zé: “Qualé, meu chapone? Esse café tá uma merdone. Sou mais o do Palheta da Piazza Saens Pena!”.
Tão logo eu consiga com o Mauro os nomes que preciso para lhes contar sobre a Itália, mando bala. A partir de amanhã, voltamos, digamos, à rotina, já que o que soube, por email, mesmo viajando, é assustador.
Até.
>excelente, parabéns pelo bom gosto![]s
>passe lá no http://www.sambacarioca.com.br[]s
>A frase era “morreu durante a consecução do trabalho”. Dá duplo sentido. Mal escrito esse guia. Bjs.
>Fotaça!