Doces figuras, a semana que passou foi produtiva, se é que me entendem.
Na quarta-feira parti para Volta Redonda a fim de prestar breve assessoria ao Comandante que está organizando uma festa à altura de seus 70 anos.
O programa era simples e curto. Eu chegaria lá por volta das 14h e viria de volta de ônibus, o carro ficaria na oficina do Cabeça para pequenos reparos, na quinta-feira pela manhã.
Mas o Comandante não é um anfitrião que tolera visitas sem pompa.
Comandante armou junto com Walter Motta, na casa dessa grande figura que é o Walter, uma pequena noitada.
Presentes as mesmas peças impagáveis da última vez em que estive lá: Cléo e sua irmã, que não sabem o que fazer pra nos deixar à vontade, Um Delegado (é esse mesmo o apelido do Marquinho… UM DELEGADO), Santiago e Eduardo, dois dos maiores papos que descobri nos últimos tempos e o violão do Luizão.
Comandante e Walter Motta, que somados têm respeitáveis anos de estrada e incontáveis litros pelo caminho, armaram de ter cerveja Original durante toda a noite, e comemos torresmo, camarão frito, queijo com óregano, escondidinho e muita cachaça, coisa leve pra uma noite de quarta-feira.
Fomos pra casa e ainda derrubei uma garrafa de vinho tinto com o Comandante, à mesa da cozinha, que durante duas horas me deu lições de vida que guardarei pro resto da minha.
E voltei de ônibus no dia seguinte pensando muito em tudo o que Comandante dissera.
E fiquei delirando, lembrando da relação daqueles coroas que encontrara na noite anterior, todos bebendo de bem com a vida, brindando e erguendo o copo com impressionante bom humor, imaginando se haveria alguma relação entre beber freqüentemente e viver longevamente.
E no sábado, doces figuras, eis que materializou-se à minha frente uma figura incrível e impressionante que dizia SIM à minha teoria.
Fomos, eu e Dani, à feijoada de aniversário da Duda. O endereço? Rua Conde de Bonfim, uma portaria mais estreita que o desejável para alguém balofo (ERA o meu caso).
Um apartamento. Imaginei, antes de chegar à campainha, o conforto que seria uma pequena multidão espremida de pé tentando comer feijão, farofa, couve, carnes, arroz…
E eis que entro num troço de sonho. O pé direito não é visível a olho nu. À frente da porta, logo após a sala, uma chácara encravada na Tijuca. Terra. Árvores. Goiabeiras. Um pé de cacau. Uma tartaruga caminhando no meio do mato. Verde, muito verde, e eu comecei a fazer caipirinha em ritmo industrial ao lado da Nena, uma mulher porreta que cozinhava e bebia com o mesmo talento.
Daí que no meio da tarde, depois de alguns pratos e de mais de meia dúzia de copos pedi à Duda que me apresentasse a dona da casa. “É minha avó… Emília. 93 anos.”
O tom da voz me fez imaginar uma senhora pacatíssima, dormindo. Sorri aquele sorriso pastel dos bebuns e disse “ela está aí?”.
“Bebendo”.
?????
Queridos, fui até a mesa e lá estava Emília, como uma Rainha, cercada por duas filhas, um copo até a boca com Dimple 15 Anos (“ela não admite mais beber nem 12 anos”, confessou-me uma neta). “Quatro doses por dia”, disse alguém.
Fui obrigado a pedir ao Mut (o melhor fótógrafo do Estephanio´s) que registrasse o momento glorioso.
Depois de beijar dona Emília, tomado pela emoção, multiliquei por 5 o efeito das caipirinhas, pedi o autógrafo da Nena num pano de prato (que está em meu ombro na foto) e voei pra casa.
O pano de prato está comigo para os babacas de plantão que duvidarem.
Até.